domingo, 13 de setembro de 2015

“A Dama Dourada”

O roubo de obras de arte – particulares e de museus – durante a Segunda Guerra Mundial é um aspecto ainda pouco conhecido da atuação nazista. Nos últimos 15 anos, mais de 12 mil objetos foram devolvidos aos legítimos proprietários, e a Alemanha vem analisando a procedência de milhares de obras de sua coleção. O tema recentemente vem atraindo também realizadores de cinema. No ano passado, George Clooney dirigiu Caçadores de obras primas, retratando o trabalho de uma brigada aliada que resgatou mais de 7000 obras saqueadas por oficiais nazistas. Simon Curtis (Sete dias com Marilyn) optou por abordar o tema de forma mais pessoal neste A Dama Dourada, ao narrar o drama de uma judia idosa em sua tentativa de reaver um retrato que o renomado Gustave Klimt fez de sua tia, saqueado durante a ocupação nazista na Áustria. 
(L-R) RYAN REYNOLDS and HELEN MIRREN star in WOMAN IN GOLD
A trama baseada em um caso real, é muito interessante: aos 80 e poucos anos, Maria Altmann recebe documentos que comprovam que a famosíssima pintura “A Dama Dourada” – definida no filme como “a Monalisa austríaca” – foi roubada da casa de sua família. Sendo a herdeira por direito, ela decide processar o governo da Áustria e exigir a restituição da obra (até então exibida na Galeria de Belvedere), com a ajuda de um jovem e inexperiente advogado.Entretanto, essa inspiradora história é comprometida por um roteiro extremamente previsível (sério, é impossível se surpreender com qualquer coisa no filme) e um amontoado de clichês. Isso fica mais acentuado pela excessiva trilha sonora, que parece querer fazer o espectador se emocionar “na marra”. Acaba-se ficando com a sensação de que estamos diante de uma versão bastante inferior de Philomena (2013), outra recente produção baseada em uma história real com a qual o filme de Curtis compartilha semelhanças. Infelizmente, a película não possui a sutileza de Philomena, tampouco suscita reflexões como este último, apesar do delicado tema. Apesar disso, a obra tem suas virtudes. A principal delas é certamente a ótima interpretação de Helen Mirren, que constrói uma protagonista simultaneamente divertida e comovente. Outro ponto positivo é a boa química entre ela e o advogado vivido por Ryan Reynolds, que gera bons momentos no filme. Ainda sobre as atuações, infelizmente há que se destacar um Daniel Brül perdido em um papel unidimensional e uma interpretação fraquíssima de Katie Holmes como a mulher de Reynolds. Em termos cinematográficos, A Dama Dourada de fato se beneficiaria de ser um menos piegas e ter ambições um pouco maiores. Entretanto, o filme pode gerar interesse por retratar uma surpreendente história, e tem o mérito de buscar dar luz a uma temática ainda pouco explorada nas telas. FICHA TÉCNICA  Gênero: Drama Direção: Simon Curtis Roteiro: Alexi Kaye Campbell Elenco: Allan Corduner, Antje Traue, Charles Dance, Daniel Brühl, Elizabeth McGovern, Frances Fisher, Helen Mirren, Henry Goodman, Katie Holmes, Max Irons, Moritz Bleibtreu, Nina Kunzendorf, Ryan Reynolds, Tatiana Maslany, Tom Schilling Produção: David M. Thompson, Kris Thykier Fotografia: Ross Emery Montador: Peter Lambert

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