sexta-feira, 6 de maio de 2016

Orgulho e Preconceito e Zumbis

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Quem não teve uma má reação ao tomar conhecimento de “Orgulho e Preconceito e Zumbis”, que atire a primeira pedra. Inicialmente, a ideia de que um clássico de Jane Austen, que já inspirou tantos enredos (as histórias de Bridget Jones, o filme bollywoodiano “Noiva e Preconceito”, e várias reinterpretações no teatro e na literatura), consegue ter zumbis e guerreiros marciais sem abrir mão da personalidade original de seus personagens e, ainda, ser prazeroso de ler/assistir parece absurda. Essa foi a luta do escritor e roteirista Seth Grahame-Smith (roteirista de “Abraham Lincoln – Caçador de Vampiros”, o que não nos surpreende) ao inserir a Inglaterra regencial de Jane Austen num contexto apocalíptico-zumbi e fazer tudo parecer ter sentido. Em 2016, seu universo de mortos-vivos e espadachins foi adaptado para o cinema com nomes conhecidos da indústria britânica-hollywoodiana como Lily James (Cinderela, Downton Abbey), Sam Riley (Malévola), Lena Headey (Game of Thrones), Matt Smith (Doctor Who), Douglas Booth (Noé), Charles Dance (Game of Thrones) e Bella Heathcote (Sombras da Noite).
Apesar de alguns desacordos com o livro de Seth Grahame-Smith, “Orgulho e Preconceito e Zumbis” (2016) não deixa de ser divertido. A Inglaterra, com a expansão comercial, levou a praga zumbi das colônias para o território britânico e se encontra na constante ameaça de que a situação saia do controle. Uma muralha de 30 metros de altura foi construída cercando Londres para impedir a entrada dos mortos-vivos na capital e apenas uma ponte permaneceu como única forma de acesso. As famílias com condição mandavam seus filhos para treinar a arte da guerra no Japão e na China e tornou-se prudente morar nos campos.
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Nesse contexto, o Sr. Bennet criou suas cinco filhas para serem guerreiras e se protegerem da iminente chegada dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse, mandando-as para a China. Ao longo do filme, o patriarca deixa claro sua posição pouco tradicional ao exigir que as filhas sempre saiam equipadas e preparadas para um ataque, com frases como “mantenha sua espada tão afiada quanto sua inteligência” e “minhas filhas foram criadas para a batalha, não para as panelas”. Contudo, esses comportamentos dificultam as perspectivas de um casamento, como esperado pela Sra. Bennet.
Desenrola-se, então, o enredo que já conhecemos: Sr. Bingley, belo solteiro de fortuna, encanta-se pela filha mais velha dos Bennet, Jane, num baile em Meryton. Elizabeth, entretanto, sente antipatia pelo companheiro do recém-chegado, Sr. Darcy – exímio espadachim e caçador de zumbis, como apresentado nos primeiros minutos do filme –, que esnoba sua beleza. O baile não termina como esperávamos, uma vez que sofre um ataque de zumbis e as jovens Bennet entram em ação, colocando a casa abaixo – deixando Darcy e Bingley embasbacados.
Como no romance original, tudo gira em torno da dinâmica fugaz entre Darcy e Elizabeth, no filme interpretados por Lily James e Sam Riley. O que foi contido e controlado na obra de Austen, porém, é exteriorizado facilmente no filme. Ao invés de diálogos inteligentes e uma guerra de perspicácias, Darcy e Elizabeth sacam suas katanas e deixam transparecer toda a atração irrefutável que há entre os dois – como ocorre na cena ótima quando Darcy propõe casamento à guerreira pela primeira vez. Riley e James, interpretando dois dos personagens mais amados da literatura, têm química e perfeita sincronia. O grande alívio de “Orgulho e Preconceito e Zumbis” é a representação genuína dos personagens de Jane Austen, que poderia ser facilmente perdida num contexto tão alterado. O pároco Sr. Collins continua fazendo olhos rolarem e o Sr. Wickham faz péssimas escolhas – péssimas, no filme, em escala colossal. Outro destaque foi a Lady Catherine de Bourgh de Lena Headey, um dos maiores nomes da guerra contra os zumbis que usa um tapa-olho e passa a admirar Elizabeth Bennet após vê-la duelar com um de seus empregados. A releitura da obra de Austen é digna de ser assistida por todos, visto que une as nuances já amadas de Orgulho e Preconceito com a ação e o suspense trash do universo zumbi – que, estranhamente, combinam muito bem com vestidos de cintura alta, bailes rurais e casamentos.

Um comentário:

  1. Quero dizer-lhe que adoro os filmes porque são muito interessantes, podemos encontrar de diferentes gêneros. De forma interessante, o criador optou por inserir uma cena de abertura com personagens novos, o que acaba sendo um choque para o espectador. Desde que vi o elenco de Orgulho e Preconceito e Zumbis imaginei que seria uma grande produção, já que tem a participação de atores muito reconhecidos, pessoalmente eu irei ver por causo do atriz Lily James, uma atriz muito comprometida. Eu a vi recentemente em um dos Melhores Filmes de Suspense, uma opção que vale a pena.

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