domingo, 27 de setembro de 2015

Filme: Salvador

Salvador e a criação capitalista do mito nacional

Salvador Puig Antich (Daniel Brühl), jovem catalão, anarquista e militante do MIL (Movimiento Ibérico de Libertación) - uma organização que arrecadava dinheiro por meio de assaltos a bancos para o movimento operário. No decorrer da operação de captura de Salvador e de integrantes do grupo, ocorre um tiroteio que resulta na morte de um policial. Julgado por um conselho de guerra Salvador é condenado à morte por garrote vil, arma de tortura medieval na qual a pessoa tem seu pescoço esmagado até a morte.

A sinopse acima não dá a pálida idéia de como Salvador, película dirigida por Manuel Huerga e baseado no livro de Francesc Escribano ‘Cuenta atrás. La historia de Salvador Puig Antich’, é problemático. Huerga constrói um filme que parte de um erro histórico: o MIL não era um movimento de oposição anti-franquista e sim um movimento anticapitalista que, por conseguinte, era anti-franquista. Este erro é importante porque, a partir dele, é construída a imagem fílmica de Puig Antich. Para a película ele é um jovem que, como tantos outros, lutava contra a ditadura de Francisco Franco e não, primeiramente, contra o capitalismo e a favor de uma sociedade sem classes. Além disso, o filme ignora e esvazia completamente o Movimiento Ibérico de Libertación, não mostrando cenas que refletem a realidade cotidiana da maioria da população trabalhadora, assim como nenhuma cena vinculada a seus protestos. Para terminar, os integrantes do MIL são mostrados como playboys que assaltam bancos por diversão e que não sabem nem sabem por que lutam, pois na hora de ler o motivo de sua luta dão risada do tal documento!

Os problemas citados acima são apenas os políticos. Além desses, o filme sofre pelo excesso de melodrama que é adicionado e pelo excesso de humanização dos personagens, inclusive de Puig Antich. As cenas de sexo são dispensáveis, a ‘grande’ amizade que ele faz com um guarda (Jesus, interpretado por Leonardo Sbaraglia) é inverossímil (bem como a revolta deste quando da execução de Salvador) e os maneirismos do diretor são evidentes. Fica claro que o capitalismo, representado neste caso pelas empresas patrocinadoras do filme, não gostaria de um filme que combatesse o próprio capitalismo. O capitalismo desejava a criação de um herói, um mito nacional que primeiramente (e seriamente) lutava contra Franco e só posterior, e muito ralamente, por uma sociedade sem classes. Puig antich é tão herói que nem tem coragem de assaltar os bancos, ficando assim como motorista do grupo. Ou seja, o capitalismo (o filme) apreende os acontecimentos (Revoluções?), mastiga, rumina e nos devolve algo politicamente correto, mas politicamente inativo. Não se trata de nenhum tipo de antipatia por Puig Antich: ele foi e ainde é um marco importante na história espanhola, assim como o grupo do qual fazia parte; o problema está tão somente nesta sua criação fílmica específica.

Este filme pode ser trabalhado por professores primeiramente para mostrar “o que aconteceu na história?” (a ditadura espanhola e uma das formas de reação a ela, a ação direta) e também pode ser usado para a criação do espírito crítico nos alunos, mostrando que a história (ou pessoas na história) são frutos da imaginação e do discurso, seja no cinema, seja nos livros.

Nome: Salvador
Gênero: Drama
Ano/Produção: 2006/Espanha
Duração: 128 min.
Diretor: Manuel Huerga
Elenco: Daniel Brühl, Tristán Ulloa, Leonardo Sbaraglia, Leonor Watling
Distribuição: Europa Filmes, cópias dubladas e legendadas.

Material de Apoio:
* DOMÍNGUEZ RAMA, Ana “Salvador (Puig Antich) en el Viejo Mundo. Algunas consideraciones históricas respecto a su recuperación mediática” in Hispania Nova. Revista de Historia Contemporánea. Número 7 (2007).
* http://www.salvadorfilm.com
* http://www.salvadorpuigantich.info

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

[Crítica] O Escritor Fantasma

 Por 

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Dúvida e culpa têm seus lugares reservados em qualquer situação sensível a erros. Você pode ser julgado de maneira brutal por qualquer minúsculo defeito assim que o mesmo estiver exposto. É esse sentimento que Roman Polanski nos passa na perspectiva do escritor fantasma (Ewan McGregor) ao acompanhar por alguns dias a vida de Adam Lang (Pierce Brosnan).
Na trama de O Escritor Fantasma, McGregor, do qual eu não me recordo perfeitamente, mas acredito que não tem seu nome citado em momento algum no filme, consegue ser contratado para algo que não tem interesse algum e do qual não entende: Terminar de escrever as memórias de um político que foi muito popular durante seu mandato e que agora vive recluso em um único local, com sua equipe e esposa devido a trágica morte de seu antecessor.
Em momento algum inicialmente as poucas migalhas de algo que possa ser um mistério soam gritantes ao espectador. É tudo cirurgicamente suave, mas elegante e ao mesmo tempo incômodo. Parece que tem algo a acontecer, que sempre está perto de acontecer. É essa dúvida do início desse texto que percorre a cabeça do personagem. Fazer parte integral da vida de alguém sem nem ao menos ter participado parece o pior trabalho do mundo. Uma pesquisa intimista que terá valor para todos, menos você.
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Durante um momento essa dúvida é tão berrante que começa a fazer parte de uma ideia perigosa, mas que ao mesmo tempo soa estranha, e é daí que surge todo o suspense do filme. O ponto mais interessante ao terminar de assisti-lo é pensar que estamos acompanhando apenas quatro dias da vida do protagonista, que transparecem pelo sutil peso das pistas se encaixando e criando uma teia de ligações suspeitas, mas que nunca passam disso.
Cores sóbrias tomam conta das cenas. Você passa a não perceber detalhes junto do protagonista exatamente porque eles não são feitos para serem percebidos. A vontade de guiar o espectador em alguma direção se mantém imponente até o último momento dessa película. A trilha, assim como a fotografia, é sutil e aparece pontualmente para dar ritmo a poucas cenas onde existe a necessidade.
É curiosa a forma como a sensação de que poderia ser você ali no meio de um mal entendido, ou alguém que você conhece, fica presa quando você para para pensar nas peças se encaixando. Paranoico, até.
Nota:

[Resenha] Revival – Stephen King

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Eu cresci com livros nas mãos. Filas de banco, nas visitas solitárias ao cinema, enquanto o filme teimava em não começar, ou em lojas de roupa, quando minha mãe tinha a necessidade inerente de vasculhar cada prateleira bagunçada e tediosa de vestidos e saias. Em todas essas ocasiões, eu estava com o nariz enfiado nas páginas de um livro. Pessoas suadas e irritadas à espera de um caixa que contava moedas lentamente? Namorados empolgados demais antes do filme começar? Horas e horas perdidas numa cadeira desconfortável de loja de roupas? Eu não me importava – bem, ao menos não muito. O que acontecia ao meu redor pouco importava, na verdade. Eram as palavras que tinham a minha atenção, o meu interesse, e apenas elas existiam naqueles momentos. Um leitor, afinal, nunca fica entediado. Na minha mente, esse era o normal, era assim que as pessoas lidavam com as horas vazias de seus dias, evitando o tédio mortal ou que a cabeça ficasse demasiadamente preguiçosa.
Só depois eu descobri que era um leitor ávido. Compulsivo. Havia dicas, aqui e ali, mas eu não me atentava para elas. (Se você precisa correr para o banheiro e não consegue agarrar um livro e acaba lendo os rótulos de xampu ou a caixa de cotonetes, bem-vindo ao clube.) Foi na escola que percebi o quanto gostava de ler. Primeiro, foi uma professora de Português que, ao invés de fazer seu maldito papel, disse que eu tentava apenas me fazer passar por intelectual, andando para cima e para baixo com livros como O Senhor dos Anéis, que, para uma criança de dez anos – e, importante notar, muito tempo antes dos filmes e da popularidade absurda que a trilogia hoje tem – carregar, realmente levanta suspeitas. Depois, foi um valentão irritado comigo na saída da escola. “Como alguém consegue ler por tanto tempo”, perguntava-se indignado, aparentemente enquanto decidia se me mandava para casa com o nariz sangrando ou com o olho roxo. Por sorte, eu não escutei minha professora paradoxal, e não fui para casa com o nariz sangrando e com uma mentira pronta para meus pais. Eu li, independente dos comentários – positivos e negativos – das pessoas ao redor. Eu li. Nos bancos, nas lojas de roupas femininas e antes dos filmes começarem. Eu li.
E o nome constante nas capas de meus livros era – em fonte maior do que o próprio título do romance – Stephen King. Sempre que conseguia colocar minhas mãos de unhas roídas em um dos livros do autor, eu me trancava em casa e não saía do quarto, devorando páginas depois de páginas por horas seguidas, até que tudo estivesse dito e feito. O IluminadoDesesperoA CoisaInsônia… Os livros se acumulavam e os dias corriam sem que eu notasse o mundo real. Vivi grande parte de minha adolescência com o vento gelado do Maine batendo em meu rosto, o frio agudo e as cidades pequenas onde todos se conheciam e normalmente se intrometiam na vida dos outros. Era um mundo imaginário, ainda que palpável por causa da descrição primorosa e dos personagens que pareciam respirar perto do meu rosto. O mestre do horror teve grande influência em meu gosto por livros, filmes e até mesmo pela música. Por isso, Revival pode ter um significado muito maior para mim do que para você.
Veja bem, Stephen King pode ser um tipo poderoso de droga. Você sabe que não é a melhor das decisões, mas vai em frente e experimenta a viagem. Depois, você tenta de novo. E de novo. E quando se dá conta, seus braços estão coçando e você começa a rodar as livrarias da cidade para encontrar outro livro dele para ler. Às vezes, tarde da noite.
Mas há fases diferentes nos livros do mestre do horror, como em qualquer outro escritor prolífico o suficiente. Revival, o livro mais recente do escritor norte-americano – com lançamento programado no país para este ano pela Suma de Letras – é sobre sua primeira fase, quando os livros pagavam contas mais urgentes e ele escrevia envolto em dunas de cocaína e álcool.
O romance é sobre religião, rock, drogas e energia. Não exatamente nessa ordem. O livro orbita a vida de Jamie Morton, filho mais novo de uma grande família que brincava com seus soldados de plástico, quando Charles Jacob faz uma visita em sua casa. É o começo de uma amizade que toca profundamente a criança, e Jacob começa a ensinar um pouco do que sabe sobre eletricidade: um mistério para a comunidade minúscula e parcialmente rural. Charles faz alguns truques elétricos para chamar a atenção dos adolescentes, que debandavam da igreja como jovens fazem, um papel que lhes é esperado, e o pequeno Jamie logo está fascinado com as possibilidades que uma corrente elétrica traz. Como, por exemplo, amplificadores de som. Depois de um terrível acidente de trânsito, Jacob some da vida de Jamie, e o garoto, com o passar do tempo, se apaixona pela guitarra de um de seus irmãos mais velhos. A energia volta ao romance quando Jaime Morton sobe ao palco pela primeira vez e a estática das caixas de som chega aos ouvidos de todos.
O livro foca Charles Jacob como um homem que perdeu a fé em Deus e a substituiu pelo amor à eletricidade; Jaime Morton luta com seus próprios demônios em pó, injetáveis ou líquidos, enquanto deixa escapar pelas mãos a chance que tinha para ser um excelente músico numa banda de rock. Revival é sobre segundas chances, sobre fé, música e sobre um tempo que já se passou e agora vive na memória dos que hoje são velhos o suficiente para pensar nas décadas passadas com nostalgia.
Mas há dois pontos que gostaria de focar: abordar todos os pilares que fazem com que o livro se destaque seria cansativo para nós dois, meu caro leitor.
Primeiro, recomendo outras leituras de Stephen King antes de Revival. Muita coisa fica perdida se o leitor não abrir o livro com prévia base do autor e de suas influências. A cena final do livro seria um absurdo sem qualquer sentido para o leitor que desconhece o horror clássico de King, Edgard Allan Poe e H. P Lovecraft, por exemplo. As homenagens a Mary Shelley, aos demônios de absoluto horror de Lovecraft e aos livros de início de carreira do próprio King passariam despercebidas. Nas Montanhas da Loucura, do criador de Cthulhu, é uma leitura essencial para o leitor que gostaria de capturar a essência das últimas dezenas de páginas. Do contrário, a experiência ficaria incompleta, frustrante como uma fila de banco sem um livro nas mãos. Ou alguma loja de roupas, se você preferir.
Por fim, o próprio título indica que o escritor gostaria de revisitar suas origens, as raízes literárias que lhe compraram um lugar quase contínuo na lista dos best-sellers. Revival é, em muitos aspectos, um produto das décadas de 1970-80, e há naturalidade na nostalgia: Morton cresce, passando de uma criança para um velho guitarrista, fora de forma e deslocado, quando pensa na cultura que se desenvolve ao seu redor, mas que lhe é alienígena, exótica. O terror é mais latente nas páginas deste livro do que, digamos, em Doutor Sono ou em Mr. Mercedes, os últimos lançamentos. Conforme King envelhece, também envelhecem suas personagens, e Jaime Morton se torna muito mais interessante e real quando está com 50 anos. Ele realmente se estrutura de forma complexa e com cores vivas, refletindo o anacronismo do próprio escritor. O clímax não ocorre quando Morton é um adolescente ou jovem adulto em pleno vapor, mas quando ele já sente a respiração pesada, e os joelhos começando a falhar; quando um x-burger já não cai assim tão bem no estômago, e o futuro está no passado. Mas os elementos mais antigos também estão presentes: o vilão que beira o caricato; a bela moça sem pudores que serve como o escape sexual que separa os meninos dos homens; e o quase culto à cerveja com doses de cocaína e heroína, que casam muito bem com a carreira musical de Jaime Morton. A eletricidade também forma um elemento de interesse, e o leitor fica nas bordas do livro, imaginando quando a merda finalmente baterá no ventilador e a eletricidade entrará na equação como elemento de vital importância; o “x” que todos nós procuramos.
E é neste ponto que a obra não consegue se manter. Enquanto minhas preocupações em resenhas passadas se davam com o passo lento das histórias e passagens que se esticavam demais, sem foco, sem propósito, King, aqui, poderia ter se prolongado um pouco mais. A história de Jaime Morton demora para colocar todas as peças no tabuleiro, mudando o leitor no tempo e no espaço e tomando seu devido tempo para construir o cenário, até que possamos sentir os cheiros dos lugares saindo pelas páginas. A perda da fé está presente, assim como a revolução na qualidade de vida que a eletricidade proporciona; o abuso de drogas e as segundas chances também aparecem nesta ou naquela página. Porém, há a sensação de que não olhamos diretamente nos olhos do dragão, não nesta obra. Podemos senti-lo, quase visualizar onde o escritor queria chegar, mas o livro falha ao deixar de agarrar seus demônios pela garganta e esfregá-los na cara do leitor.
O romance se propôs a recuperar o terror que desapareceu – diluiu-se, para ser mais preciso – nas publicações do autor, principalmente depois de seu grave acidente em 1999. A impressão é de que a obra quer ter a energia dos 20 anos enquanto bombeia sangue em veias de 60: breve demais, seria muito melhor se tivesse a paciência e preparo, para se esticarem um pouco mais as pernas e percorrer aquele quilômetro extra. É na nostalgia que o livro me conquistou, no olhar que reserva para os monstros que aguardavam debaixo da cama. Para alguém que cresceu com livros na mão e o nariz enterrado em páginas amareladas pelo tempo, Revival atinge o ponto que te faz lê-lo com carinho.
Maurício Ieiri é um historiador que não faz História. Atualmente, tentando descobrir o que fazer com sua vida, partindo deste exato momento até o dia em que morrer. No meio tempo, escreve ficções. Participou do blog coletivo Os Caras do Clube.


Leia Mais: http://www.vortexcultural.com.br/literatura/resenha-revival-stephen-king/#ixzz3maWBTZXT

Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças

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Mente que brilha eternamente
A cena inicial de Brilho Eterno não poderia ser melhor. Joel, nosso herói, acorda em seu quarto e se prepara para ir ao trabalho.
“Pensamentos avulsos para o dia dos namorados, 2004. Hoje é um dia inventado pelos fabricantes de cartões para fazerem as pessoas se sentirem como bostas…”
Sem um motivo óbvio, aparentemente, ele segue outro rumo no seu dia, que outrora seria apenas mais um.
“Não sei por que, não sou uma pessoa impulsiva…”
Eu, pessoalmente, não acredito que exista uma pessoa que não seja impulsiva pelo menos uma vez. Às vezes, dependendo do que, claro, precisamos seguir nosso coração e deixar a razão de lado. Só assim estaremos aptos a refletir sobre nossas decisões e aprender a aproveitar o momento. Perceba, por exemplo, que assistindo um filme, mesmo que seja um bem bobo, o momento que você está passando dita a sua identificação com os personagens e seus respectivos objetivos. Ou seja, o cinema tem o poder de trazer sentimentos guardados pelo simples fato de ser sincero e, nesse ponto, Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças é perfeito.
Os dois protagonistas, Clementine e Joel representam o oposto. E é fascinante perceber que até mesmo os atores exemplificam isso: Kate Winslet sempre interpretou mulheres ricas e comportadas. Já o querido Jim Carrey, não precisa nem falar não é?
O que temos aqui é, essencialmente, o oposto. E já que o filme se passa pela visão/memória do Joel, pode ser que nem todas as imperfeições de Clementine sejam verdadeiras, talvez ele só esteja distorcendo as suas perfeições. Mais realista e sincero que isso é impossível. Essa ideia central é muito identificável, seja para um idoso e toda sua experiência ou até mesmo jovens e seus primeiros contatos com a paixão.
Buscamos a igualdade quando, o que nos move, é a diferença. A base de uma relação é exatamente a troca. Como trocar o que já se tem? Teimamos em acreditar que a igualdade é fruto de uma boa escolha quando, na verdade, ser igual é respeitar a visão do outro, independente se concorda ou não.
Qualquer pessoa que passou por esse mundo teve contato com essas questões, e, quando penso nisso, fico emocionado com a coragem dos criadores – Seja o roteirista Charlie Kaufman ou o diretor Michel Gondry – em unir isso a uma linguagem e visual da cultura pop. Por exemplo, o que mais vejo na internet é pessoas falando sobre a cor do cabelo da personagem, que captura os sentimentos vividos em cada momento. Pela quantidade de gente que destaca esse ponto, porque ouviu em outro lugar ou não, é possível perceber como a essa difícil mensagem é facilmente transmitida para essa nova geração.
Somos filhos do audiovisual, internet, da cor, do pop e da tecnologia como um todo. Nosso interesse não é mais no classicismo, queremos viver mais em menos tempo, sentir mais de uma forma mais rápida. Algumas linguagens se tornaram inacessíveis. Autores, antes aclamados, hoje são chamados de vovôs. E você que reclama do “alienamento” dos jovens perante a uma programação que, a seu ver, é de baixa categoria, saiba que você também já esteve alheio em alguma fase da sua vida. A grande questão não é mudar, isso é inevitável. A questão é estar preparado para mudança. A arte surge com uma importância gigantesca – como sempre foi – para transmitir mensagens de outra época, mas, com um visual descolado, personagens em meio a correria do dia a dia, solitários, se questionando e questionando o amor que tem ou falta, cria-se uma mensagem atemporal que dialoga muito bem com essa nova geração.
Fico boquiaberto com a construção por meio de nuances dos personagens. Joel vai para Moultalk – sentindo o vento – e, em certo momento, sentado em uma lanchonete vê uma mulher estranha de cabelo azul. Ele olha timidamente para ela e, quando percebe que ela retribui o olhar, ele abaixa rápido a cabeça e se esconde atrás do seu diário, onde desenha seus momentos e escreve pensamentos aleatórios que, significativamente, representa o seu coração.
“Porque será que me apaixono por qualquer mulher que me dá o mínimo de atenção”?
Agora, pergunto, qual homem tem coragem de dizer que se apaixona facilmente? A verdade é que, muitas vezes, nos apaixonamos platonicamente. Alguém passando na rua, no ponto de ônibus, cinema ou praça, vivemos rodeados de pessoas e, quando estamos sozinhos, nos questionamos sobre a ausência de alguém, mas como pode? Se estamos rodeados de pessoas, porque não conhecemos ninguém?
Simplesmente porque não temos tempo. Estamos preocupados com a conta, estudos, trabalhos, compras etc. Nem ao menos somos capazes de olhar para o lado hoje em dia. Seguimos de cabeça erguida e caminhando apressadamente sem notar que tudo esta acontecendo do nosso lado. Todos estão do nosso lado. Mas, infelizmente, o que realmente queríamos gritar para o mundo, nós escrevemos em nossos corações. Resta-nos olhar, olhares somente…
Raramente, na história do cinema, foram criados personagens/ideias com tanto carinho. Percebam que cada roupa e objeto tem uma importância enorme para a trama. Por exemplo, quando Clementine está dormindo no carro e pergunta para Joel se ela pode dormir na casa dele, ela vai pegar sua escova de dente,e esse é exatamente o fim do começo e começo do fim. Mas, claro, o processo todo do esquecimento é baseado em uma série de objetos que situam ambos em momentos bem simples, mas extremamente importantes.
“Vou me casar com você. Sei disso.”
O esquecimento, como visto no filme, é simbolicamente a nossa mania de querer superar as pessoas. Poucas coisas doem tanto como a separação. Mas lidamos com ela de uma forma errada, ou melhor, precipitada. Vemos esse momento como a hora de superar, passar por cima ou até mesmo esquecer. Mas se uma pessoa entra em nossa vida, algumas por tanto tempo, não podemos simplesmente esquecê-las. Temos que, mais uma vez, aprender a lidar com a ausência. Momentos, discussões, sexo, carinho, olhares, sorrisos, beijos… Tudo o que se passa junto deve ser imortalizado. O fim é uma questão de tempo, e tempo para cada pessoa é diferente. A vida a dois é construída pela aceitação do tempo do outro, mas, mesmo assim, às vezes, não conseguimos entender o nosso próprio. No fim, separação é não estar bem consigo mesmo.
“Srta. Kruczynski não estava feliz e queria seguir em frente. Nós oferecemos essa possibilidade.”
A mente que brilha eternamente é aquela que vive. Que se atreve. Que se doa e aproveita. Temos pouco tempo nesse grande palco da vida para apresentar nossos sentimentos de uma forma clara e, principalmente, ajudar alguém a compreender os seus. Enxergamos o próximo como meu, quando nem ele é dele. Precisamos parar de exigir a igualdade, para que assim possamos desfrutar a diferença.
Cuidamos para crescer. Amamos para sermos amados. Vivemos para sorrir. Momentos passam rápido, seja ele ousado (como deitar em um rio congelado), romântico ou aventureiro, mas, o que verdadeiramente importa, será eterno. Assim deve ser.
“Feliz é o destino da inocente vestal, esquecendo o mundo e sendo por ele esquecida. Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, onde toda prece é ouvida, toda graça de alcança.”

– Joel, eu sou feia?
– Quando criança, eu me achava feia. Às vezes acho que as pessoas não entendem a solidão de ser criança. Como se você não fosse importante. Eu tinha 8 anos e tinha brinquedos. Essas bonecas. A minha preferida era uma boneca feia que eu chamava de Clementine. E eu gritava para ela:
– Não pode ser feia! Seja bonita! … Estranho. Como se, caso eu pudesse transforma-la, eu também mudaria, magicamente.
– Você é linda – Disse Joel olhando nos olhos de Clementine. Em uma mistura de carinho, sinceridade e desespero.
– Joaly, nunca me deixe.
– Você é linda. 
– Por favor, deixe-me guardar só está lembrança, só está! – Ele gritou.
“Abençoado os esquecidos, pois tiram o melhor de seus equívocos”

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10 Livros que o Steve Jobs gostaria que você lesse

Por: Adriano Villa



Steve Jobs foi um homem a frente de seu tempo que tornou os avanços da tecnologia mais significativos com seus produtos. Infelizmente, o grande mentor da Apple no dia 05 de Outubro de 2011, faleceu, para tristeza de todos os fãs de suas inovações.

Mas, segundo alguns budistas, Steve já voltou ao nosso plano e trabalha agora como um guerreiro celestial filosofo, ou seja, o cara voltou ao nosso plano como alguém muito iluminado e muito racional.

Isso não aconteceu à toa, Steve algum tempo antes de morrer, começou a se interessar por vida após morte e começou a pesquisar, se é comum para nós que temos recursos precários, imagina alguém que pode ter o mundo em sua mão.

Por isso, ele deve ter chegado aos budistas e conhecido suas filosofias de vida e, talvez por esse contato, os budistas chegaram a conclusão que Steve Jobs já havia reencarnado e que vive em um palácio de vidro, pasmem, sobre seu antigo escritório.

Se isso for realmente verdade, Steve deve estar gritando para que aquele que ficou em seu lugar continue o legado e que não destrua a reputação da Apple de uma maneira tão rápida, e talvez esteja se perguntando por que as pessoas não leem os livros que costumava ler e que indicou para muitas pessoas. 

Abaixo, uma lista com alguns livros que Steve acreditava ser capazes de ajudar na superação e na busca do sucesso, agora, se deram certo ou não... Bom, não custa nada tentar né, vai que acontece uma maravilha em nossas vidas.

George Orwell – 1984
A história de um homem que luta contra um Estado que está em todos os lugares e que se esforça para controlar a vida e o pensamento das pessoas. O livro inspirou a maçã comercial de 1984.

Ayn Rand – Atlas Shrugged
Sobre uma pessoa que traz ao mundo uma parada que pode persuadir a todos, inovando o mundo inteiro.

Paramahansa Yogananda – Autobiografia de um Iogue
Sobre um homem e suas experiências de vida, sobre suas tentativas de explicar as leis e todos os eventos que fazem o mundo girar em pontos conhecidos e milagres maravilhosos.

Baba Ram Dass – Esteja aqui agora
Este é um livro que fala de maneira detalhe as maravilhas da yoga em nosso espirito, fala sobre elevação, paz interior.

Chögyam Trungpa – Além do Materialismo Espiritual
Um livro que fala sobre a inclinação que temos de encarar a espiritualidade como uma forma de nos melhorarmos quando na verdade, ela nada mais é do que o desapego de nós mesmos.

Frances Moore Lappe – Dieta para um planeta Pequeno
Livro que traz receitas e dicas para uma alimentação saudável, com muita proteína, detalhes, dicas e receitas que não vão carne.

Geoffrey A. Moore – Dentro do Tornado
Esse é um livro mais na linha Jobs, trata-se de um roteiro para comerciantes que querem ajudar os profissionais inovadores a atingir seus clientes.

Herman Melville – MobyDick
Essa história é conhecida por muitas pessoas, trata-se da busca de um capitão de uma embarcação que cruza mares em busca de uma baleia cachalote branca que além de destruir seu navio, mordeu sua perna. Um livro que fala sobre persistência.

Andrew S. Grove - Only the Paranoid Survive
Eis um dos melhores livros encontrados nos arquivos de Jobs, é um CEO de sucesso que aborda seu sucesso de maneira diferente, vai fundo não somente em seus projetos de sucesso, mas também naqueles que fracassaram.

Clayton Christensen
O livro fala sobre a tecnologia e o seu não desenvolvimento de maneira incremental e por isso, está sempre sujeita a rupturas que podem ajudar pequenas empresas e organizações ágeis que estão sempre observando o mercado de negócios.

Fonte: Inc.com.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Dark Side of the Moon – Pink Floyd (Resenha)

Vamos falar um pouco de Dark Side Of The Moon, um dos maiores álbuns da história da música, o qual alcançou números surpreendentes, tanto em vendas como em posições nas paradas mundiais, esse disco é grandioso desde sua capa até seus mínimos detalhes, levezas sonoras e etc, conheça mais sobre a obra:
Dark Side Of The Moon é o oitavo álbum de estúdio da banda, porém, na linha cronológica de discos é o nono. Lançado no dia primeiro de março de 1973, o disco é marcado por sonoridades especiais, principalmente em “Time” com diversos relógios tocando ao mesmo tempo; hoje você pensa “poxa, mas é tão simples reproduzir esses efeitos” mas vale lembrar que o disco é da década de 70, com tecnologia muito precária.
Sucesso que, logo de cara deixou o disco nos top da Billboard 200 americana e, até hoje, é considerado um dos mais importantes álbuns da história da música e principalmente do rock progressivo.
Depois do sexto álbum lançado, “Meddle”, Waters teve a idéia de na próxima turnê que se aproximara, eles focassem em já apresentar materiais que viriam no futuro, com temas mais desgastantes visando a perda do integrande Syd devido ao seu estado mental vir abaixo decorrente do uso de drogas; e assim foi, os integrantes foram gravando músicas mais pessoais, Roger Waters gravou algumas fitas demos em sua casa.
Gravado no Abbey Road Studios, ao lado do produtor Alan Parsons, famoso por ter trabalhado com os Beatles, o disco contou com técnicas avançadíssimas na época para chegar ao resultado final. A segunda faixa gravada “Money” contou com alguns efeitos que Roger havia criado com moedas, usando também a técnica loop.

Fatos curiosos

As gravações tiveram algumas interrupções desnecessárias, como as vezes que Waters largou as sessões para ver partidas de futebol do seu time, ou assistir seriados de TV.
Outra curiosidade, que no caso é mais uma lenda do que curiosidade que ronda o disco; a relação que o mesmo teria com o filme “O Mágico de Oz”, que quando junta cenas do filme com músicas do disco, eles parecem se completar, veja o vídeo:

dark side
9.3ÓTIMO!

Crítica: O Menino do Pijama Listrado


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Em uma Alemanha, consumida pela Segunda Guerra Mundial, “O Menino do Pijama Listrado”, aborda o tema já conhecido da humanidade por um olhar mais familiar e inocente. O filme conta a história de Bruno, um menino de 8 anos que é filho de um militar nazista. Seu pai, orgulho da família, traz a notícia que deverão se mudar para ele assumir um cargo mais elevado. Com a mudança, a família de Bruno começa a conhecer mais sobre o trabalho do pai e isto começa a gerar desconfiança por parte de todos.
Bruno é um menino inocente e divertido, que em seus 8 anos só pensa em brincar e ter amigos. Completamente ausente de uma guerra tão desumana, o menino firma uma amizade com um pequeno judeu, que mora ao lado de sua casa e fica em um campo de concentração. Bruno passa por uma série de dúvidas, sobre o trabalho do seu pai, o nazismo, a guerra, mas tem em seu amigo uma das poucas certeza que carrega.
“O Menino do Pijama Listrado” é dirigido e escrito por Mark Herman e tem em seu elenco: Asa Butterfield (que interpretou Hugo, recentemente), Vera Farmiga e David Thewlis.
O filme é uma adaptação do livro de John Boyne e tem uma narrativa ótima! É um filme bastante interessante principalmente do ponto de vista da guerra, já que a grande maioria dos filmes focam nos soldados e na guerra em si. Em “O Menino do Pijama Listrado”, não vemos um tiro, uma cena violenta e muito menos a carnificina que a guerra provoca. O filme é totalmente construido pelo olhar de um menino de 8 anos, que percebe o terror e as injustiças que a guerra esta provocando de um jeito muito singelo e calmo.
O filme também desenha uma crítica forte sobre a ignorância humana, já que mostra que crianças, sem preconceito, sem opinião formada, acaba simplesmente se misturando pelo prazer e e pela companhia de outra pessoa. Ao crescermos e nos envolver com tantas culturas e ilusões, nos tornamos intolerantes, irracionais e maldosos.
“O Menino do Pijama Listrado” é um ótimo filme, tanto pela sua história quanto pela produção e montagem do filme em si. Prova por si só, que não é necessário os gastos exagerados que Hollywood tem feito com super-produções. A história continua sendo a matéria-prima mais valiosa de qualquer filme.
Confira o trailer de “O Menino do Pijama Listrado”:



O Cão dos Baskervilles (Resenha)

O Dr. Mortimer olhou-nos de modo estranho, por um momento, e sua voz afundou num murmúrio quando respondeu: 
– Sr. Holmes, eram as pegadas de um cão gigantesco!
Escrito originalmente em 1902, O Cão dos Baskervilles  é uma das mais famosas histórias de Sherlock Holmes. Durante os anos, foram publicadas diversas versões e edições, porém essa resenha é a respeito da edição da Editora Melhoramentos, traduzido por Antonio Carlos Vilela.
Não há como negar que Arhur Conan Doyle  é um clássico. Talvez seja o mais famoso escritor do gênero de romances policias, tendo transformado seus personagens – Sherlock e Watson – em ícones, religião.
A história gira em torno da família Baskerville, que parece ser vítima de uma terrível maldição. Tudo começa quando Sir Charles Baskerville morre em estranhas circunstâncias, corroborando a lenda de que a família é amaldiçoada, perseguida por um cão infernal. É aí que Holmes entra em ação. Henry, herdeiro dos Baskerville, parece estar em perigo.
Logo Holmes, tão metódico e certo de si, encontra-se preso em uma trama que mistura realidade e superstição. Com uma narrativa fácil e rápida, o enredo se desenrola sem maiores complicações, desenhando vários suspeitos e múltiplas linhas de pensamento.
Um clássico não se torna clássico por acaso. Arthur Conan Doyle narra suas histórias de uma forma belíssima, envolvente e principalmente intrigante. Impossível ler alguma obra sua sem ficar com uma pulga atrás da orelha o tempo todo. O Cão dos Baskerville é narrado por Watson, tendo um desfecho clareador e gratificante – pelo menos para mim. Foi o livro que aguçou meu amor por leitura e por Holmes, por isso guardo um carinho muito especial por ele.

Filme : Elefante de Gus Van Sant

Um dia aparentemente comum na vida de um grupo de adolescentes, todos estudantes de uma escola secundária de Portland, no estado de Oregon, interior dos Estados Unidos. Enquanto a maior parte está engajada em atividades cotidianas, dois alunos esperam, em casa, a chegada de uma metralhadora semi-automática, com altíssima precisão e poder de fogo. Munidos de um arsenal de outras armas que vinham colecionando, os dois partem para a escola, onde serão protagonistas de uma grande tragédia. 

Em primeiro lugar, é preciso esclarecer o título do filme. O título se refere a uma antiga parábola budista sobre um grupo de cegos examinando diferentes partes de um elefante. Nessa parábola, cada cego afirma convictamente que compreende a natureza do animal com base tão-somente na parte que lhe chega ao tato. Ninguém vê ou sente o objeto na sua totalidade, mas todos arriscam um palpite totalizante – e, naturalmente, equivocado.

O que Van Sant construiu em Elefante foi uma visão fragmentária e não conclusiva sobre a questão trazida à tona pelo episódio de Columbine. Consagrado por saber filmar os jovens sem deturpar seu universo, o diretor adotou um posicionamento inequívoco, aquele de onde se vê tudo e nada ao mesmo tempo: o olho do furacão, o epicentro do evento trágico. Os atores de Elefante são os próprios alunos do colégio em que se passa, selecionados após uma série de entrevistas realizadas pela equipe do filme. Eles são filmados em atitudes cotidianas, às vezes preservando diálogos e situações presenciadas por Van Sant enquanto os conhecia e travava os primeiros contatos.

Elefante não trata de reproduzir o incidente em Columbine, não se trata de cobrir jornalisticamente o massacre. Trata-se de penetrar num determinado universo munido de sentidos aguçados – e nele transitar com puras impressões.

Elefante se passa numa high school como outra qualquer. Ao não citar local nem data, adquire uma dimensão importantíssima, que não reduz o problema a nenhuma ordem social específica, a nenhum contexto específico. Na cena no quarto de Alex, um dos dois garotos responsáveis pelos tiros, esclarece-se a postura essencial de Gus Van Sant perante o tema: enquanto Alex toca Beethoven no piano, a câmera gira 360º mostrando tudo que está à volta dele, todo o universo multicultural e multicolorido que o circunda: videogames, quadros e desenhos na parede (um deles, um elefante), roupas espalhadas, televisão. Quem o levou a arquitetar o massacre? Beethoven? O videogame que ele e o amigo/cúmplice jogam, daqueles em que o jogador assume o ponto de vista de alguém que atira em pessoas que atravessam na sua frente? O documentário sobre o nazismo a que eles assistem na televisão? O acesso fácil às armas de fogo, bastando clicar num site da internet e recebê-las em casa, via fedex? Tal resposta nunca emerge das imagens de Elefante. Nenhum trabalho atinge o que o filme conseguiu atingir nesse universo estudantil estadunidense, seja em matéria de suspense, seja em matéria de captação imediata de um acontecimento.

É possível que Elefante tenha uma passagem discreta pelo grande público, não raro encontrando detratores pelo caminho. Elefante sem dúvida alguma assusta, mas sua verdadeira contribuição é de ordem construtiva, e a construção em jogo é o sentimento de uma geração (com seu modo particular de percepção do tempo, com sua não-historicidade, com seu universo simbólico multifacetado). Se no fundo nenhum filme é obrigatório, por se tratar, em última instância, apenas de um filme, digamos então que Elefante é no mínimo muito importante – e que não é definitivo porque não quer ser.

Título Original: Elephant (EUA, 2003)
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 81 minutos
Distribuição: HBO Films
Direção: Gus van Sant
Roteiro: Gus Van Sant