sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Perelandra (Resenha) DE C.S LEWIS


Quando sai da estação ferroviária de Worchester e iniciei a caminhada de quase cinco quilômetros até o chalé de Ransom, refleti sobre o fato de que ninguém na plataforma teria a menor possibilidade de adivinhar a verdade sobre o homem que eu ia visitar.
Assim começa o segundo livro da Trilogia Cósmica de C. S. Lewis. E ele começa justamente com Lewis contando uma história em primeira pessoa, seu amigo, Dr. Ransom havia o convidado para sua casa. Lewis era o único ao qual Ransom havia confessado suas aventuras e descobertas em Marte, e agora um Eldil (uma raça quase que incorpórea e com poderes além da explicação da ciência) havia entrado em contato com Ransom, ele havia sido requisitado em Pelerandra, ou como nós a conhecemos: Vênus.

 Indo para lá, Ransom (a viagem em si é um espetáculo a parte. São algumas paginas descrevendo o que o próprio Ransom defende como indescritível) descobre um planeta coberto por água doce e apenas uma ilha fixa, porém possui centenas de ilhas menores, de algo similar a vegetação que ficam boiando de um lado para o outro conforme a maré carrega tais “ilhotas”  que têm arvores e animais. Os peixes desse planeta parecem ter rostos semelhante ao de humanos e há varias criaturas semelhantes a dragões, mas do tamanho de cães.
Pouco depois de sua chegada, ele descobre uma mulher de pele verde que habita o planeta. Ela cita “seu amado” e logo Ransom percebe que Perelandra é um planeta novo, sendo ela e seu marido o “Adão e Eva” de Vênus. Após isso Ransom vê a chegada de uma nave semelhante a que foi usada para leva-lo a Marte e descobre um de seus raptores ali. Os dois parecem competir pela Dama Verde, enquanto Weston deseja que a Dama Verde venha a descumprir as ordens dadas por Maleldil, Ransom defende a obediência, mas essa discussão é cheia de meios, porquês, serás e varias vezes em que a Dama simplesmente fica cheia disso, se vira e vai embora.
A Dama apresenta um problema diferente do que os marcianos apresentaram: Enquanto marcianos desconheciam certos termos ou significados por sua cultura nunca ter requisitado tais termos a Dama Verde era como uma criança, ingênua, mas incrivelmente sábia. Seus questionamentos acabam por fazer os dois pararem por vários segundos para formular uma reposta digna e assim a aventura de Ransom, muito menos empolgante mas nem um pouco menos atrativa se estende.
No quesito Ficção Cientifica, Lewis deixa a desejar nesse livro, não expõe tantos detalhes quanto em Além do Planeta Silencioso, porém mantém fidelidade aos que apresenta. Vênus, por exemplo, era acreditado ser um planeta coberto de água na época que o livro foi escrito. A gravidade, rotação e translação do planeta são tão precisos quanto a ciência da época oferecia. O foco dessa vez é no embate ético e moral sobre as escolhas e como o certo para A pode não ser o certo para B, mas como o conceito de bem e mal são inegáveis em qualquer cultura (o livro A Abolição do Homem, também do Lewis, aborda isso de uma forma muito mais acadêmica, sugiro a leitura caso seja um assunto que você ache interessante).
A narrativa segue o mesmo formato que o primeiro livro (Lewis contando uma historia que contaram para ele), mas o mais interessante é que pode ser lido totalmente independente do primeiro livro da Trilogia (eu mesmo li Perelandra antes de qualquer outro) assim como o terceiro livro. É uma trilogia com episódios independentes de si, mas que se completam. (Entendeu?).
Lewis lembra as pessoas da importância do debate moral sobre absolutamente tudo em plena Segunda Guerra Mundial, e o faz com uma propriedade acima da acadêmica e com uma historia cativante e simples.
Titulo Original: Perelandra
Ano: 1944
Autor: C. S. Lewis
Edição brasileira: Martins Fontes, 2011: Perelandra.
Texto escrito e enviado por Guilherme Melendi de Moraes.

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