segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Resenha Crítica | Doutor Estranho (2016)

Doctor Strange, de Scott Derrickson
Doutor Estranho (Doctor Strange)
Com o perdão do trocadilho, não há como não reconhecer que “Doutor Estranho” é uma adição incomum dentro do universo Marvel. Personagem desconhecido para aqueles que não têm qualquer afinidade com quadrinhos, o Doutor Stephen Strange está inserido em um contexto fantástico sem muita liga com os cenários habitados pelos componentes que integram os Vingadores, representando uma aposta arriscada do estúdio.
Contrariando algumas expectativas, os fãs e os críticos abraçaram a investida. Além das ótimas avaliações, “Doutor Estranho” já arrecadou mais de 650 milhões de dólares mundialmente, valor superior ao obtido por algumas aventuras individuais de heróis mais do que consagrados como Homem de Ferro, Thor e Capitão América.
A produção também estabelece Benedict Cumberbatch como astro, ainda que o britânico não seja integrado das feições que o faça assumir confortavelmente tal posição. A princípio apresentado como um neurocirurgião tão singular quanto intragável, Stephen Strange se verá pela primeira vez em uma situação desprivilegiada ao sofrer um acidente automobilístico gravíssimo, arruinando especialmente as suas mãos, justamente o seu principal instrumento de trabalho.
Após arranhar a amizade com a sua assistente Christine Palmer (Rachel McAdams), então a única a tolerar o seu temperamento, Strange inicia a busca pelo Ancião a partir de uma pista de Jonathan (Benjamin Bratt), paraplégico que recuperou todo o seu vigor físico após conhecê-lo em Nepal, no Himalaia. Eis que o Ancião se revela nas formas físicas de Tilda Swinton e Strange se verá manipulando ciências que vão além de seu ceticismo.
Também uma escolha nada óbvia para o projeto, o diretor Scott Derrickson embarca em “Doutor Estranho” com toda a bagagem imaginativa avolumada com as suas experiências no terror em títulos como “O Exorcismo de Emily Rose” e “A Entidade”. Trata-se da surpresa mais agradável do filme, pois o seu domínio para a arquitetura dos elementos visuais da narrativa é de longe o que se viu de mais impressionante dentro do universo Marvel no cinema.
Porém, é evidente que Derrickson não está aqui 100% do controle da situação, precisando seguir com alguns protocolos cansativos e já esperados, como a obrigação de alimentar os alívios cômicos além do necessário (tem até piadinha deslocada envolvendo a Beyoncé aqui), a falta de esmero no desenvolvimento de alguns personagens secundários (a talentosa McAdams parece estar aqui só para bater cartão) e a incapacidade de construir um vilão à altura da irreverência de seu protagonista.

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