segunda-feira, 10 de abril de 2017

Resenha Crítica | Mulheres do Século 20 (2016)


20th Century Women, de Mike Mills
O americano Mike Mills estava prestes a completar 40 anos quando finalmente decidiu se lançar como diretor de um longa de ficção com “Impulsividade”, vindo após seis anos dedicados à produção de curtas e documentários. Depois de dirigir Christopher Plummer na interpretação que lhe valeu um Oscar em “Toda Forma de Amor”, Mills retorna entregando aquele que é o seu melhor trabalho até aqui.
Em “Mulheres do Século 20”, a sua própria adolescência serve de base para construir uma narrativa em que enaltece a sua mãe Janet, interpretada como Dorothea pela magistral Annette Bening. No Sul da Califórnia dos anos 1970, essa mãe solteira de Jamie (Lucas Jade Zumann, de “A Entidade 2”) divide a sua casa com Abbie (Greta Gerwig, finalmente em um papel que não a obriga a repetir os cacoetes de sua Frances Ha), uma fotógrafa acometida por um câncer cervical, e William (Billy Crudup), um carpinteiro que desconhece a importância de medidas estáveis.
Embora não viva nesse mesmo teto, Julie (Elle Fanning) é uma das vizinhas de Jamie que está a maior parte de seu tempo livre na residência, inclusive dormindo todas as noites com ele sem que esteja em jogo algo além da amizade. Desenha-se assim com esse quinteto uma espécie de panorama daquele período, especialmente importante para os modelos de novas famílias que se formavam com o boom dos divórcios e para a multiplicação de mulheres que vislumbraram um destino além daquele de meras donas de casa.
Por se tratar de um projeto tão íntimo para Mike Mills, acaba havendo em “Mulheres do Século 20” certa superficialidade nos atritos entre mãe e filho, talvez por serem tão ratificados no curso do filme. Em contrapartida, existe um cuidado e carinho na construção de indivíduos que se atraem justamente por terem poucas coisas em comum.
Paulatinamente, Jamie, um garoto em progresso, vai constituindo a sua própria personalidade com o processo de troca sempre tão enriquecedor com pessoas mais maduras, ainda que não seja o único a experimentá-lo, como se testemunha quando outros laços se estreitam, como o de Dorothea com William ou deste com Abbie. Por essas interações que as inevitáveis rupturas do desfecho, acompanhadas pela bela música de Roger Neill, sejam tão comoventes quanto o de uma última despedida.
Data:
Filme:
Mulheres do Século 20
Avaliação:

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