quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Resenha crítica – filmes – Ferrugem e Ossos

Se você estiver procurando um filme sobre amores padrões pode ir desistindo desse. Quando me deparei com a sinopse fornecida pelo Netflix, me pareceu mais um filme sobre um casal pouco convencional. Mas não é nada disso. Este filme é acima de tudo, um retrato fiel da realidade da maioria dos casais que não se amam a primeira vista mas que com o tempo aprendem a se admirar. 

Ferrugem e Ossos é um longa independente que retrata a vida de duas pessoas com vidas bem diferentes que, por conta de uma tragédia, acabam entrelaçando seus caminhos.

De um lado temos Alain (Matthias Schoenaerts), um jovem lutador desempregado que se vê abandonado pela esposa, na qual o deixa sem nenhum recurso e com o filho de 05 anos para criar. Para fugir de um estado de necessidade que já o estava levando ao crime, Alain viaja para a casa de sua irmã, que ele não vê há quase 10 anos, em busca de novas oportunidades de trabalho. Com a ajuda de seu cunhado, ele consegue um emprego de guarda noturno de uma movimentada casa noturna de Nice e alguns dias da semana, descola um dinheiro como lutador de um clube de vale-tudo clandestino.

Certa noite, ao apartar uma briga dentro da casa noturna, ele conhece Stéphanie (Marion Cotillard), uma enigmática treinadora de orcas. Ele não entende como uma mulher como ela se mete em uma briga, em uma casa noturna de quinta. Mas diante do ocorrido, Alain resolve a deixar em casa e no caminho e deixa seu número de telefone com ela e diz, caso ela precise de qualquer coisa, ela poderia ligar.
Meses se passam e eles não voltam a se encontrar. Até que um dia, Stéphanie sofre um gravíssimo acidente e, se vendo impossibilitada de retomar sua antiga vida, resolve ligar para Alain, na busca de um alguém para conversar que não sinta pena dela.
O filme retrata acima de tudo a amizade e a cumplicidade que pode nascer diante de uma vida cercada de tragédias e dificuldades. Mostra que a força para vencer e ter uma vida melhor pode ser um combustível para um possível amor. Mostra também que um relacionamento não nasce necessariamente de uma atração física mas de um sentimento de companheirismo que não necessariamente tem razões ou explicações racionais.
De forma bem dura Ferrugem e Ossos é capaz de nos mostrar que recomeçar pode não ser fácil, em um primeiro momento, mas que querendo, todos são capazes. Além disso mostra o preconceito velado que existe contra as pessoas deficientes e como pior do que a incapacidade física é ter que lidar com o sentimento de pena alheio.
Baseado numa série de contos de Craig Davidson, Ferrugem e Osso traz uma história forte e marcante de um romance lapidado pela vida, cheio de contratempos e sentimentos abertos, entre duas pessoas infelizes que levam uma vida difícil onde a angústia e a esperança convivem lado a lado sem descanso.
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