Carlos Alberto Riccelli, Bruna Lombardi, Miá Mello, Mariana Lima, Kim Riccelli, Bianca Müller e Michele Mara, Amor em Sampa
Realizada nesta segunda-feira, 22 de fevereiro, a coletiva de “Amor em Sampa” seguiu de uma exibição do filme para os jornalistas. Previamente, a comédia musical com alguns toques de drama havia sido apresentada ao público em ocasiões especiais, como no último aniversário de São Paulo.
Com o lançamento acontecendo hoje, trazemos os principais destaques da conversa da equipe de “Amor em Sampa” com a imprensa. Para os presentes à mesa, perguntamos sobre o que mais os atraí à cidade, principalmente em uma época em que a sua desordem é tão evidente. Quanto a análise do filme, ela pode ser lida aqui.
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Sobre entrar para o elenco de “Amor em Sampa”
Miá Mello, Amor em Sampa
Miá Mello:
Quando eu fui convidada para o filme, Carlos Alberto Riccelli e Bruna Lombardi me chamaram antes para tomar um café. Cheguei, perguntaram se estava tudo bem comigo e se eu cantava. Daí eu respondi “oi, como assim?”. Comecei a cantar uma música da qual eu não sabia a letra. Na metade dela, eu fiquei no “lá, lá, lá, lá, lá!”. Foi um projeto muito legal de ter participado, não só por ser sobre a cidade de São Paulo – e eu sou daqui -, mas também por ter feito com essa família, da qual eu me considero parte. Eles são muito especiais. A Bruna escreve, mas também ajuda a dirigir. O Kim atua e dirige. E ainda servem comidas maravilhosas.
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Mariana Lima, Amor em Sampa
Mariana Lima:
Aceitei a fazer o filme antes de ler o roteiro. Quando tudo é feito com essa energia boa, há um convencimento afetivo. Depois de ler o roteiro, e eu geralmente sou chata nesse momento, foi como ter aceitado mais uma vez. Coube-me uma participação dramática no filme, quando o filme tem uma tendência para a comédia. Nesta semana, finalmente o vi e fiquei impressionada com a multiplicidade de gêneros que ele tem. É uma comédia romântica, um drama, um musical. Foi realizado de um jeito que nem sei como categorizá-lo. É um coral de gêneros, o que me deixou muito feliz, pois ele pode falar com muitas plateias.
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Bianca Müller, Amor em Sampa
Bianca Müller:
O meu primeiro contato com o filme foi lendo o roteiro, mas somente sobre o meu núcleo. Foi amor à primeira vista. Quando fui apresentada à Letícia Colin, a minha parceira de cena, a gente casou. Ela é uma atriz incrível, que admiro muito e já conhecia o trabalho. Conectamos-nos de imediato. Fazer uma comédia é isso, é se divertir apesar dos dramas. Quanto ao musical, como a Miá compartilhou, a Bruna disse “legal, gostei da leitura… você canta?”. Ai meu Deus! Canto, com o meu pai, debaixo de chuveiro e tal. Mas na hora eu ia cantar o quê? Parabéns pra você? Cantai algo, tremendo. Eles disseram “tá afinada, né?”. Deu tudo certo, tivemos uma preparadora vocal que foi essencial. Não pude conhecer todo o elenco, somente alguns atores durante os ensaios.
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Michele Mara, Amor em Sampa
Michele Mara:
Estou muito feliz de fazer parte desse filme, porque, diferente de todos, sou a única cantora que atua. O Carlos e o Kim me receberam de uma maneira tão acolhedora, transbordando um amor tão grande que o senti já na primeira vez que estive na casa deles, com a Bruna me analisando para saber se eu realmente era a Ceição. Quando saí de lá, tive a certeza de que esse filme, que é o meu primeiro, mudaria a minha vida. Estou muito feliz de fazer parte desse time. “Amor em Sampa” vem com tudo, trazendo o amor pela cidade, por quem somos, por quem você pode ser e por quem você pode ajudar.
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Sobre a mudança como o principal valor de “Amor em Sampa”
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Bruna Lombardi, Amor em Sampa
Bruna Lombardi:
Uma das coisas que “Amor em Sampa” prega é mudança. Não apenas a mudança na cidade. Há a ideia de que todos nós estamos eternamente em mudança. Não somos o que éramos há um minuto. Essa transformação, essa metamorfose ambulante, é uma constante em nossa vida. Uma cidade muda o tempo inteiro. A mudança já acontece e precisamos direcioná-la. Por que uma coisa deteriora? Porque ela não foi planejada e a mudança acontece para a pior. Isso serve para um ser humano, uma cidade. Serve para qualquer coisa. Essa busca por bons valores para que você consiga mudar você mesmo e, portanto, conseguir agir e construir uma cidade melhor, sempre reclamando das coisas certas. A personagem da Ceição, por exemplo, representa muito essa invisibilidade que esconde grandes talentos, poesia, música, grande arte, e que muitas vezes não tem a oportunidade para se revelar. A mudança começa ao olhar o seu próximo, de se colocar em seu lugar.
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Sobre as canções originais
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Carlos Alberto Riccelli, Amor em Sampa
Carlos Alberto Riccelli:
Eu fiz todas as músicas. A princípio, sabia que precisava de uma canção para o meu personagem, o Cosme. Compor as músicas me ajudou muito a compreender o filme, pois assim vou ajudando a contar a sua história, a história de cada personagem. A minha canção foi a última a ser escrita. A da Ceição foi a penúltima, sabia que precisava ser algo que desse a oportunidade para uma grande cantora, para alguém que conseguisse atingir aquele agudo.
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Sobre o caos em São Paulo e o que a torna uma cidade apaixonante
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Bruna Lombardi, Amor em Sampa
Bruna Lombardi:
A coisa que mais me atrai em São Paulo é o fato de ela ser fruto de nosso trabalho. Aqui, as paisagens são as pessoas, sendo o que pode existir de mais interessante em uma cidade. Assim como a beleza de uma casa são as pessoas que nela estão, o amor que elas revelam.
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Kim Riccelli, Amor em Sampa
Kim Riccelli:
Sim, há o caos e é nele que, às vezes, nasce a beleza. O caos traz muita dureza para as pessoas, mas, ao mesmo tempo, ele as estimulam. Se avaliarmos, todos os movimentos que estão nascendo são fruto desse caos, com o desejo de pensar “vamos tomar uma atitude?”.  Isso está muito presente aqui, no Brasil inteiro. Mas tratando apenas sobre São Paulo, a própria dificuldade estimula as pessoas a serem melhores.
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Mariana Lima - Amor em Sampa
Mariana Lima:
Moro no Rio de Janeiro há 18 anos, mas não há uma vez que eu venha a São Paulo sem que o meu coração não venha à boca. Por ser uma cidade em que o seu olhar não vai para fora, o potencial humano de São Paulo é tão maravilhoso, tão diverso. Talvez até mais que outras megalópoles, como Nova York, Paris. Aqui tem uma mistura muito particular. Creio que isso está no filme, o que é muito bonito. Em uma mesma quadra de rua você pode ver de tudo, mesmo. No Rio há a zona sul. Aqui é tudo misturado.
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Sobre a linha tênue entre a autenticidade e o estereótipo
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Carlos Alberto Riccelli, Bruna Lombardi e Kim Riccelli, Amor em Sampa
Bruna Lombardi:
Por que eu pego o estereótipo? Eu vou explicar. Com o estereótipo, eu atinjo imediatamente o reconhecimento do público. Em “O Signo da Cidade”, não trabalhamos com estereótipos, pois era outra proposta. Aqui, eu quero que o público entre no filme, que fale com ele. Assim como esses movimentos maravilhosos que existem na cidade, ele tem esse desejo de transformação. Se conseguiremos vencer ou não, talvez a nossa geração não saberá.
É um vai para frente, vai para trás. A história não é linear. Ela é cheia de meandros, de curvas. Avança, retrocede. Se você tem uma noção histórica do próprio país, você verá o tanto de retrocesso que passamos.
Voltando à ideia do estereótipo, o público compreende imediatamente sobre o que você está falando ao lidar com ele. Não é preciso três ou quatro cenas para explicações. Tive um problema imenso de tempo, pois o filme tinha de acontecer tudo agora. Tinha muita coisa imediatista, urgente para dizer. Eu precisava muito de pressa para resolver algumas questões. E como você faz isso? Com o estereótipo. Só que aí, qual é o meu próximo movimento? Quebrá-lo. O estereótipo não vai até o fim, ele veio para dizer que é assim que você é e raciocina, mas vamos mudar isso? Vamos para outro lugar? Vamos casar os gays? Vamos fazer uma adoção interracial? Vamos para algum lugar onde temos preconceito de ir? Será que isso é possível? O filme é dedicado a todos que acreditam que sim.