quinta-feira, 17 de março de 2016

[Resenha] Vivian Contra a América, de Katie Coyle

Livro cedido pela editora para resenha
ISBN: 9788569809180
Série: Vivian Apple, vol. 2
Tradução: Flora Pinheiro
Ano de Lançamento: 2016
Número de Páginas: 304
Editora: Agir Now
Classificação: ♥♥♥ 
Sinopse: Vivian Apple tem um currículo surpreendentemente variado. Aos 17 anos, passou de boa moça estudiosa a revolucionária procurada, atravessou os Estados Unidos de carro com os amigos, lutou contra um bando de adolescentes doutrinados, encontrou uma irmã que nem sabia que existia e descobriu segredos sombrios sobre um culto que dominou a América. O próximo passo? Tentar determinar o paradeiro de Peter, seu meio-que-namorado, antes que o mundo acabe (de novo), em três meses. Perdidas em São Francisco, perseguidas por grupos religiosos e caçadores de recompensa e enfrentando uma sociedade cada vez mais próxima do colapso, Vivian e Harp estão em perigo e nem sabem por onde começar a busca por Peter. Até que uma pista as leva a Los Angeles, para o hotel Chateu Marmont, o improvável quartel-general da Igreja Americana, onde supostamente grandes nomes esperam pelo fim do mundo. Parece que Vivian precisa salvar o país, seus amigos e a si mesma, ou arriscar perder tudo que ama mais uma vez. Vivian, Harp, Peter e seus amigos são retratos de uma geração que tenta encontrar seu lugar num mundo que parece enlouquecer. Idealistas e ao mesmo tempo pé no chão, não vão parar por nada até descobrir a verdade nesta continuação de Vivian contra o apocalipse. Com personagens bem-construídos, diversos e apaixonantes, e uma trama cheia de ação e reviravoltas, Vivian contra a América é uma maravilhosa adição a qualquer biblioteca, que vai fazer você questionar tudo, até suas próprias crenças e convicções. 

Vivian Contra a América é o segundo livro da série Vivian Apple, da autora Katie Coyle, uma norte-americana nascida em Nova Jersey, e que vive atualmente com o marido na Califórnia. Seu livro de estreia,Vivian Contra o Apocalipse, foi pontuado com 4 estrelas aqui no blog. E agora, adorei Vivian Contra a América. Se você quiser conhecer um pouco mais sobre essa série, leia a minha resenha do primeiro livro!


“O Apocalipse foi só o começo.”

Neste segundo livro, Katie Coyle mantém o mesmo estilo narrativo do livro anterior, desenvolvendo com bastante convicção e clareza, com um enredo gostoso de ler e personagens que continuam cativantes. A leitura é agradável e flui tão prazerosa, que você não se dá conta de que chegou ao término do livro. E quanto o faz, quer continuar lendo. 

O ponto de partida de Vivian contra a América é justamente o ponto em que terminamos o primeiro livro desta sequência, onde encontramos Vivian e Harp sendo procurados pela Igreja Americana.

Num ótimo estilo distópico, a autora conduz-nos por uma América pós-apocalipse completamente diferente de tudo que já vimos em filmes ou em livros, que, geralmente, encontra a sua devastação em terremotos, tsunamis, vírus letais, infestações zumbis, invasões alienígenas, asteroides, entre outras coisas catastróficas da inventiva mente humana. Katie Coyle, por sua vez, nos traz uma humanidade perturbada e assombrada, para não dizer obsediada, pelas ilusões de um mundo materialista, pautada na egolatria, na desumanidade, na ausência de ética e moral. A religião continua como um pano de fundo, bem marcante e presente, como vimos no primeiro livro, e desta vez bem mais acentuado. E da mesma forma como vimos no livro anterior, Katie Coyle tem a preocupação de tecer personagens humanos, com virtudes e defeitos como todos nós, e recriar, no imaginário, os dramas pelo qual todos nós passamos todos os dias em busca de aceitação social e humanidade.


As reflexões que Katie Coyle nos faz ter ao longo da leitura não é impositiva. Ela expõe os problemas e desenvolve a reflexão de uma forma bem informal, quase subjetiva, deixando a nosso cargo desenvolver a maior parte da ponderação. Um exemplo é a questão do certo e o errado. Nós aprendemos desde cedo, ainda na infância, por nossos pais, o que é certo e o que é errado: "não faça isso, por que é errado"; "coma isso, porque é bom para você"; etc. No romance, Coyle nos coloca diante desses questionamentos, nos convidando a refletir exatamente sobre o  que é o certo, e até onde o certo é certo; e o que é errado, e até onde o errado é errado. Não será tudo pontos de vistas, pura e simplesmente? Ou seja, a minha verdade é minha verdade, o meu ponto de vista, até que eu mude o ponto de visão e essa verdade pode se manter ou se tornar uma outra verdade para mim. Então, o certo é certo e o errado é errado? Ou será que não?


Coyle tem a capacidade de nos surpreender em profundidade numa história bem simples e delicada, como a maioria das coisas na Natureza, singelas e até pueris, que enchem os nossos olhos com sua beleza. Quem já não se encantou com um por do sol, ou uma simples flor do campo, e ficou admirado? Tem gente que nunca parou para reparar num alvorecer ou num por do sol, e tá pouco se lixando para as flores do campo. Esta é a realidade da natureza humana. O que é lindo e deslumbrante para uns é motivo de riso e chacota para outros.

Vivian Contra a América  nos traz exatamente essas reflexões sobre a vida, sobre a religião, sobre as ideologias, sobre os nossos comportamentos existenciais, e a forma como estamos criando um mundo melhor de se viver ou só mais uma ilusão que se encontra nos catálogos de moda ou nas vitrines dos modismos caros e passageiros.

Vivian Contra a América, assim como Vivian Contra o Apocalipse, pode não mudar o mundo, mas mostra que nós, como seres humanos, precisamos urgentemente mudar nosso modo de ver, sentir e perceber o mundo, pois o mundo está mudando, só não nos demos conta disso ainda. Pra finalizar, o livro é show. Não posso falar muito sobre este segundo livro sem soltar spoilers, mas recomendo: Leiam! Estou adorando esta série!

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