Presságios de Um Crime (Solace)
Solace, de Afonso Poyart
“Presságios de Um Crime” é um projeto que está há tempos em circulação nos Estados Unidos. Entusiasmada com o sucesso de “Seven: Os Sete Pecados Capitais”, a New Line Cinema logo recomendou uma sequência, ao qual David Fincher sabiamente bateu o pé. Reformulado após os tratamentos da dupla Sean Bailey e Ted Griffin, “Presságios de Um Crime” vem com um atrativo especial para o público brasileiro: o nome de Afonso Poyart na direção.
2 Coelhos” não fez um sucesso estrondoso em sua passagem pelos cinemas no início de 2012, o que não impediu a sua transformação em obra de culto e também em credencial para Afonso Poyart chamar a atenção de produtores estrangeiros, certamente impressionados com uma energia diferente conferida a um filme brasileiro de ação. Preservou a virtude em “Presságios de Um Crime”, agora sob os contornos obscuros de um suspense policial.
Agente incumbido de investigar o responsável por uma série de crimes ritualísticos, Joe Merriweather (Jeffrey Dean Morgan), junto a sua parceira Katherine Cowles (Abbie Cornish), recorre a John Clancy (Anthony Hopkins) para elucidar o mistério. Trata-se de um senhor isolado em sua residência, aparentemente em recuperação por alguma tragédia particular e com habilidades psíquicas, como prever acontecimentos futuros por meio de imagens geralmente perturbadoras.
Embora presente somente na segunda metade da história, não há nenhum segredo quanto a participação de Colin Farrell como o assassino procurado por Joe. É o seu Charles Ambrose que aproxima “Presságios de Um Crime” de “Seven”, com propósitos que o assemelham ao John Doe de Kevin Spacey. No entanto, é nas interações com John Clancy que Charles é movido para outras direções, travando um embate psicológico que se materializa em cena.
Mesmo com restrições perceptíveis, Afonso Poyart obtém êxitos na condução de “Presságios de Um Crime”. Grande veterano ultimamente visto em papéis incorporados no piloto automático, Anthony Hopkins está em um bom momento ao permitir a exploração da força de seu olhar e ao conferir um viés paternal a um sujeito amargo. Há também o bom uso de flashes premonitórios que ampliam o tom de perigo que cercam os personagens que desejam capturar Charles.
O limite está na sensação de que a premissa sobre dois opostos com habilidades quase sobre-humanas não atinge todo o seu potencial. Algumas manobras com a câmera, o uso excessivo de zooms e a promessa de um nível gráfico que não se efetiva (como sugere uma cena da autópsia) são alguns fatores que incapacitam “Presságios de Um Crime” de corresponder às expectativas de um grande thrillerpsicológico.

fonte:http://cineresenhas.com.br/2016/02/24/resenha-critica-pressagios-de-um-crime-2015/