sábado, 12 de dezembro de 2015

Resenha de livros: Amada Imortal de Cate Tiernan.




Cate Tiernan
ISBN: 9788501092656
Tradução: Regiane Winarski
Ano: 2012
Páginas: 
280 
Preço: 
R$ 29,90
Editora: Galera Record
Pontuação: ♥ ♥ ♥  
Sinopse: Primeiro livro de bem-sucedida trilogia, mistura fantasia sobre imortais a uma história moderna de jovem em busca de si mesma e de redenção. Questões de identidade e moralidade aparecem na trama, protagonizada pela imortal Nastasya. Nascida em 1551, acostumada a beber e sair para baladas cada vez mais loucas, ela perdeu o rumo. Suas conexões com outros imortais, interessados apenas em suas habilidades mágicas, a fazem partir em busca de um propósito. E o encontra em uma espécie de clínica de reabilitação para os de sua espécie, onde conhece um pouco mais sobre o próprio passado e cria importantes laços para o futuro.

Amada Imortal é o primeiro livro da série Immortal Beloved, da autora   Com o foco no sobrenatural, a autora consegue nos apresentar um mundo onde imortais vivem junto aos seres humanos, de uma forma muito real.

No livro somos apresentados à vida de Nastasya, mais conhecida como Nas. Mas este não é seu verdadeiro nome. Aliás, há muito tempo esta imortal de 449 anos não se lembra mais quem é, já não sabe mais onde foi parar sua verdadeira identidade. Pois ela já teve muitas. Já viu muitas coisas, e vivenciou todo o tipo de situações. Apesar de aparentar ser jovem, uma garota de 17 anos, seu coração e seu espirito é velho e sofrido. Sua alma se encontra envolta em sombras, perdida num limear entre a escuridão e a luz. Agora, ela leva uma vida de excessos, sem limites, sem regras e sem preocupações. Tudo o que ela quer é se divertir. E ela vive para isso. Afinal, depois de viver tantos séculos, qual é a graça da vida senão aproveitá-la em seu máximo? Ela já não se preocupa mais com sua aparência, com suas roupas, ou onde mora. Não se importa mais com ninguém, não se apega mais a ninguém. Ela vive em companhia de um grupo de imortais, entre eles seu melhor amigo, Incy.

Tudo parece bem, e perfeito, até que em uma noite, após uma noite de diversão desmedida, ela e o grupo se deparam com um motorista de taxi. O taxista não gosta nada da bagunça que o grupo faz e os expulsa de seu carro. Mas Incy não gosta nada da atitude do motorista, e usa magick (magia usada pelos imortais) nele. Seu poder deixa o homem paralisado e quebra sua coluna, deixando-o inerte na calçada, sem poder se defender, em baixo de chuva.
Ontem à noite meu mundo inteiro desabou. Agora estou fugindo, com medo. Já aconteceu de você estar seguindo em frente, vivendo sua vida, vivendo a sua realidade e, de repente, acontece uma coisa que parte seu mundo ao meio? Você vê ou ouve alguma coisa, e, de repente, tudo o que você é, tudo o que está fazendo, se estilhaça em mil pedaços graças a uma amarga percepção? Aconteceu comigo na noite de ontem. 

É então que Nastasya acorda, e para para pensar no modo como vêm vivendo, e se sente realmente horrível por não ter ajudado o pobre homem. Se sente verdadeiramente horrível por não ter voltado, por abandoná-lo lá. Se sente mal não somente por isso, mas pelo sentido de sua vida, que agora, está parecendo estar mais perdida do que realmente bem vivida. Não é certo usar seus poderes de imortal para causar o mal a qualquer ser vivo. E ver outro imortal, principalmente alguém que ela achava conhecer, usando este poder para o mal, é repugnante. É então que ela decide fugir. Fugir desta vida, fugir para longe de Incy e sua magick cruel. Fugir para longe do amigo. Fugir de si mesma, e de sua vida vazia e sem sentido.

Bom, eu contei tudo isso da história para que vocês entendam melhor a complexidade dos sentimentos da personagem (e de todos os outros) na trama. A partir do momento em que Nas decide fugir, ela relembra que há muito tempo encontrou uma senhora chamada River, nos Estados Unidos, que mantêm uma pensão para imortais, e garantiu que se ela precisasse de ajuda poderia procurá-la.  A mulher, mais velha do que se possa imaginar, é generosa e a acolhe no local. Mas nem tudo é como Nas imagina. Ela apenas queria um lugar para se esconder. Mas lá descobre que tudo o que achou que era nessas centenas de anos vividos, era apenas uma sombra do que ela verdadeiramente era. Ela terá que atrabalhar duro para aprender a seguir os caminhos da luz, do bem, a dar valor à sua vida, e ao verdadeiro significado de viver.
Entre inimigos velados, uma paixão avassaladora com misto de ódio inexplicável por Reyn (um deus nórdico de tirar o fôlego) e seu amigo Incy cheio de fúria procurando por ela, Nastasya irá lutar para, acima de tudo, salvar a si mesma, e descobrir a verdade sobre seu verdadeiro eu. Aliás, é lá que ela entenderá o porque de sua estranha cicatriz na nuca, que ela faz questão de esconder de todos.

Em primeiro lugar, devo ressaltar a ótima narrativa da autora. A mesma é fácil e muito agradável, mas também muito intensa. Estamos dentro da cabeça e dos sentimentos de Nas. Eu fiquei realmente atordoada com tudo o que li. A intensa e imensa tristeza de se viver por tantos e tantos anos, por ver e sentir tantas coisas, é realmente um fardo muito pesado. E Catie Tiernan consegue transmitir com exatidão este sentimento ao leitor. A narrativa (do ponto de vista de Nasé triste.

A história do primeiro volume é bem simples, e até mesmo pacata, mas têm um significado grandioso. Acima de tudo, o modo como os personagens nos são apresentados, suas dores e tristezas, suas vivências, suas histórias; nos fazem perceber o quanto a vida tem mais significado e beleza que nossos olhos desatentos não conseguem enxergar. Porque não estamos prestando atenção a isso. Ansiamos viver por viver, assim como Nas, e muitas vezes perdemo-nos no caminho. 

Achei muito bacana o modo como a autora construiu a relação entre os personagens, suas heranças e suas lembranças. Principalmente entre Nas  e Reyn. Achei realmente perfeito o modo como a autora interliga suas vidas. Além disso, a história dos imortais, é muito interessante e de sua importância para a compreensão tanto do passado, quanto do futuro dos mesmos.

Não tenho palavras para descrever o que senti com a leitura. Apenas posso dizer que senti ter em minhas mãos algo poderoso. Como se segurasse algo vivo nas mãos, algo pulsante e cheio de vida, cheio de sentimentos. Catie Tiernan inundou suas páginas com uma narrativa rica e real, com uma história repleta de amor, ódio, ganância, o bem e o mal, perdão, renuncia, etc.  O livro tem beleza e intensidade únicas.

Eu simplesmente amei, e recomendo muito! Tiernan ainda nos presenteia com um final que deixa um gostinho de quero mais, e cheio de pontas soltas. A grande aventura ainda está por vir. Aguardo ansiosamente a continuação

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