quarta-feira, 1 de março de 2017

[CRÍTICA] Um Limite Entre Nós.

 

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Anos 1950. Troy Maxson (Denzel Washington) tem 53 anos e mora com a esposa, Rose (Viola Davis), e o filho mais novo, Cory (Jovan Adepo). Ele trabalha recolhendo lixo das ruas e batalha na empresa para que consiga migrar para o posto de motorista do caminhão de lixo. Troy sente um profundo rancor por não ter conseguido se tornar jogador profissional de baseball, devido à cor de sua pele, e por causa disto não quer que o filho siga como esportista. Isto faz com que o jovem bata de frente com o pai, já que um recrutador está prestes a ser enviado para observá-lo em jogos de futebol americano.
Indicado a quatro Oscars, a adaptação da peça homônima da Broadway, Um Limite Entre Nós, sustenta-se primeiramente por seus diálogos. Com duração de mais de duas horas, e aparente uso da tática de teatro filmado, fazendo desuso de grande produção, sem seus diálogos marcantes no meio de tanta conversação rotineira o filme não seria nada. Principalmente consolidados pelas atuações memoráveis de seus protagonistas.
Não sou fã do Denzel, inclusive acho que muitos de seus filmes são a mesma coisa com nomes diferentes, mas não há como negar sua atuação impecável no filme. Tomando conta de cada frame, sua presença é palpável; principalmente pelo enredo girar em torno de seu personagem, Troy, típico provedor familiar dos anos 1950 de pensamento retrógrado, onde sua maior responsabilidade é simplesmente suprir necessidades da casa — que não engulo de jeito nenhum, mas não ofusca sua atuação. Sua intensidade e o modo como o personagem é apresentado lhe davam minha sincera torcida pelo Oscar de Melhor Ator, infelizmente não recebido.
Entretanto, a maior estrela do filme é, absolutamente, Viola Davis. Sua personagem, Rose, fica responsável pelo papel de mãe apaziguadora e compreensiva que aceita ficar em segundo plano por seu imenso amor pelo marido e, justamente pelo imenso foco em Denzel, ela agarra cada mísera chance de brilhar com unhas e dentes e alça voo sem precisar de mais nada. No momento em que essa crítica vai ao ar ela já ganhou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, único vencido pelo filme, que, mesmo tendo torcido muito pela Naomie Harris de Moonlight, foi muito merecido.
Um único ponto relativamente negativo é a tradução do título. Se adaptado literalmente de seu original, Fences, chamando-se Cercas, consentiria mais naturalmente com a mensagem proposta. Os conflitos entre Troy e seu filho, Cory, interpretado por Jovan Adepo, giram em torno de ambos construírem um cerca literal em volta da casa onde vivem, e ao longo do filme são apresentadas metáforas ligadas diretamente a isso, que teriam ligação mais proveitosa se bem traduzido.
Um Limite Entre Nós, ou Cercas se concordarem comigo, é a perfeita representação das pessoas comuns. Os ordinários que ficam em segundo plano, os que mais se parecem coadjuvantes em suas próprias vidas. Com muito falatório, interações humanas e, frisando o máximo possível, atuações maravilhosas, este é um filme que evidencia talento acima de tudo. Talvez você não saia do cinema dando muita bola para a história em si, mas, com certeza, sairá maravilhado por esses atore

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