por Ronaldo D'Arcadia
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Dois universos em conflito nos são apresentados: primeiramente conhecemos a família de Nader, de classe alta, ávida por conhecimento, educação e praticante de atitudes igualitárias na questão "homens e mulheres". Seus problemas são simbolicamente representados pela saúde debilitada do pai de Nader, que sofre de Alzheimer, fato que acarreta a separação do casal mediante a decisão de Simin deixar o Irã com a filha Termeh (Sarina Fahardi). Nader escolhe ficar para cuidar do pai.
Já do outro lado temos a empregada Razieh (Sareh Bayat), mulher extremamente temente a deus. Seu marido Hodjat (Shahab Hosseini) segue a mesma linha extremista, exemplificando para o público os efeitos de tal devoção exacerbada, caracterizada por uma violência carregada de ignorância, sentimentos de culpa e eterna posição de vítima das situações.
Já do outro lado temos a empregada Razieh (Sareh Bayat), mulher extremamente temente a deus. Seu marido Hodjat (Shahab Hosseini) segue a mesma linha extremista, exemplificando para o público os efeitos de tal devoção exacerbada, caracterizada por uma violência carregada de ignorância, sentimentos de culpa e eterna posição de vítima das situações.
Estas duas vertentes de famílias iranianas são expostas de maneira bem definida, sendo que, inicialmente, ambas parecem distintas - com suas qualidades e defeitos bem claros -, mas isso se transforma com o decorrer da trama, que nivela ações cabais quando tudo colide de forma abrupta.
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No final, "A Separação" usa o fim de um relacionamento, primeiramente para aproximar qualquer etnia até sua trama, e depois, para explorar as dificuldades, qualidades e principalmente defeitos do povo iraniano. De forma sufocante, o diretor visita o momento em que a vida, plena e satisfatória, muda diante dos olhos e nada pode ser feito. O sentimento de impotência e descontrole toma conta dos personagens. Olhando de fora, o público pode até fazer seu veredicto, apontar as inconsistências de um, defender a postura de outro, ou entender o sofrimento, relevar as ofensas.
Mas não existem culpados ou inocentes nesta separação do povo iraniano. Todos, ironicamente, são vítimas da situação. Farhadi a todo momento mostra que a reconciliação é possível, na verdade é muito próxima, pois ainda existe amor. Mas ele, o amor, encontra suas barreiras no orgulho esmagador de ambas as partes, na desconfiança. É aí, de forma simbólica, diante desta relação disfuncional, que o diretor traça o paralelo com a história de seu próprio país, enfatizando principalmente a angústia e questionamento dos filhos ao redor, os que mais sofrem e a única esperança de um futuro menos caótico para o Irã.
Confira o trailer:
A Separação/ Jodaeiye Nader az Simin: Irã/ 2011/ 123 min/ Direção: Asghar Farhadi/ Elenco: Peyman Moadi, Leila Hatami, Sareh Bayat, Shahab Hosseini, Babak Karimi, Sarina Farhadi
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