Captain America: Civil War, de Anthony Russo e Joe Russo
Os filmes solos do Homem de Ferro, Hulk, Thor e Capitão América se comportaram mais como um aquecimento para o que viria a ser “Os Vingadores” do que aventuras isoladas, Mesmo não fazendo um filme perfeito, Joss Whedon cumpriu com as expectativas aguardadas para a reunião de personagens tão queridos no imaginário nerd. No entanto, para onde avançar a partir desse ponto? Quais novidades oferecer quando esses indivíduos com poderes especiais já não são mais estranhos entre si?
Em “Vingadores: Era de Ultron”, era bem evidente que Whedon estava rondado por esses questionamentos, sem saber qual solução conferir. A resposta para o impasse veio a ser os irmãos Anthony e Joe Russo. Há dois anos, eles comandaram “Capitão América 2: O Soldado Invernal”. Mantendo o bom humor e a pegada com a ação de Whedon, os Russo ainda se sobressaíram ao oferecer um elemento mais cerebral no segundo filme protagonizado por Capitão América, como a sua inadequação em um contexto no qual passará a viver.
Por tudo isso, “Capitão América: Guerra Civil” vem a ser o melhor filme da franquia Marvel. É também inesperadamente ousado. Pela primeira vez, a figura do herói deixa de ser prestigiada para ser problematizada. Aqui, os Vingadores não são apenas aqueles que salvam o dia, mas também os agentes que colaboram para o seu caos. Afinal, o uso de habilidades sobre-humanas derruba tanto o vilão da vez quando o cenário que serve de palco para os embates, composto também por inocentes e os edifícios em que habitam ou trabalham.
São por essas ruínas que os Vingadores vão precisar prestar contas, deixando o coletivo dividido. De um lado, Tony Stark (Robert Downey Jr.) está disposto a assinar um tratado no qual só terá passe livre para atuar como o Homem de Ferro quando os líderes mundiais clamarem por sua intervenção. Do outro, Steve Rogers (Chris Evans) estuda que o acordo transformará os Vingadores em animais enjaulados, como vem a se sentir Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen), em reclusão após ser responsabilizada pela morte de dezenas durante uma ação terrorista de Brock Rumlow (Frank Grillo).
Como em todo o coletivo que se dissolve, há aqueles que apoiarão Tony Stark, enquanto outros compreendem o raciocínio de Steve Rogers, ainda que sua credibilidade seja colocada em xeque pelo seu zelo ao proteger Bucky Barnes (Sebastian Stan), o Soldado Invernal. Com isso, vem os atritos entre aliados, trazendo a bordo figuras nem um pouco esperados, como o Homem-Aranha, um dos pontos altos de “Capitão América: Guerra Civil” e tendo em Tom Holland a sua melhor encarnação no cinema.
Há inconsistências no filme, cujo roteiro é assinado por Christopher Markus e Stephen McFeely. A participação especial de Alfre Woodard como uma mãe com uma tragédia diretamente ligada aos Vingadores vem somente para causar um peso temporário na consciência de Tony Stark e o alemão Daniel Brühl não é capaz de provocar uma forte impressão como o vilão Zemo, por mais grande que seja como ator.
Ainda assim, as fragilidades se apequenam diante de qualidades realmente complicadas de se garantir. Além do equilíbrio entre humor e seriedade, “Capitão América: Guerra Civil” sabe gerenciar o sem número de personagens em ação, assim como os dramas particulares que cada um carrega. Os direcionamentos também apontam para novos horizontes, podendo influenciar a feitura de “Spider-Man: Homecoming” (prometido para o ano que vem), “Homem-Formiga e a Vespa” e “Pantera Negra” (ambos assegurados para 2018).
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