Ainda que seja dona de uma carreira estável, a veterana Blythe Danner se acomodou em escolhas que não a fizeram variar na ficção, geralmente encarnando a mãe coruja ou a avó recatada. Não à toa, é mais reconhecida como a mãe de Gwyneth Paltrow do que pelo seu próprio nome. Pois foi preciso o jovem diretor Brett Haley reconhecer algo de especial em Danner para finalmente presenteá-la com um papel extraordinário em “Reaprendendo a Amar”, no qual a atriz não é somente o centro das atenções, como também o talento que pulsará o filme a cada segundo.
Professora universitária aposentada, a Carol Petersen de Danner é hoje uma mulher presa a um cotidiano sem atrações, aproveitando o conforto de uma pensão bem generosa deixada pelo seu falecido marido. Sequer as reuniões entre as suas melhores amigas são capazes de agitar as coisas. Por isso mesmo, ela encara como uma tempestade em um copo d’água a intrusão de um roedor em sua residência, logo contando com os serviços do jovem Lloyd (Martin Starr) para dar fim ao novo morador indesejado.
Sem novas figuras batendo à sua porta, Carol visualiza em Lloyd a possibilidade de ter um novo amigo. Como nas melhores relações entre indivíduos pertencentes a gerações bem diferentes, ambos acabam identificando alguns pontos de atração, com ele reconhecendo a importância de se ter alguma estabilidade enquanto ela constata que até os mais velhos devem se permitir a novas aventuras, estas vindo na forma de Bill (Sam Elliott), também um sujeito com a vida feita tentando emplacar uma nova paixão.
Em parceria com Marc Basch, Brett Haley cria um texto afetuoso ao ponto de transcender para fora da tela o prazer que há em testemunhar as interações entre duas pessoas que realmente se completam ao mesmo tempo em que reconhece as etapas finais do ciclo de uma existência com todas as surpresas e decepções presentes nos estágios prévios. Comovente sem abrir mão daquela leveza necessária em recomeços, o resultando ainda amplia o desejo em ver Danner em outros papéis como o de Carol
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