Ano: 2017 |
Título Original: Bright |
Dirigido por: David Ayer |
Avaliação: ★★★★☆ (Ótimo) |
Bright chegou ao Brasil com uma forte divulgação, encabeçada por geniais vídeos divulgados pela Netflix (que, aliás, tem investido forte e acertadamente em marketing junto ao público brasileiro) e pela presença de Will Smith, Joel Edgerton e David Ayer na Comic Con Experience, onde o filme foi exibido em pré-estreia.
Salva toda possível expectativa sobre Bright, trata-se de um típico filme de ação policial com uma boa mescla de fantasia, uma mistura interessante com a sempre garantida boa atuação de Will Smith e que também resgata o diretor David Ayer.
Em Bright, existe uma sociedade onde convivem criaturas das mais diversas espécies, até mesmo fadas. Os Orcs são marginalizados, vivendo nos guetos; os elfos fazem parte da alta elite e menosprezam humanos e Orcs; e bem, humanos, neste caso, continuam sendo humanos, e além das diferenças entre si, também menosprezam os Orcs.
Neste contexto, Daryl Ward (Smith) é um policial que tem como parceiro o Orc Nick Jakoby (Edgerton), único de sua raça a integrar as forças policiais. Jakoby vive sob a desconfiança de seu parceiro, dos outros policiais e é também menosprezado pelos semelhantes de sua raça. Jakoby orgulha-se de ser um policial e busca o reconhecimento de Ward, a quem vê como amigo e inspiração.
Os Orcs, por sua vez, exaltam um passado onde a magia era venerada, quando derrotaram o Senhor das Trevas – um poderoso elfo que visava eliminar as outras raças – e, por isso, não veem a aliança de sua raça a outras com bons olhos. No tempo atual, a magia é visto como algo não mais existente, e tudo o que cerca estas histórias é vista pela maioria apenas como lendas.
A trama apresenta seu real objetivo quando a dupla se depara com a elfa Tikka (Lucy Fry), detentora de uma varinha mágica, um artefato poderosíssimo que só pode ser manejado por um Bright, seres únicos e raros capazes de controlar magia. Ward e Jakoby, de repente, se veem envoltos em uma guerra entre gangues, elfos e polícia em torno do objeto mágico que pode mudar a realidade como eles conhecem.
Embora apresente uma série de pontas relacionadas ao seu pano de fundo mágico, como a própria origem dos Brights e mesmo o lado dos elfos, Bright não os explora com tanta clareza, deixando às vezes a impressão de que tais elementos não possuem muita relevância (e alguns não possuem mesmo). Os vilões também apresentam pouca profundidade e não chegam a cativar.
Por outro lado, o desenvolvimento dos protagonistas é ótimo, ficando evidente a boa dinâmica entre Smith e Edgerton, que parecem bastante à vontade em seus papéis – em alguns momentos, parece que estamos vendo uma nova versão de Bad Boys, com uma roupagem moderna e fantástica que acrescenta bastante. E, do mesmo modo, o longa rende cenas de ação de tirar o fôlego.
A mescla de elementos de fantasia com ação policial e um contexto moderno é bem interessante e mostra a competência de Ayer e da Netflix em criar estórias originais, com uma trilha sonora excelente e que conduz os momentos chaves do filme em ótimo tom (inclusive, recomendamos ouvir, está no Spotify).
Outro ponto positivo e, talvez, o mais importante de Bright: por baixo do teor fantasia-contemporânea sob o qual a estória é desenvolvida, há uma clara mensagem sobre racismo, xenofobia e segregação, evidenciada pelas raças apresentadas na trama. Os comportamentos notados especialmente em relação ao policial Jakoby evidenciam o preconceito eminente e a necessidade de falar sobre o tema, atingindo uma ferida que nunca foi tão atual quanto agora.
Desconsiderando qualquer pretensão de ser um épico do momento ou de criar um novo gênero de filmes, Bright é um ótimo longa, divertido e entusiasmante. Um clássico filme de ação pipoca, com uma abordagem nova, bons diálogos e cenas de impacto.
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