Tradução: Michele Gerhardt
Ano: 2014
Páginas: 602
Editora: Record
Classificação: ♥♥♥♥♥
Páginas: 602
Editora: Record
Classificação: ♥♥♥♥♥
A vida e a história de Cristóvão Colombo permanecem um mistério. O famoso navegador, conhecido por ter descoberto a América, nunca deixou muitos registros sobre os seus feitos, o que sempre levantou suspeitas. Mas e se tudo o que sabemos sobre o descobrimento da América for uma mentira? E se essa mentira foi planejada para esconder o verdadeiro motivo pelo qual Colombo partiu em seu navio, em 1492? E se esse segredo guardado há mais de quinhentos anos for capaz de reformular todo o cenário político moderno? Nesta nova aventura, Steve Berry redescobre os segredos por trás dessas perguntas e revela ao mundo um tesouro há muito tempo perdido.
Steve Berry é sempre sinônimo de boa leitura. A cada ano o autor vem se destacando mundialmente com bons lançamentos no mercado editorial. Seus dois primeiros livros, A Sala de Âmbar e a A Profecia Romanov, tornaram-se best-sellers mundiais em curtíssimo tempo, abrindo espaço para que o autor tornar-se mundialmente conhecido. Me admira que o mesmo ainda não tenha sido objeto de interessa por parte de Hollywood, pois as histórias que ele escreve são sempre recheadas e pontuadas de muito mistério, ação, aventura, suspense e muito, mas muito embasamento histórico. Ler os livros de Berry é como viajar no tempo.
O autor é tão minucioso nas pesquisas para os seus livros (a maioria delas em companhia de sua esposa) que o mesmo faz questão de visitar pessoalmente cada localidade em que se passou os fatos históricos narrados em seus livros. Na maioria das vezes, para não dizer sempre, o autor é fiel a "verdadeira história" por trás da história oficial. Em seus livros, Berry está sempre desmistificando algum fato ou personalidade histórica.
Desta forma, percebe-se logo que Steve Berry, aqui mesmo no Brasil, já consolidou uma legião de fãs, na qual eu me incluo também. Isso por que A Conspiração Colombo não é o primeiro livro do autor que leio. Tenho todos os livros já lançados pela Editora Record, dos quais já li: A Sala de Âmbar, A Profecia Romanov, O Terceiro Segredo, A Busca de Carlos Magno e Traição em Veneza (que não resenhei aqui no blog). Destes, os três primeiros são os meus preferidos do autor, e os considero as obras-primas de Steve Berry. E dos três, sem dúvida alguma, A Profecia Romanov é o melhor.
Quanto ao livro A Conspiração Colombo segue o estilo aventura-mistério que consagrou Steve Berry. E ao contrário do que disse o The Washington Post, na capa do livro, que esse é “o melhor livro de Steve Berry até agora”, eu, particularmente, não concordo. Ainda não li, como disse acima, todos os livros do autor para tecer um comparativo exato de qual livro dele é melhor. Seja como for, para mim, sem dúvida alguma, é A Profecia Romanov. E ponto. A Conspiração Colombo é um ótimo livro, ponto. Mas, ainda assim, não supera os livros que já li do autor.
Cristóvão Colombo tornou-se uma lenda. Em A Conspiração Colombo, Steve Berry não trata apenas de desmistificar Colombo. Ele o coloca em seu devido lugar, mostrando como de fato aconteceu a descoberta do Novo Mundo. Steve Berry desnuda a lenda e a torna tão humana quanto qualquer outra pessoa que viveu a época do descobrimento, em 1492. Os detalhes históricos, os verdadeiros, retratando a descoberta do continente americano, a vida de Colombo, seu verdadeiro nome, sua família, seus amigos e inimigos, é aqui revelados em detalhes e considero-os bem interessantes.
Mas não é só de Colombo que o livro trata. Não. O autor também nos leva por várias localidades do mundo, como a Jamaica, Cuba, Viena, Praga entre outras, para contar a sua história. História essa que também tem a ver com a diáspora judaica ao longo de vários séculos, suas relíquias e a retomada do Estado Judáico na atual Israel.
E para ilustrar essa aventura ao redor do mundo, em busca dos segredos ocultos por Cristóvão Colombo, que afeta diretamente o povo judeu, Steve Berry criou uma dezena de personagens interessantes, cujos caminhos acabam se cruzando fatalmente e tornando a leitura ainda mais interessante. Na trama há três grupos distintos.
Na Jamaica temos os maroons, com suas crenças e culturas, onde encontramos Béne Rowe, uma espécie de empresário do submundo que odeia traficantes de drogas. O sujeito é uma espécie de mafioso da ilha, e através dele vamos ficar conhecendo muito da cultura e das origens do povo jamaicano que, direta ou indiretamente, acaba resvalando na saga de Colombo. Rowe foi um dos personagens que eu mais gostei, apesar do sujeito ser uma espécie de "empresário do crime". Ele faz uma grande participação na história, e sem ele o autor não teria merecido as quatro estrelas que lhe dei.
O outro grupo é liderado, tanto por seu ego quanto por seu dinheiro, por Zachariah Simon, um judeu ortodoxo e empresário riquíssimo que, assim como Rowe, está atrás dos segredos ocultos de Colombo. A meu ver, achei-o digno do papel a que se presta. Apenas, como um ponto negativo, achei que o autor explorou muito pouco, ou não da melhor forma possível, todo o potencial que esse personagem tem. Em alguns momentos da leitura, achei Zachariah Simon confuso e repetitivo demais quanto aos seus interesses e as suas atitudes para com Thomas e Alle, os protagonistas. Apesar disso, é um personagem interessante, de presença marcante, através do qual se conhece uma parte da diáspora judaica que, diretamente, tem a ver com o contexto Colombo.
O terceiro grupo é composto por Thomas Sagan e Alle Becket. Pai e filha. Aliás, um relacionamento familiar bastante conturbado e rancoroso, por parte de Alle. Thomas é um ex-repórter de jornal que ganhou um Pulitzer por uma matéria feita no Oriente Médio, envolvendo judeus e árabes num assentamento judaico em área palestina. Apesar da fama, logo sua matéria é desmentida e, acusado de fraude, o jornalista cai em desgraça e na obscuridade. Passa a escrever livros de ficção e, assim, o encontramos no primeiro capítulo tentando se matar. Ele só não o faz porque recebe uma visita inusitada de um desconhecido que lhe mostra uma foto em que sua filha, a quem ele não via fazia anos, foi sequestrada. Aqui começa o envolvimento de Thomas Sagan na Conspiração Colombo. Entre fazer o que os sequestradores querem e salvar sua filha, apesar dela o odiar muito, Thomas terá que desvendar um mistério que envolve seu avô judeu, Abiram, e seus ancestrais, e de quebra, salvar sua filha. Juntamente comThomas vamos conhecer uma outra parte da vida dos judeus e desvendar os mistérios que envolve Colombo e a diáspora judaica.
Gostei muito do personagem Thomas Sagan. O sujeito é carismático e se esforça muito para ajudar sua filha. Alle Becket, por sua vez, é chata demais. Odiei essa personagem que se diz profunda conhecedora da história deColombo mas que, no decorrer do livro, se perde entre atacar o próprio pai e remoer as mágoas da infância. Assim como ocorre com Simon, achei que Berry não soube destilar dessa personagem tudo o que ela poderia tem a oferecer.
Mas não pensem que esses três grupos de personagens vão ficar muito tempo separados. A interação entre eles será inevitável, e as partes se confrontarão num final que muito me lembrou aquele do filme "Indiana Jones e A Última Cruzada", 1989, de George Lucas e Steven Spielberg.
Quanto a narrativa de Berry, acho-a bastante fluida, agradável, e de fácil leitura. Apesar do autor ser bastante minucioso e exigente quanto ao caráter histórico, os fatos expostos não são enfadonhos ou de difícil digestão. A meu ver, é o ponto alto e o diferencial mais agradável e empolgante das suas tramas.
Um outro diferencial interessante, também, é que o autor se renova a cada novo livro. Desta forma, ler Steve Berry é certeza de novas aventuras e novos mistérios por descobrir, ou desmistificar. O que faz de A Conspiração Colomboum prato cheio para os fãs do autor. Sem contar, é claro, que os leitores interessados em uma ficção de aventura e mistério se sentirão em casa.
Quanto a capa e a editoração gráfica do livro, o mesmo segue o padrão dos livros anteriores, editados pela Editora Record. Ou seja, são de ótima qualidade gráfica. A capa tem letras em alto relevo e o seu visual está dentro do contexto. Achei essa edição brasileira bem mais bonita que a original norte-americana. Recomendo!
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