Tradutor: Elaine C. A. Oliveira
Ano: 2014
Páginas: 574
Editora: Novo Conceito
Pontuação: ♥ ♥ ♥ ♥ ♥
(★) Favoritado!
(★) Favoritado!
Atravessando quatro gerações, A Rosa da Meia-Noite percorre desde os reluzentes palácios dos marajás da Índia até as imponentes mansões da Inglaterra, seguindo a trajetória extraordinária de Anahita Chavan, de 1911 até os dias de hoje. No apogeu do Império Britânico, a pequena Anahita, de 11 anos, de origem nobre e família humilde, aproxima-se da geniosa Princesa Indira, com quem estabelece um laço de afeto que nunca mais se romperia. Anahita acompanha sua amiga em uma viagem à Inglaterra pouco tempo antes da eclosão da Primeira Guerra Mundial. Ela conhece, então, o jovem Donald Astbury, herdeiro de uma deslumbrante propriedade, e sua ardilosa mãe. Oitenta anos depois, Rebecca Bradley é uma jovem atriz norte-americana que tem o mundo a seus pés. Quando a turbulenta relação com seu namorado, igualmente rico e famoso, toma um rumo inesperado, ela fica feliz por saber que o seu próximo papel – uma aristocrata dos anos 1920 – irá levá-la para muito longe dos holofotes: a isolada região de Dartmoor, na Inglaterra. As filmagens começam rapidamente, e a locação é a agora decadente Astbury Hall. Descendente de Anahita, Ari Malik chega ao País sem aviso prévio, a fim de mergulhar na história do passado de sua família. Algo que ele descobre junto com Rebecca começa a trazer à tona segredos obscuros que assombram a dinastia Astbury.
Eu realmente procrastinei escrever esta resenha, pois eu sei, bem no fundo do meu coração, que nada do que escrever aqui fará jus a este livro incrível. Ou melhor, a este livro magnifico. A Rosa da Meia-Noite é meu primeiro contato com a autora Lucinda Riley, e me questiono o motivo pelo qual demorei tanto para ler algo da autora. Até hoje de todos os livros que li, sem dúvida alguma, Lucinda é a que mais me impressionou com um livro do gênero.
Sim, me impressionou porque ela sabe arquitetar uma história como ninguém. Em questão de romance histórico ou drama ela dá um show de narrativa, e me vi fascinada com a construção da trama, a ambientação, os personagens e toda a grandiosidade de seu livro. São mais de 500 páginas de uma história tão rica em detalhes, que foi impossível não favoritar o livro.
A história de Lucinda atravessa quatro gerações, começando precisamente em 1911 chegando até os dias atuais no ano de 2011. São cem anos de história contados de forma tão envolvente, que foi impossível largar o livro. Conhecemos Anahita Chavan que, logo no inicio do livro, está completando seus cem anos de idade.
Qualquer "beleza" que possa ser considerada valiosa em mim se esconde profundamente em minha essência. É a sabedoria de cem anos vividos nesse mundo, e um coração que tem batido em cadenciado acompanhamento para todos os imagináveis comportamentos e emoções humanos.
Toda a família a visita para comemorar seu aniversário, mas o maior interesse da senhora é seu bisneto Ari Malik, a quem ela confiará seu bem mais precioso: uma pilha de papéis que formam uma extensa carta relatando sua vida e todos os acontecimentos que vivenciou para seu filho perdido, considerado morto ainda pequeno, e queAnahita sabe e sente que não morreu como a fizeram acreditar. No fundo de seu coração ela sabia que se ele estivesse morto ela sentiria, pois ela tem magia em sua alma, ouve os espíritos que a guiaram por toda a sua vida. Ela espera que um dia Ari leia a carta, uma história que ninguém de sua família conhece, e investigue a verdade sobre seu filho.
Ari, grande e próspero empresário indiano, não dá muita importância para sua deteriorada bisavó. Mesmo depois da morte da senhora, ele não se preocupa, e muito menos se lembra da carta que era tão importante para Anahita. Mas um acontecimento o fará perceber que ele tem vivido apenas para o trabalho, e deixado de realmente viver para apenas existir. Cansado e desmotivado, ele viajará para a Inglaterra, junto com a carta, para investigar a história deAnahita e tentar se encontrar, e acaba lendo o tão precioso relato da bisavó: uma história fantástica e triste, parte incrível do passado e um presente para o futuro de Ari.
Também na Inglaterra a atriz americana Rebecca Bradlley irá gravar um filme de época em uma linda e estonteante mansão, a Astbury Hall. Um local decadente, mas ainda cheio de resquícios do antigo esplendor, que guarda muitos mistérios e segredos, e que faz parte de nossa incrível jornada por descobertas e pelo passado. Rebecca não poderia ter viajado em tempo melhor, afinal meio que fugiu de seu namorado, também astro do cinema, que a havia pedido em casamento. As gravações do filme vieram em ótima hora. Ela conhece Lorde Anthony Astbury, que gentilmente a deixa ficar hospedada na mansão, que também será o ambiente das gravações para o filme. O queRebecca não imaginava é que sua vida iria mudar, e que antigos esqueletos sairiam do armário para assombrá-la, e para unir passado e presente.
Quando Ari começa a ler a carta nos transportamos para a Índia de 1911, onde a jornada de Anahita tem início. Não vou e não posso entrar em detalhes sobre o conteúdo da carta e a história narrada nela, que vai se entremear com o presente, conforme a história vai ganhando forma. Mas posso dizer que é incrível. O livro é dividido em partes, entre o passado narrado pela carta de Anahita e passagens com o presente narrado em terceira pessoa.
Eu fiquei fascinada com a exoticidade da história em muitos momentos, conhecendo uma Índia exuberante com seus marajás, príncipes e princesas. Ouro, jóias, lindos palácios, elefantes, vestimentas coloridas e ricas em detalhes. Uma cultura que me deixou com os olhos brilhando, e ávida. Eu adoro livros que mostram culturas diferentes, em épocas antigas. Simplesmente sou apaixonada por livros com riqueza histórica e cultural. E A Rosa da Meia-Noite tem isso e muito mais. E é nessa Índia da infância e juventude de Anahita que a jovem irá conhecer a pessoa que irá mudar seu caminho e seu futuro, entrelaçada ao seu destino de uma forma irreparável: a Princesa Indira. Amiga, irmã, companheira. Ao longo dos anos suas vidas estarão entrelaçadas, se soltando e se estreitando.
E tenho que confessar também que este livro tem os personagens mais carismáticos que já tive o prazer de ler em um livro do gênero, e também a pessoa mais odiosa e má que já vi. A "vilã" da história é uma mulher cheia do mais puro egoísmo, que não medirá esforços para conquistar o que quer para si, e para o que acha ser certo, não importando quais serão as consequências, desde que consiga o resultado. Odiei esta mulher! Odiei com todas as minhas forças, e é a personagem mais odiosa que já vi em um livro. O mal personificado em pessoa.
Amei a forma como Lucinda conta sua história, e me vi comovida com a trajetória de Anahita. O modo como as vidas se interligam, como os acontecimentos se amarram entre si, como uma coisa inevitavelmente leva à outra. O livro também mostra os preconceitos, costumes e tradições da época. Este livro é basicamente um drama, mas é muito mais do que isso. A riqueza dos detalhes da narrativa da autora, constroem uma história de perdão e conquista. De perdas e descobertas, mas também de amor e redenção. Mostra que o amor não tem barreiras, não tem limites, e atravessa sim o tempo e o espaço. Atravessa os anos e pode tocar nossas almas das mais variadas maneiras, mesmo quando nem esperamos.
Ari se flagrou chorando enquanto ficou ali parado, olhando para cima, finalmente compreendendo que Anahita havia lhe dado muito mais do que apenas a sua história.
Da Índia para a Inglaterra, do passado para o presente, Lucinda Riley me deixou encantada. Sua narrativa é muito mais do que apenas envolvente, é primorosa. Ela consegue amarrar muito bem todos os personagens, lugares, situações, passado e presente, e não deixa nenhuma ponta solta. Não deixa também nenhuma pergunta sem resposta (até mesmo o título tem seu sentido), e fecha sua trama com chave de ouro, o que me trouxe lágrimas aos olhos pela dor que vivi ao decorrer do livro, mas também pela beleza de uma história que tem começo, meio e um fim. Um belo fim. Um presente, tanto para os personagens, quanto para o leitor. E foi um lindo presente para mim.
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