ISBN: 9788580442670
Série: Srta. Peregrine, vol. 1
Tradução: Edmundo Barreiro e Márcia Blasques
Ano de Lançamento: 2012
Número de Páginas: 336
Editora: Leya
Série: Srta. Peregrine, vol. 1
Tradução: Edmundo Barreiro e Márcia Blasques
Ano de Lançamento: 2012
Número de Páginas: 336
Editora: Leya
Classificação: ♥♥♥♥♥
Tudo está à espera para ser descoberto em O orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares. Nossa história começa com uma horrível tragédia familiar que lança Jacob, um rapaz de 16 anos, em uma jornada até uma ilha remota na costa do País de Gales, onde descobre as ruínas do Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares. Enquanto Jacob explora os quartos e corredores abandonados, fica claro que as crianças do orfanato são muito mais do que simplesmente peculiares. Elas podem ter sido perigosas e confinadas na ilha deserta por um bom motivo. E, de algum modo, por mais impossível que pareça, ainda podem estar vivas.
“Eu tinha acabado de aceitar que minha vida seria apenas comum quando coisas extraordinárias começaram a acontecer comigo.” – Prólogo.
A primeira coisa que me atraiu nesse livro foi a belíssima arte gráfica e seu estilo de livro antigo. A capa e a contracapa, em tom sépia, tem um toque sobrenatural que remete aos filmes de terror sobre construções assombradas, lugarejos onde se ocultam antigos e sinistros segredos de família, e filmes noir de mistério e terror dos anos 1950. Adorei também as páginas com arabescos iniciando os capítulos e as fotografias em preto e branco ilustrando situações narradas no livro, colocadas em pontos estratégicos pelo autor para aguçar a nossa curiosidade, ou provocar aquela sensação de desconforto que antecede um momento de susto. Segundo o autor, as fotos são reais, emprestadas de amigos colecionadores de fotografias antigas. Simplesmente, maravilhoso. Só por esses aspectos, o livro merece ser lido.
A ideia inicial de Ransom Riggs para o livro era fazer um livro de fotografias antigas, pitorescas, que, assumindo uma determinada sequência, contariam uma história visual. A partir daí, Riggs teve a feliz ideia de criar uma narrativa e usar as fotografias para ilustrar a história. O resultado pode ser visto no livro, que também já foi adaptado para o cinema pela Fox, com direção de nada mais nada menos que o mago dos filmes góticos, Tim Burton. O filme tem estreia prevista para março de 2016.
“Será que era isso que meu avô queria que eu encontrasse? É, só pode ser – não as cartas de Emerson, mas uma carta guardada dentro do livro de Emerson. Mas quem era essa diretora escolar, essa Alma Peregrine?” – pág.59
Da minha parte, aguardo com ansiedade por esse filme, pois, além de ter gostado muito do livro, adoro o trabalho de Tim Burton. E com ele na direção do filme, pode-se esperar um ótimo filme. Quanto ao livro, adorei a forma como o autor escreve. Ele é um escritor jovem, porém muito talentoso, que promete muitos anos de ótimas surpresas para nós. Possui uma escrita gostosa de ler, com narrativa limpa e objetiva, sem excessos, chavões ou exageros linguísticos. Seus personagens são igualmente atraentes, que nos atraem para dentro do livro e tecem uma trama que nos mantêm presos da primeira à última página.
E tal narrativa fica ainda mais interessante, e contagiosa, ilustrada pelas fotografias em preto e branco que encontramos no livro. Algumas são bizarras; outras, poéticas; uma meia dúzia delas são assombrosas; e algumas me deram a sensação de algo atemporal, como que a evocar um acontecimento há muito perdido no tempo, ou retido em um limbo de coisas inimagináveis. Essas fotos mexeram com o meu imaginário de uma tal forma que, a medida em que ia lendo e vislumbrando essas fotografias, era como se eu estivesse tendo duas histórias diante dos olhos: a escrita, contada pela ótica de Jacob, o adolescente, e a visual, reveladas pelas imagens estáticas. Ambas as narrativas parecem formar dois mundos distintos, porém contíguos, que se entrelaçam no decorrer da leitura.
“Mas o que eu realmente achei assustador não foram as bonecas zumbis ou os cortes de cabelo estranhos das crianças ou como elas pareciam não sorrir nunca: quanto mais examinava as fotos, mais familiares me pareciam.” - pág.106
Tem duas fotografias no livro que eu achei as mais perturbadoras de todas. Uma está na página 178, onde aparece uma mulher com os cabelos desgrenhados segurando uma galinha nos braços com um olhar que parece querer hipnotizar a gente; a outra foto está na página 48: mostra uma menininha fazendo contorcionismo, a espinha dobrada de tal maneira que a cabeça dela aparece por entre as pernas abertas, como se a cabeça da menina estivesse saindo do corpo de uma outra. Isso é bem sinistro e bizarro. A garota parece ter saído de um filme deGuilhermo Del Toro.
O Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares é uma obra muito peculiar, sem dúvida alguma. Inquietante, tenso, misterioso e sinistro, também, mas nada que faça você perder o seu sono. A narrativa de Riggs nos convida a viajar por um mundo que parece feito de sonho, onde nem tudo o que parece ser é, de fato, o que parece ser. Jacob, o protagonista, após a morte do avô, nos leva para uma jornada repleta de situações e personagens que não nos deixam desgrudar do livro um só instante.
“O etéreo usou duas de suas línguas para se agarrar às paredes da entrada do túnel e usá-las como apoio para evitar a lama, e cobriu a entrada com o corpo como se fosse a tampa de um vidro. A terceira língua me puxava em sua direção. Eu estava igual a um peixe fisgado por um anzol.” - pág.287
Adorei as personagens, a narrativa, as fotografias, a edição maravilhosa e a composição gráfica do livro, seu toque sobrenatural e o mistério envolvendo a srta. Peregrine, seu orfanato e as crianças que lá viviam. Ransom Riggs é um ótimo contador de histórias, e sua narrativa juvenil vai agradar em cheio os leitores de todas as idades.
Para quem está procurando um livro com um ótimo mistério, bom suspense sobrenatural, um visual gótico e sombrio, O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares é uma excelente opção. Recomendo!
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