quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Cidade Banida de Ricardo Ragazzo

ISBN: 9788542205411
Ano de Lançamento: 2015
Número de Páginas: 384
Editora: Planeta
Classificação: ♥♥♥
 
No futuro, a Terra foi assolada por inúmeras guerras, o que dizimou 99% da população humana e transformou sua vida animal e vegetal. Boa parte dos seres humanos acabou confinada dentro dos muros de Prima Capitale, regida pelas draconianas regras do Supremo Decano. Por causa da rigidez do governo, todos os bebês nascidos no lugar precisam passar pelo crivo dos chamados cognitos, seres com poderes psíquicos capazes de prever o futuro. Caso, nesta visão, seja revelado que o novo cidadão cometerá um crime, sua sentença é a morte. Seppi Devone foi um desses bebês vetados. No entanto, sua mãe, Appia, consegue fugir com ela, livrando-a da cruel sentença. Elas vivem incógnitas numa comunidade no meio da mata e Appia cria sua filha como um garoto. Mas, quando Seppi completa 15 anos, o destino bate à sua porta e a garota terá de enfrentá-lo. Afinal, a adolescente é a única esperança que muitos oprimidos têm de se livrar do mal a que são submetidos pelo Supremo Decano. Irá ela abraçar essa sua missão? 

Ricardo Ragazzo é um escritor paulistano bacharel em direito. É autor dos livros A Garota das Cicatrizes de Fogo72 Horas Para MorrerCidade Banida é seu primeiro livro distópico baseado e inspirado em Star Wars e HQs da Marvel.

Cidade Banida tem uma capa bem legal com um toque sombrio que arremete ao pós apocalipse e à distopia. Olayout, a diagramação e o trabalho gráfico do livro também ficaram bem legais. Logo na página nove do livro nos deparamos com um glossário do universo glimpse, todo ilustrado com figuras em preto e branco. Particularmente, gostei das figuras do Tilki e do Te hokioi, exemplo de duas criaturas criadas pelo autor. O prólogo já começa com o título: Terra – Ano Indeterminado. E já de cara se vê o que vem pela frente.

“Após séculos de guerras, grande parte da população mundial foi exterminada. Essa drástica redução dos habitantes da Terra aconteceu pela ação de armas nucleares, mas também pela força da natureza, que, como sempre previram muitos cientistas, atuou sem clemência contra aqueles que a usurparam por tantos anos.” – Pág. 19

Os capítulos são bem longos, com algumas pausas de parágrafo para dar um fôlego ao leitor. Apesar disso, a narrativa de Ricardo Ragazzo flui naturalmente, contando sua distopia em primeira pessoa. Cidade Banida tem uma trama interessante e envolvente, com intrigas e disputas  de poder nos bastidores da política. É uma trama bem criativa e diferente do que estamos convencionados a ver na literatura brasileira.

Encontramos seres humanos comuns do nosso cotidiano tentando sobreviver em núcleos urbanos fechados e rígidos, subordinados a um sujeito que se intitula Supremo Decano. Nesses centros humanos há um tipo de indivíduo com poderes psíquicos que controla a natalidade, prevendo o futuro das crianças ainda em gestação. Então você já pode adivinhar o que acontece com as crianças cujo futuro não é assim lá grande coisa. E é aí que entra a nossa heroína e protagonista da história, Seppi Devone. Ao nascer a mãe a sequestra e a leva para o exílio para aCidade Banida, em Confins.

“A borboleta. A maldita borboleta. Por causa dela, toda a minha vida não passou de uma gigantesca mentira. Por causa dela, eu havia crescido sem identidade, pensando iludir um mundo que, na verdade, me enganava. Essa marca havia roubado minha vida, minha mãe e minha chance de futuro. O que eu sentia ao olhar a mancha incrustada em meu ombro não passava de desprezo e ódio.” – Pág. 289

Um outro aspecto interessante do livro é que Ragazzo conseguiu mesclar com perfeição o universo distópico com esse clima pós-apocalíptico. Seus personagens possuem caráter forte, bem típico dos que lutam pela própria sobrevivência.

Apesar de ser um livro interessante, Cidade Banida peca justamente onde Ricardo Ragazzo deveria ter inovado: o gênero distópico. As comparações e similaridades com outros títulos do gênero, como Jogos Vorazes, por exemplo, é inevitável. Desta forma, os clichês tornam-se aparentes demais e o que deveria ser inovador vira o mais do mesmo. O que, a meu ver, é um gravíssimo erro não só por parte dos escritores nacionais como, em sua grande maioria, dos escritores em geral: todos querem seguir o bordão que está em moda no momento, e aí acabam se repetindo em excesso.

Mas, apesar disso, o livro conta com uma narrativa envolvente com bons momentos de ação que, certamente, vai agradar o público jovem que está começando no universo distópico. 

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