A Most Violent Year, de J.C. Chandor
Nova York registrou em 1981 um histórico de violência que definitivamente modificou a vida urbana da cidade. Estima-se que os recordes de roubos foram ultrapassados, bem como os de assassinatos e os crimes de ódio. Foi também o período que a cocaína e a heroína se alastraram, causando efeitos irreversíveis.
Em sua estreia como diretor de longa-metragem com “Margin Call – O Dia Antes do Fim”, J.C. Chandor explorou um ângulo muito original para compreender os momentos que anteciparam a explosão da crise financeira que devastou os Estados Unidos na década passada. Tendo derrapado em “Até o Fim”, J.C. Chandor regressa um pouco mais de 30 anos para encenar o domínio da sordidez que manchou as ruas de Nova York, outra vez partindo de uma premissa nada óbvia.
Dono de uma empresa de combustível, Abel Morales (Oscar Isaac) vê os seus negócios serem arruinados por uma transição complicada de décadas. Os seus motoristas são constantemente abordados por capangas que “sequestram” os tanques totalmente abastecidos. Como não chegam aos destinos, Abel vê-se no prejuízo, além de rodeado de irregularidades e trapaças, como os empregados com porte não autorizado de armas e os documentos fiscais comprometedores ocultados pela sua esposa, Anna (Jessica Chastain), um método para driblar as investigações de Attorney Lawrence (David Oyelowo), determinado a incriminar Abel pelas suspeitas de atividades ilegais.
Desenha-se assim uma teia de conspirações, construída por empresários obstinados em derrubar o colega concorrente para reinar absoluto em um tabuleiro em que as estratégias são executadas sem que as regras sejam necessariamente respeitadas. No centro, há Abel como uma presa com um caráter que será testado por todas as linhas de frente. É o registro de uma violência implacável que não precisa necessariamente exibir armas de fogo ou sangue, resultando em uma radiografia que caracteriza “O Ano Mais Violento” como “O Salário do Medo” e “Operação França” de nossos tempos.
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