Seu dinheiro merece um destino mais assustador
De Renato Hermsdorff
De Renato Hermsdorff
Se havia alguma dignidade em A Entidade (2012), essa entidade atendia pelo nome de Ethan Hawke. Afinal, em meio a tantas – e tão parecidas – produções de terror, contar com o protagonismo de um ator a-list de Hollywood não é para qualquer produção do gênero.
Ok, tem mais: o longa-metragem de Scott Derrickson(O Exorcismo de Emily Rose) seguia um caminho mais, digamos, psicológico, do que seus pares. Sim, os sustos estão lá, mas o filme se passava quase inteiro dentro de uma mesma casa, quase inteiro focado na figura do escritor vivido por Hawke, e a tal entidade mal aparecia, de modo a se garantir um envolvente clima de tensão.
Sem pretensões de reinventar a roda, Sinister, no original, foge de algumas armadilhas convencionais do terror "snuff” (lenda urbana) “found footage” (do vídeo caseiro). Ou fugia, se considerarmos A Entidade 2 como o início de uma franquia - o futuro, claro, às bilheterias pertence.
Sem a presença do diretor original (Derrickson é produtor e coautor da nova obra), nem do ator protagonista de outrora (que, por motivos de spolier! não poderia participar da continuação), a sequência é conduzida pelo estreante Ciaran Foy, com elenco capitaneado por James Ransone, o policial "Fulano de Tal" (So & So) do primeiro filme.
Hoje fora da força policial, ele se dedica a solucionar pequenos delitos por conta própria (ou seja, é um detetive particular) e, nas (muitas) horas vagas, se empenha em destruir as casas que têm relação com a entidade, no intuito de impedir que o crime se repita. Numa dessas residências, ele conhece Courtney (Shannyn Sossamon), mãe superprotetora de dois gêmeos de 9 anos, em rota de fuga do ex-marido rico e violento.
O filme tem como fio condutor as crianças (tanto as vivas quanto as mortas). Para quem se (não) se lembra, nos crimes, há sempre uma criança “sobrevivente”, que é cooptada pelo Sr. Boogie, a.k.a. Bughuul ou bicho-papão. É uma opção acertada do roteiro já que, ao mesmo tempo em que liga Sinister 2com o primeiro filme, apresenta um fato novo em meio à literatura criada pela franquia.
O ex-policial/ ator é outro ponto positivo da nova produção. Ransone dá veracidade ao personagem – e algum humor –, construído como um anti-herói (umcagão, em bom português), o que não deixa de ser uma surpresa em se tratando do tipo de filme.
Mas as boas notícias param por aí.
Clichê, o roteiro cai em todas aquelas armadilhas a que fizemos referência acima. Primeiro que a nova casa se localiza ao lado de uma igreja (!) que foi palco de estranhos acontecimentos; há (tentativas) de susto em excesso; não há muito espaço para imaginação, já que tudo é, de fato, mostrado. Alguns encadeamentos sequer fazem sentido. E tem até romance. Romance?! Sim, senhor(a).
Os personagens são rasos quanto uma poça de cuspe. Destaque (negativo) para o ex-marido de Courtney, um papel explosivo e sem justificativa nenhuma; e para o novo cientista, o histriônico Dr. Stomberg (Tate Ellington). E, para coroar, os atores mirins, tão importantes para a trama de A Entidade 2, são péssimos.
Ao contrário do primeiro, o final – a história é tão previsível, que o que vem a seguir não é tecnicamente um spoiler, mas siga por sua conta – é... feliz.
Seu dinheiro merece um destino mais assustador, se essa for a sua intenção.
Ok, tem mais: o longa-metragem de Scott Derrickson(O Exorcismo de Emily Rose) seguia um caminho mais, digamos, psicológico, do que seus pares. Sim, os sustos estão lá, mas o filme se passava quase inteiro dentro de uma mesma casa, quase inteiro focado na figura do escritor vivido por Hawke, e a tal entidade mal aparecia, de modo a se garantir um envolvente clima de tensão.
Sem pretensões de reinventar a roda, Sinister, no original, foge de algumas armadilhas convencionais do terror "snuff” (lenda urbana) “found footage” (do vídeo caseiro). Ou fugia, se considerarmos A Entidade 2 como o início de uma franquia - o futuro, claro, às bilheterias pertence.
Sem a presença do diretor original (Derrickson é produtor e coautor da nova obra), nem do ator protagonista de outrora (que, por motivos de spolier! não poderia participar da continuação), a sequência é conduzida pelo estreante Ciaran Foy, com elenco capitaneado por James Ransone, o policial "Fulano de Tal" (So & So) do primeiro filme.
Hoje fora da força policial, ele se dedica a solucionar pequenos delitos por conta própria (ou seja, é um detetive particular) e, nas (muitas) horas vagas, se empenha em destruir as casas que têm relação com a entidade, no intuito de impedir que o crime se repita. Numa dessas residências, ele conhece Courtney (Shannyn Sossamon), mãe superprotetora de dois gêmeos de 9 anos, em rota de fuga do ex-marido rico e violento.
O filme tem como fio condutor as crianças (tanto as vivas quanto as mortas). Para quem se (não) se lembra, nos crimes, há sempre uma criança “sobrevivente”, que é cooptada pelo Sr. Boogie, a.k.a. Bughuul ou bicho-papão. É uma opção acertada do roteiro já que, ao mesmo tempo em que liga Sinister 2com o primeiro filme, apresenta um fato novo em meio à literatura criada pela franquia.
O ex-policial/ ator é outro ponto positivo da nova produção. Ransone dá veracidade ao personagem – e algum humor –, construído como um anti-herói (umcagão, em bom português), o que não deixa de ser uma surpresa em se tratando do tipo de filme.
Mas as boas notícias param por aí.
Clichê, o roteiro cai em todas aquelas armadilhas a que fizemos referência acima. Primeiro que a nova casa se localiza ao lado de uma igreja (!) que foi palco de estranhos acontecimentos; há (tentativas) de susto em excesso; não há muito espaço para imaginação, já que tudo é, de fato, mostrado. Alguns encadeamentos sequer fazem sentido. E tem até romance. Romance?! Sim, senhor(a).
Os personagens são rasos quanto uma poça de cuspe. Destaque (negativo) para o ex-marido de Courtney, um papel explosivo e sem justificativa nenhuma; e para o novo cientista, o histriônico Dr. Stomberg (Tate Ellington). E, para coroar, os atores mirins, tão importantes para a trama de A Entidade 2, são péssimos.
Ao contrário do primeiro, o final – a história é tão previsível, que o que vem a seguir não é tecnicamente um spoiler, mas siga por sua conta – é... feliz.
Seu dinheiro merece um destino mais assustador, se essa for a sua intenção.
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