OK. Vamos começar dos dois primeiros episódios da trilogia: Em Além do Planeta Silencioso temos umaaventura de Soft Sci-fi onde alguns conceitos filosóficos e linguísticos são explorados. Em Perelandraquase deixamos a Ficção Cientifica de lado e entramos em um debate sobre certo e errado, bem e mal. O que vamos esperar de Uma Força Medonha? Cabeças explodindo. É isso que podemos esperar.
O estilo de como a historia é contada é alterado nesse livro, agora Lewis é o narrador onisciente e não segue mais o Dr. Ransom, mas sim Mark e Jane Sutddock, um casal recém casado cujo o casamente não anda lá aquelas mil maravilhas. Ambos são acadêmicos, embora Jane esteja trabalhando em sua tese de doutorado, Mark é o único que da aulas, uma vez que Jane abandonou a faculdade após o casamento.
O casamento de ambos anda tal mal que duas historias, a principio, paralelas são contadas e eles são os protagonistas de cada. Mark é o nosso guia pela venda de uma parte do terreno da faculdade onde trabalha e que segundo a lenda é onde Merlin está enterrado. Após isso a empresa que comprou tal terreno faz uma proposta de trabalho incrível para ele que rapidamente, após aceita-la, ele percebe não ser tão incrível assim. Cercado por pessoas que usam e abusam do poder que têm, de uma organização desorganizada e caótica, pessoas com visões corrompidas das coisas e que usam de palavras para se mostrar corretas.
Do outro lado, Jane acorda assustada com o sonho de um homem preso sendo morto, lhe arrancam a cabeça e fazem com que a cabeça volte a vida, ao ler o jornal do dia Jane vê o rosto do homem do seu sonho e a manchete dizendo que ele havia sido guilhotinado. Encontrando uma conhecida antiga ela acaba por contar o que aconteceu e como o sonho foi vivido. A conhecida oferece ajuda a Jane dando-lhe endereço e o nome de alguém que poderia ajuda-la e ela acaba por se descobrir, mesmo relutante, como sendo uma vidente.
A ficção Cientifica volta, dessa vez misturada com o sobrenatural, onde um acaba sendo ferramenta do outro. O conceito do homem deixar de ser um corpo imperfeito e mortal e se tornar uma mente imortal e perfeita através da tecnologia (mais precisamente na transferência da mente para um computador) é explorado aqui, mas o foco é na distopia. Dois anos antes de lançar 1984, Orwell elogiou o livro de Lewis nesse ponto e como o INEC usa da mídia para controlar a opinião publica sobre si (não sei onde eu vi isso antes…) embora critique a intervenção sobrenatural no que era, a principio, um livro de ficção cientifica.
O cristianismo é presente, mas durante a primeira metade, enquanto as coisas estão sendo explicadas, ele é simplesmente ignorado, sua importância está na discussão de porque essa batalha está acontecendo. Os antagonistas do livro não são demônios nem pessoas que o seguem, mas conceitos e ideologias que Lewis considerava malignas e que ganhavam força na época, expondo seu ponto de vista de dentro e como elas são contraditórias ou inalcançáveis.
Os personagens são constantemente criticados como rasos ou simplórios. De fato, nenhum deles é explorado muito a fundo. Enquanto nos dois primeiros livros a quantidade de personagens era resumida a menos de uma dúzia, Lewis apresenta vários personagens em Uma Força Medonha, mas o foco aqui não é explorar os personagens, mas contar uma historia. Os personagens são tão profundos quanto a historia exige, isso agradando os leitores ou não.
Titulo Original: That Hideous Strenght
Ano: 1945
Autor: C. S. Lewis
Edição brasileira: Martins Fontes, 2012: Uma Força Medonha
Ano: 1945
Autor: C. S. Lewis
Edição brasileira: Martins Fontes, 2012: Uma Força Medonha
Texto escrito e enviado por Guilherme Melendi de Moraes.
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