Taxi Driver – 1976 (Resenha)
É evidente que Taxi Driver é um dos maiores filmes dos anos 70, um dos melhores com a direção do mestre Scorsese, um clássico imortalizado pelas cenas protagonizadas por Robert De Niro e por fim, um verdadeiro retrato da Nova York daquela época.
Pode parecer loucura, mas logo que terminei de assistir ao filme, tive a sensação de que não tinha gostado tanto assim e que tive todas as minhas expectativas frustradas. Mas ao analisá-lo melhor, consegui compreender e captar a verdadeira importância dessas quase duas horas para a sétima arte. Eu sabia, no fundo, que quando juntos Martin Scorsese, Robert De Niro e Paul Schrader, nada poderia dar errado. E não deu.
“Na época que escrevi Taxi Driver, eu estava em um momento difícil. Tinha terminado com minha esposa, tinha terminado com a mulher pela qual deixei minha esposa, tinha quebrado com o American Film Institute… eu estava falido.”
Por várias semanas, Paul Schrader (o escritor do filme) vagou pelas ruas de Los Angeles vivendo dentro de seu carro comendo porcaria e assistindo a pornôs. Mas quando começou a passar mal foi a um hospital e descobriu que estava doente.
“Quando estava conversando com a enfermeira, percebi que não tinha falado com ninguém durante semanas, foi aí que a metáfora do táxi apareceu em minha mente. Percebi que esse cara era eu, um homem dentro de uma lata de metal vagando pelas ruas aparentemente sozinho.”
Bom, para mim, a essência desse filme é mostrar a solidão e o que ela pode fazer com um ser humano. O personagem de De Niro – Travis Bickle – É um cara solitário, isolado do mundo real. Ele é jovem mas já guarda consigo uma grande experiência de vida por ser ex-fuzileiro naval, nós sentimos que ele foi permanentemente marcado por essas e outras experiências anteriores. Ele odeia o mundo, mas o mundo não o odeia, ele apenas não percebe a vida ao seu redor.
No início do filme, Travis se candidata a um emprego como motorista de táxi. Ele diz que não tem problema com horários, afinal, ele não consegue dormir direito. Mas durante boa parte do filme, deixando esse lado sombrio que Travis guarda, eu posso dizer que ele parece um cara gentil. Na verdade não só parece, ele é um cara do bem.
Mas essa sua vida sem objetivo começa a mudar quando conhece Betsy (Cybill Shepherd) e passa a se interessar pela garota. Tudo estava indo perfeitamente bem, até Travis decidir convidá-la para ir ao cinema. É aí que percebemos que o motorista de taxi tem alguns problemas. O filme que ele a leva para ver, é um pornô sueco de 1969 (språk Kärlekens) acredite, esse filme existe e há uma página dele no IMDb. Após esse incidente, Betsy abandona Travis e passa a ignorá-lo.
Esse é o grande ponto de virada do filme, agora Travis muda todo o seu comportamento, decide comprar algumas armas, começa a malhar e deixar de lado toda aquela vida sedentária e, mais pra frente, conhece uma prostituta de doze anos de idade chamada Iris (Jodie Foster), a qual ele tenta libertar de seu cafetão (Harvey Keitel). Isso se torna o seu objetivo de vida, mesmo que possa causar a sua morte.
Existem algumas peculiaridades desse filme que me deixaram insatisfeito, mas que não diminuem a importância e não modifica o sentimento maior sobre essa fantástica obra. Sua linguagem é bastante original para a época e a trilha sonora de Bernard Herrmann lembra bastante a pega de Nino Rota em alguns clássicos. Scorsese, que fez um trabalho magistral usando Nova York como plano de fundo emMean Streets (Caminhos Perigosos, 1973) novamente consegue capturar o lado frenético e assustador da cidade.
SPOILER ABAIXO.
Daqui pra frente vem algumas das cenas mais marcantes do cinema em um final histórico e que claro, possui diversas interpretações.
É real? Ou será que Travis morreu em sua fúria? Teoricamente podemos considerar que sim, ele morreu e que o final é apenas um sonho ou sua mente se esvaindo. Ou então, ele consegue se recuperar e volta para as ruas tido como herói, conseguindo um “perdão” de Betsy, um reconhecimento por assim dizer.
Em minha sincera opinião as melhores cenas do filme são seguidas pelo pior desfecho possível, sim, eu acho que as cenas finais não combinaram com a história. Acho que o arrependimento de Betsy foi desnecessário e completamente falso, sem contar com a fama de “herói” obtida pelo protagonista. Para mim, o final do filme é quando, todo ensanguentado, Travis aponta uma arma imaginária para a cabeça, mas nem tudo são rosas, certo? Claro que isso é apenas uma opinião. Qual é a sua, gostou do filme? Deixe nos comentários abaixo.
8.3BOM!
Com certeza, é um marco para os anos 70 no cinema. As cenas marcantes, a atuação impecável de De Niro e um retrato sombrio e pesado de Nova York completam a obra.
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