1984 – George Orwell (Resenha)
POR JORDAN SOUZA
O romance distópico 1984 (Companhia das Letras, 2009), de George Orwell, é uma leitura que incomoda. Seu principal objetivo é incomodar e o faz com maestria ao longo das suas aproximadas 400 páginas.
Quando escrito, no final dos anos 40, foi pensado como uma forma de representar a sociedade futura, de 1984. Orwell imaginou uma Londres destruída, reformulada, renomeada e caótica. As pessoas são instruídas e forçadas a pensar exatamente como O Partido (o governo) quer. Na casa de cada membro do Partido existe uma teletela, espécie de televisão que grava e vê todos os movimentos e palavras ditas no ambiente. A população é, acima de tudo, extremamente desinformada. Toda forma de arte e de cultura (literatura, músicsa, filmes, panfletos, eventos, notícias…) consumida, é criada e alterada pelo Partido, transformando a todos em seres alienados e presos a uma verdade produzida.
Winston Smith, o protagonista da história, parece ser o único a perceber a artificialidade do mundo em que vive. Em meio a devaneios de sua infância e momentos de reflexão, Winston mostra que dentro de si existe um ódio enorme contra o Partido, uma vontade de revolução.
No Socing – Socialismo Inglês – a relação entre dois seres humanos é desencorajada. Não apenas sexual, mas principalmente intelectual. O Partido não quer pessoas trocando ideias, não quer que sua população crie vínculos entre si. O único grande amor de todos devia ser O Grande Irmão, personificação do líder por trás do movimento. Quando Winston conhece Julia, que nutre um ódio similar pelo G.I., a história segue por um caminho perigoso e sem volta.
O único ponto negativo é o trecho em que Winston lê o livro da Confraria (grupo anti Grande Irmão). Apesar de adicionar referências a história, é um pedaço demasiado longo e acaba sendo cansativo.
1984 não é igual as distopias que estamos acostumados a ler. Ele é amargo, dolorido e segue seu propósito do início ao fim. A sociedade é absolutamente assustadora, um lugar sem privacidade e que nega o direito de pensar. Tudo é crime e a única punição é a morte. Orwell nos faz refletir, apresentando uma poderosa crítica das consequências do abuso do poder e de regimes totalitários.
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