Sagrado (Resenha)
POR JORDAN SOUZA
Sagrado (Companhia das Letras, 2004) é o terceiro livro de Dennis Lehane que tem os detetives Patrick Kenzie e Angela Gennaro como protagonistas, tendo sido publicado em 1997. Quando li Paciente 67, há quase um ano, decidi que iria encarar o resto da bibliografia de Lehane. A maioria dos romances dele tem Patrick e Angie como personagens principais.
A obra em questão começa a todo vapor quando Patrick e Angie são sequestrados e obrigados a ouvir ao pedido do misterioso e milionário Trevor Stone. “A dor é carnívora”, diz ele enquanto pede aos seus reféns que o ajudem a encontrar sua filha desaparecida, Desiree Stone, antes que o câncer o coma vivo. O grande problema é que a dupla Kenzie-Gennaro não fora a primeira escolha de Trevor. Jay Becker, lendário detetive de Boston e patrono de Patrick, foi enviado na mesma missão e também desaparecera. Movidos por razões pessoais e pela grande quantidade de dinheiro que Trevor os oferece, os detetives caem na estrada em direção a Tampa, na Flórida, seguindo pistas do paradeiro da bela e trágica Desiree.
O primeiro aspecto interessante do livro é o estado psicológico de Angie. Na história que precede Sagrado, a detetive é baleada e tem seu ex-marido assassinado por um serial killer. Sua tentativa de cura interna é um processo lento, do qual Patrick tem um papel fundamental. A química e a interação dos dois nunca esteve tão forte, nos mostrando que o autor conhece muitíssimo bem seus personagens e sabe como desenvolvê-los de maneira interessante.
O caso não trouxe nada de novo. Apesar de muito bem estruturada e muito bem contada, a história – sobre vingança, ódio e caos familiar – não consegue nos envolver da maneira como os dois primeiros volumes o fizeram. Com seus plot twists, que aqui começam a despontar como uma característica pessoal de Lehane, Sagrado consegue fazer o leitor prender a respiração de tempos em tempos, descrevendo sequências de ação alucinantes – com direito a perseguição tripla de carros e uma competição mortal de montagem de pistolas.
Patrick, Angie e suas personalidades incríveis continuam sendo o maior atrativo dos livros, assim como a escrita fluente e sedutora de Lehane. Mesmo nas partes menos interessantes, o autor consegue te segurar nas páginas até que os bons momentos realmente cheguem. Leitura rápida, descritiva – principalmente no que diz relação a cidade de Boston – e gratificante. Mal posso esperar para ler o próximo
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