Stephen King – o mestre do terror
É assim que Stephen King é conhecido por muitos, como o mestre do terror. Esse será um post especial para falar da vida e obra desse escritor que é adorado por muitos fãs da ficção e que criou muitos personagens ícones do gênero. Agradeço especialmente ao pessoal do King Of Maine que preparou o texto para nós. Quem é fã de Stephen, com certeza precisa conhecer o site deles.
Stephen King (nascido em 21 de setembro de 1947, em Portland, Maine) é um prolífico escritor, e um dos mais reconhecidos em todo o mundo há quatro décadas. Sua principal área de atuação situa-se nos campos do horror, o que não o impede de, vez ou outra, escrever um drama, suspense psicológico, ou fantasia… Como ele próprio diz, em livros como Dança Macabra (Danse Macabre, 1981) e Sobre a Escrita(On Writing, 2000), sua paixão pelo terror começou com antigos gibis da extinta EC Comics. Unindo isso ao seu vício pela leitura, Stephen começou a tentar escrever ainda na época da escola (para desgosto de seus professores) e logo percebeu que era isso o que ele queria para seu futuro.
Vivendo apenas com sua mãe, Nellie Ruth, e seu irmão adotivo, David. O patriarca da família, Donald King, saíra de casa quando Stephen tinha dois anos com a desculpa de que iria comprar cigarros e nunca mais voltou – Stephen teve uma infância difícil. A família, que não tinha muitas posses, mudava-se constantemente de cidade, enquanto Nellie Ruth batalhava para conseguir empregos que pudessem sustentar suas duas crianças.
Enquanto crescia, Stephen ia desenvolvendo seu dom, escrevendo histórias que, embora ainda carecessem de um toque profissional, já demonstravam imaginação e talento. Ao longo da puberdade, o rapaz passou a mandar contos para diversas revistas masculinas, incluindo a Cavalier e a Playboy, na esperança de que fossem publicadas, apenas para receber diversas cartas de rejeição. Foi apenas aos 20 anos, já na faculdade, que Stephen King teve um conto publicado: “The Glass Floor”, na revista Startling Mystery Stories, o que lhe gerou uma “fortuna” de 35 dólares.
Foi durante a época da faculdade que outras coisas importantes na vida de King aconteceram: ele conheceu aquela que seria o amor de sua vida, Tabitha King, com quem é casado até hoje; escreveu os manuscritos de romances como A Longa Marcha e Fúria; e conseguiu seu bacharelado em inglês que lhe permitia trabalhar como professor em 1970, mesmo ano em que sua primeira e única filha, Naomi King, nasceu. Dois anos mais tarde, foi a vez de Joseph King (que também se tornaria um autor, sob a alcunha de Joe Hill) nascer. Foi mais ou menos nessa época que Stephen começou a escrever aquele que seria seu primeiro romance publicado: Carrie, a Estranha. A esta altura, King trabalhava como professor na Hampdem Academy, por um mísero salário de 530 dólares mensais e vivia com sua família em um trailer. Para piorar a situação, o escritor começou a beber, um problema que quase destruiria sua vida durante duas décadas, antes as dificuldades da vida.
A pior dessas dificuldades certamente foi o câncer de Nellie Ruth. A matriarca da família King “fumava como uma chaminé”, como o próprio King disse em Sobre a Escrita, e acabou vítima de um câncer de pulmão. Enquanto isso, Stephen jogava o manuscrito de Carrie, a Estranha na lixeira. Ele não estava impressionado pela história e tampouco tinha conhecimentos daquilo que era imperativo saber para escrever o romance: o mundo feminino. Contudo, Stephen obteve a ajuda de sua grande companheira, Tabitha, que tirou as páginas da história do lixo e o ajudou a terminar o romance. Quando isso aconteceu, King enviou Carrie para editora Doudleday e aguardou.
Em janeiro de 1973, enquanto trabalhava no colégio em que lecionava, Stephen King recebeu uma ligação importante de sua esposa. Ela o contatara, emocionada, para informar que a Doubleday aceitara Carrie, a Estranha e comprara os direitos de capa dura do livro por 2.500 dólares, um valor que, embora não fosse resolver a situação financeira da família, ajudaria bastante. A maior surpresa que o romance sobre a garota com poderes telecinéticos proporcionaria aconteceria apenas quatro meses depois, quando a New American Library comprou os direitos de brochura do romance pela “bagatela” de 400 mil dólares. Por força de contrato com a Doubleday, Stephen King tinha direito a metade deste valor, e com 200 mil no bolso, o escritor percebeu que, afinal de contas, seu sonho estava começando a se realizar.
Em contrapartida à alegria de vender Carrie, a Estranha, Stephen teve que lidar com um duro golpe: a morte de sua mãe, ainda em 1973. Completamente tomada pelo câncer, Nellie Ruth faleceu em sua cama, ao lado dos dois filhos. No funeral dela, Stephen fez um discurso emocionado, acentuado pelo fato de que ele estava embriagado.
Depois do sucesso desse livro, que em apenas dois anos foi adaptado para o cinema pelo diretor Brian De Palma, Stephen se permitiu sair da Hampdem Academy para dedicar todas as suas horas acordado à escrita. Ele publicou mais sete livros antes que a década de 70 terminasse (incluindo dois sob o pseudônimo de Richard Bachman). Os cofres dos King iam engordando e a situação financeira da família não era, e nunca mais seria, um problema. O que seria um problema era o alcoolismo de Stephen, que piorava gradativamente, e quando o escritor resolveu adicionar cocaína à mistura, tudo piorou. Os entorpecentes não prejudicaram o trabalho de Stephen, mas a relação com seus familiares foi se desgastando.
Na década de 80, os vícios de King chegaram ao ápice. Certo dia, Tabitha reuniu seus filhos e outros parentes para proclamar uma intervenção a Stephen. Ela virou uma lixeira cheia de agulhas, colheres manchadas de cocaína, catarro e sangue, latas de cerveja, garrafas de bebida, na frente do escritor e lhe deu um ultimato, afirmando que ou Stephen consertava sua vida, ou ela iria embora com as crianças, dizendo que não suportaria vê-lo se matar. Algo dentro de Stephen King deve ter acordado naquele instante, porque o escritor tornou-se determinado a largar seus vícios. Quando a década de 90 chegou, Stephen era um homem limpo, que nunca mais tomaria qualquer tipo de droga ou bebida (nem sequer socialmente).
Mas uma última porrada (literal) do destino aguardava Stephen King. No dia 19 de junho de 1999, o escritor resolveu fazer uma caminhada pelas estradas que ficavam perto de sua casa em Lovell, Maine (mais especificamente a Rota 5). Enquanto chegava a uma curva da estrada, Stephen não viu que Bryan Smith, o motorista que dirigia uma minivan descontrolada, se aproximava perigosamente. Smith, distraído por seu cachorro, também não viu Stephen, e o resultado foi uma colisão que por pouco não matou o autor. Stephen King, que tivera múltiplas fraturas na perna direita, o quadril quebrado e o pulmão atingido, foi levado de helicóptero para o Central Maine Medical Center, em Lewiston. Apesar de correr o risco de ter sua perna amputada, tamanho o estrago, King contou com o talento do doutor David Brown para salvá-lo por inteiro. Stephen, contudo, ainda precisou contar com mais operações, diversas sessões de fisioterapia e muita dor para conseguir se recuperar.
Na virada do século, precisamente em 2002, Stephen King chegou a cogitar se aposentar, prometendo apenas terminar a saga A Torre Negra, que iniciara no começo dos anos 80. Felizmente, o autor resolveu voltar atrás e, além de finalizar a série do pistoleiro Roland Deschain, continua escrevendo até hoje. Atualmente, Stephen ultrapassou a marca de 70 livros publicados e não mostra sinais de que vai parar em qualquer futuro próximo. Em 2015 serão publicados Finders Keepers (junho), um romance policial que é a continuação de Mr. Mercedes, de 2014, e The Bazaar of Bad Dreams (novembro), uma antologia de contos que reunirá histórias novas e antigas (publicadas apenas em revistas e E-books). O autor tem na agenda a conclusão das trilogias de Mr. Mercedes e O Talismã, o qual escreve em parceria com Peter Straub. Stephen King mora atualmente com Tabitha e seus filhos em Bangor, Maine.
As obras mais importantes de Stephen King
Carrie, a Estranha (Carrie, 1974): conta a tragédia de uma adolescente, que sofre bullying diariamente no colégio onde estuda, e que acaba descobrindo ter poderes telecinéticos. Foi o primeiro romance publicado por King e o que mudou sua vida para sempre.
O Iluminado (The Shining, 1977): o que acontece quando um casal e seu filho pequeno vão cuidar de um hotel vazio durante o inverno e descobrem que esse hotel é assombrado? É correto afirmar que a adaptação de Stanley Kubrick é certamente mais famosa do que o próprio livro de Stephen King. O escritor é conhecido por ter detestado a versão de sua história que saiu da mente de Kubrick, que, por sua vez, destoou bastante do material original.
Fúria (Rage, 1977): o motivo deste romance, escrito sob o pseudônimo de Richard Bachman, chegar à lista não é por sua qualidade ou adaptações, mas sim pela polêmica que resultou no banimento da obra de todas as livrarias do mundo pelo próprio autor. Cópias de Fúria foram encontradas entre os pertences de três garotos que cometeram atentados contra alunos e professores de seus respectivos colégios entre a década de 80 e 90. Chocado, King retirou Fúria do mercado. Na história do romance, um garoto faz sua sala de refém, após matar dois professores, e faz um jogo psicológico e imprevisível com seus colegas de classe. No Brasil, a história foi publicada no livro “Os Livros de Bachman”, publicado pela extinta Francisco Alves. Como o livro foi banido, nunca mais haverá uma cópia nova dele, a não ser que, é claro, King mude de ideia.
A Dança da Morte (The Stand, 1978): o primeiro tijolaço publicado por King. Apesar de na época a editora ter cortado muito da história por causa do tamanho final do manuscrito, Stephen King conseguiu publicar seu épico na íntegra em 1990, em um camalhaço que ultrapassou a marca das mil páginas. Na história, o mundo é dizimado por uma praga criada em laboratórios americanos. Os poucos sobreviventes, imunes ao vírus, são deixados para escolher seguir Mãe Abigail, representante de Deus, ou o demoníaco Randall Flagg, uma criatura de poderes sobrenaturais que deseja reformar o mundo à sua visão.
O Pistoleiro (The Gunslinger, 1982): o primeiro do quer seriam oito volumes da saga A Torre Negra, contando a história do último pistoleiro do mundo, Roland Deschain, em busca da lendária Torre Negra, que ela acredita possuir os segredos para salvar o seu mundo. Os romances que sucederam a publicação da primeira parte foram A Escolha dos Três (The Drawing of the Three, 1987); As Terras Devastadas (The Waste Lands, 1991); Mago e Vidro (Wizard and Glass, 1997); Lobos de Calla (Wolves of the Calla, 2003);Canção de Susannah (Song of Susannah, 2004); A Torre Negra (The Dark Tower, 2004) e O Vento Pela Fechadura (The Wind Through the Keyhole, 2012 – este última se passa, cronologicamente, entre os volumes quatro e cinco da saga).
IT: A Coisa (It, 1986): considerado por muitos o melhor livro escrito por King. Conta a história de um grupo de amigos que, quando crianças, precisam enfrentar uma criatura que tem o poder de se materializar na forma dos piores medos das pessoas para matar crianças, e o que acontece quando, quase 30 anos depois, a criatura volta para uma revanche definitiva.
À Espera de um Milagre (The Green Mile, 1996): se Stephen King já havia provado várias vezes ser capaz de fazer o leitor gritar de medo, com este romance ele provou que também poderia fazê-lo debulhar-se em lágrimas. Adaptado para os cinemas por Frank Darabont, que anteriormente havia dirigido aquela que é considerada por muitos a melhor adaptação de uma obra Stephen King, Um Sonho de Liberdade (The Shawshank Redemption, 1994, baseada na noveleta Rita Hayworth e a Redenção de Shawshank, do livroQuatro Estações), contou com os talentos de Tom Hanks e Michael Clarke Duncan para dar vida aos personagens de King neste drama sobre um ingênuo homenzarrão negro que é injustamente condenado, na década de 30, à cadeira elétrica e o que acontece quando o chefe do bloco dos condenados à morte descobre que ele é inocente.
Sob a Redoma (Under the Dome, 2009): mais um tijolaço de King. Desta vez, ele conta o que acontece quando Chester’s Mill, uma pequena cidade do interior do Maine, é coberta por uma redoma gigantesca sem mais nem menos, e o caos que se instala em Mill quando a comida vai ficando escassa, as pessoas tornam-se violentas, e segredos sujos de alguns habitantes da cidade são revelados.
Novembro de 63 (11/22/63, 2011): neste romance de ficção-científica, Stephen King faz seu protagonista, o professor Jake Epping, descobrir um portal temporal que o leva a 1958. Com uma grande oportunidade em mãos, Jake resolve iniciar uma grande jornada de consequências imprevisíveis com um único intuito: chegar ao dia 22 de novembro de 1963 e impedir o assassinato do presidente John F. Kennedy.
É isso, mais uma vez, agradeço imensamente ao pessoal do King Of Maine pela organização e o excelente texto.
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