segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Crítica - Exodus: De Onde Eu Vim Não Existe Mais


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Cena do filme "Exodus: De Onde VIm Não Existe Mais"
Uma das questões mais espinhosas que a humanidade enfrenta atualmente é o que fazer com os imigrantes, essa gente desconhecida, com valores diferentes, que chega sem pedir licença e quer se instalar em nossas vizinhanças sem cerimônia. Na verdade, seres humanos que geralmente buscam aquilo que todos queremos: uma chance de ser feliz.  E é exatamente isso o que mostra Exodus: De Onde Eu Vim Não Existe Mais, documentário de Hank Levine: eles são gente como a gente. E não se trata apenas de imigrantes; são deslocados, às vezes para outros países, outras vezes dentro de suas próprias nações, por causa de guerras, disputas por poder, fome. Em qualquer dos casos, a dor de não se poder levar uma vida normal é o que se vê na tela e o que se sente.

Uma superprodução, o longa registra pessoas em situação de vulnerabilidade em diversos partes do mundo: uma síria vivendo em São Paulo, uma sudanesa do sul na Alemanha, uma família de Mianmar impedida de viver em sua aldeia natal, uma senhora do Saara Ocidental expulsa de seu país, um jovem sírio-palestino chegando ao Brasil. As situações são diversas e bastante complexas; o que as une é um olhar respeitoso e afetuoso sobre seres humanos que por razões alheias a sua vontade enfrentam todo tipo de dificuldade: não ter onde morar, não poder trabalhar, não ter acesso à educação e saúde, não ter o que comer e até mesmo correr risco de perder a vida. 

Poster do filme "Exodus: De Onde VIm Não Existe Mais"
A maior virtude do projeto é trazer informações acerca de um assunto de certa forma já saturado pela intensa exposição na mídia tradicional. E faz isso focando nos indivíduos, ao invés do grande problema. Não há um posicionamento político claro, embora, indiretamente, algumas cobranças sejam feitas: por que a Alemanha demora tanto a conceder visto para algumas pessoas? Por que imigrantes sofrem tanto preconceito? Por que alguns conflitos sequer são visto pela comunidade internacional? Por que os organismos transnacionais não se mobilizam?

As belas e poderosas (ainda que muitas vezes tristes) imagens são costuradas por um sensível texto recitado pelo ator Wagner Moura. Quase um poema, ressoa os sentimentos que nos transpassam enquanto olhamos, impotentes, a força e a vulnerabilidade de pessoas com culturas e histórias tão diferentes, mas, ao mesmo tempo, gente. Como a gente.  

Por Gilson Carvalho

Nota 8


Ficha Técnica

Exodus: De Onde Eu Vim Não Existe Mais (Exodus Where I Come from Is Disappearing) – min )Alemanha/Brasil – 2017
Roteiro: Hank Levine
Direção: Hank Levine
Elenco: Wagner Moura (Voz)

Estreia 28/09

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