terça-feira, 6 de outubro de 2015

FILME: Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças – 2004 (Resenha)

Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças – 2004 (Resenha)

“A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez.”             – Friedrich Nietzsche
Já imaginou se você pudesse apagar alguma pessoa, alguma situação, alguma memória da sua vida? Pois é, o roteirista Charlie Kaufman e o diretor Michel Gondry criaram “Eternal Sunshine of the Spotless Mind” em cima dessa premissa e contaram com ninguém menos do que Jim Carrey e Kate Winslet (Titanic, 1997) para os papéis principais.
Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças é um dos poucos – se não o único – filmes que conseguem “quebrar” sua cabeça e seu coração ao mesmo tempo. Isso se dá com base no brilhante roteiro de Charlie. As reviravoltas por mais confusas que possam ser, conseguem se dirigir para um final surpreendente e inesquecível. Em dimensões novas e inesperadas, você nunca questiona o que está havendo, por que há uma lógica sedutora e misteriosa para cada momento do filme.
Jim Carrey no papel do confuso e depressivo Joel Barish é incrível. Podemos concluir que o ator é ótimo nos dois maiores contrastes do cinema: a comédia e o drama. Ele já havia provado isso em 1998 no – também excelente – Show de Truman (fica a dica).
Logo no início, Joel (Jim Carrey), tímido e desajeitado, tem uma atitude misteriosa e impulsiva para abandonar o caminho que o leva ao seu trabalho. Ele resolve mudar o rumo do seu dia e entra num trem com direção ao extremo leste de Long Island e, embora essa atitude não faça sentido, tanto para ele quanto para o público, no momento em que espia o cabelo azul de Clementine (Kate Winslet), uma neurótica e intensa garota que puxa assunto com ele, percebemos que o destino está fazendo o seu dever.
O mais interessante e intrigante sobre “Brilho Eterno” é a questão de ele ser uma verdadeira ficção científica, mas você só percebe se alguém te fala, a história usa esse Sci-Fi como um tempero de forma mais natural possível. Muita gente considera o filme como “comédia romântica” mas para mim não tem relação nenhuma com comédia, está mais para o lado “dramação científica” se é que me entendem. (piadinha ruim)
Não convém contar partes da história nesta resenha pois vai acabar confundindo ainda mais ou acabar saindo spoilers indesejados sobre a obra. A questão é: esse filme é um grande exemplo do “Maze Cinema” ou “Cinema Labirinto” disse o crítico Roger Ebert. Ou seja, Um estilo em que as histórias acabam sempre dando voltas sobre si e redefinindo tudo, em seguida, quando jogada ao ar, é redefinida novamente. Confuso, certo? Mas no final tudo se explica e de uma forma brilhante como já dito anteriormente.
Apesar dessa deliberada e desorientada história, “Brilho Eterno” tem um centro emocional, e é isso que faz com que o filme funcione. Embora Joel e Clementine fiquem entre idas e vindas, o que permanece constante é a necessidade humana de amor e companheirismo e a compulsão humana para procurar essa outra metade, apesar de todas as probabilidades e acontecimentos. Além disso, é verdade que o casal, parece ser um o oposto do outro (ele é tímido e compulsivo, ela é extrovertida e até mesmo selvagem), isso poderia ser entendido como um complemento, e por isso, se eles continuarem se encontrando, eles vão continuar se apaixonando.
Por fim, uma pitada do clássico “sou suspeito para falar”. O filme de Michel trata, também, da questão do destino: aquilo que deve acontecer ou o que É para acontecer vai se realizar, seja de uma maneira ou de outra e não há nada no mundo que possa modificar. Digo que sou suspeito para falar pois a razão de eu e minha namorada estarmos juntos hoje foi mais ou menos como no filme, tanta coisa aconteceu para separar mas no final, uma coisa tão banal acabou nos reunindo, por isso eu digo que após assistir “Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças” o filme se tornou tão especial para mim.
O contraste de drama e ficção misturado com um enredo perfeito fez a obra ganhar o Oscar de “Melhor roteiro original” que, na minha opinião, foi uma vitória justa e merecida. Aos que já assistiram e não gostaram: vale a pena assistir novamente e dar uma chance para que essa história conseguir te cativar. Aos que ainda não assistiram: RUN, FORREST, RUN!!!

8.8ÓTIMO
É um filme que transcende as barreiras do real e da ficção. Ele pega você pelo sentimento mais puro e verdadeiro do mundo e te faz acreditar que sim, o amor existe e vai acontecer do jeito que é para acontecer.

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