Os cinemas comerciais pelo mundo tem sido invadidos por uma nova onda de terror, que se vale dos mesmo clichês e estereótipos típicos dos anos noventa mas que tem por novidade a completa falta de carisma de absolutamente todos os personagens. Esse fenômeno ganhou muita força na década passada, com inúmeros filmes de qualidade sofrível que mais pareciam produzidos para tv do que para o formato em tela grande. Satânico bebe um pouco dessa fonte, piorado pelo fato de a direção ser de Jeffrey G. Hunt, mais conhecido por realizar séries como Vampire Diaries, os spin offs de CSI, Dark Blue e a famigerada Gotham.
A sinopse não poderia ser mais batida, são quatro jovens viajando para um lugar distante e que resolvem parar em Los Angeles para visitar locais onde ocorreram crimes hediondos. A partir daí eles encontram algumas pessoas que soam esquisitas aos olhares do grupinho, basicamente por essas possuírem um modo de vestir e viver diferente do deles. Depois de fazer referências diretas a filmes de qualidade discutível, como Ouija, A Face do Mal e Atividade Paranormal e claro, The Walking Dead uma vez que este é um filme dos mesmos produtores, a narrativa passa a investigar de maneira bastante preconceituosa os hábitos das pessoas, notam um ritual de sacrifício que remete aos tempos medievais, distantes demais dos tempos atuais.
O problema não seria maior caso essa ação de preconceito fosse só dos personagens, a questão e que o roteiro de Anthony Jaswinski (Águas Rasas e O Mistério da Rua 7) também julga essas pessoas como entes errados. O quadro muda ligeiramente quanto o quarteto resgata a prisioneira Alice, vivida pela bela Sophie Dalah. Seu papel até inicia bem, mostrando ser uma pessoa traumatizada e marcada por um mal inexplicável, mas logo as boas ideias de desconstrução de sexplotation são deixadas de lado, para dar vazão a mais um produto genérico.
Há algumas cenas interessantes na questão do gore. O filme varia entre a total falta de pudor em mostrar sangue e em fazer apologia ao ocultismo, mas isso é apenas um ensaio de uma mudança de patamar. Nos minutos finais o que ocorre é uma perseguição aos protagonistas sem qualquer culpa ou motivo aparente para que isso tudo ocorra. Não há explicação tampouco aura de mistério que faça valer o silêncio a respeito das mortes e da tal criatura que assombra os jovens.
As regras estabelecidas em Satânico não fazem sentido nem dentro dos clichês do gênero. A fotografia do filme é até em interessante, em face de toda a mediocridade que habita o filme, mas ainda assim é muito pouco, não salvando por exemplos os crassos erros de continuísmo. Não há quase nada durante os 84 minutos de exibição, exceção a exposição dos corpos sarados dos participantes do elenco, constituindo neste mais uma tentativa de esconder a pobreza de seu texto.
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