.:: INDIE 2016 Festival Cinema ::.
Há três anos, o diretor francês Alain Guiraudie havia escandalizado o mundo com o lançamento de “Um Estranho no Lago”. Se grande parte da plateia se mostra pudica com conteúdos adultos, imagine as reações quando o erotismo é explícito e praticado unicamente por homens. Nada que tenha espantado aqueles que legitimam o viés artístico de uma obra. Como o Festival de Cannes, que o selecionou como o melhor na mostra Um Certo Olhar.
Já neste ano, Guiraudie regressou a Cannes com a pompa de quem conseguiu inscrever o seu filme no seleto grupo de indicados à Palma de Ouro. Porém, o seu novo “Na Vertical” foi um dos títulos em competição que mais foi recebido com indiferença, impossibilitando-o de assegurar as mesmas credenciais que “Um Estranho no Lago” para assegurar de imediato uma vida fora do circuito de festivais.
O personagem central da história é Léo (Damien Bonnard), um roteirista com dificuldades em concluir o seu próximo projeto. Em viagem pelo sul da França, ele cruza com o que restou de componentes de duas famílias para lá de pitorescas. Primeiro com Yoan (Basile Meilleurat), jovem que Léo julga ter as feições perfeitas para ser um ator e que vive com o seu avô sem papas na língua Marcel (Christian Bouillette). Depois ele esbarra em Marie (India Hair), que cuida de um rebanho de ovelhas com o seu pai Jean-Louis (Raphaël Thiéry).
Tudo provoca estranheza em “Na Vertical”, seja o modo como Léo faz a primeira abordagem nesses estranhos ou mesmo como se dá a dinâmica de cada acontecimento. Parece haver em jogo muito mais do que uma mera inversão do que compete a cada gênero, a exemplo de Marie negando a maternidade a partir do momento que engravida de Léo ou como é exposta a vulnerabilidade de homens então viris – poucos momentos neste ano são tão desconfortantes quanto uma cena de sexo jogada no meio da metragem. É um filme dificílimo de categorizar e, por isso mesmo, imperdível.
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