Mario Vargas Llosa
De um lado um amor sem limites, do outro uma ambição desmedida e inconsequente. Assim, Mario Vargas Llosa constrói a brilhante história de Ricardo Somocurcio e Otilia.
Camaleoa
A canalhice, normalmente praticada pelos homens nas relações amorosas, é colocada, desta vez, na figura feminina e, ao que parece, apesar das ações desprezíveis recheadas com toque de carinho verbal, leva o leitor a não odiar a personagem.
Otilia muda de nome como camaleoa muda de cor, para praticar as safadezas.
Ricardo não consegue entendê-la.
As aventuras da menina má deixam de ser uma necessidade para transformar-se em aberração de caráter.
Vai ao encontro do risco, por necessidade de sofrimento.
Sofrer era não se aventurar e sujeitar-se ao risco era uma forma de punir-se.
O autor nos remete para a prática da tolerância, do amor desmedido e da aceitação dos diferentes.
Mostra que a opção de vida escolhida por um indivíduo é como uma flecha lançada, na maioria das vezes, não tem volta.
O leitor censura a menina má e, ao mesmo tempo, deseja que alguma coisa de normal aconteça.
A aventura começa com a chilenita Lily, depois veio a camarada Arlete, madame Robert Arnoux, Mrs. Richndson e Kuriko.
Todos elegeriam madame Somocurcio como favorita, mas, a aventura emanava da pele da menina má como nicotina evapora do corpo de um fumante.
Caminho político
O autor oferecer um cenário sociopolítico, vivido no Peru, através da história.
Migram os personagens para a França, país símbolo da democracia, para Cuba, na busca de justiça social, e, para a Inglaterra, reverenciando os movimentos culturais das décadas 60 a 80.
A tortura sofrida pela menina má, no Japão, serve de alusão ao regime implantado no Peru, pelo ex-presidente Fujimori, que possui cidadania japonesa.
Adoção
A narrativa chama a atenção para a adoção de menores e exalta a prática como uma decisão a ser tomada sem preconceito.
A criança vietnamita, incapaz de falar, adotada por um casal amigo de Ricardo, começa a balbuciar a partir do momento que atende ao telefone da menina má.
Esse tema adoça a carapaça da aventureira, mostra que perdas, carências sociais e afetivas podem ser superadas através da atenção para com o próximo.
Lembra que o bem e o mal estão no mesmo indivíduo e nos compete à escolha por um ou outro.
O texto apresenta uma aventura descomunal e oferece um aprendizado digno da experiência do grande escritor, Mario Vargas Llosa.
A leitura é imperdível!
Mario Vargas Llosa
Jornalista, dramaturgo, ensaísta, crítico literário e escritor consagrado internacionalmente.
Nascido em Arequipa, no Peru, em 1936, ganhou notoriedade literária com a publicação do romance A cidade e os cachorros (1961).
Mudou-se para Paris nos anos 60 e lecionou em diversas universidades americanas e europeias, ao longo dos anos.
Publicou Conversa na catedral, Pantaleão e as visitadoras, Tia Júlia e o escrevinhador, A guerra do fim do mundo, Quem matou Palomino Molero? Cartas a um jovem escritor.
Recebeu os prêmios Cervantes, Príncipe das Astúrias.
Foi candidato derrotado à presidência do Peru, em 1990, perdendo a eleição para Alberto
Fugjimori.
Referência bibliográfica
Vargas Llosa, Mario
Travessuras da menina má / Mario Vargas Llosa; tradução de Ari Roitman e Paulina Wacht..
302p.
Tradução de: Travessuras de la niña mala.
ISBN 85-7302-808-4
Romance peruano. I. Roitman, Ari, paulina. II. Título.
(R)
Travessuras da menina má / Mario Vargas Llosa; tradução de Ari Roitman e Paulina Wacht..
302p.
Tradução de: Travessuras de la niña mala.
ISBN 85-7302-808-4
Romance peruano. I. Roitman, Ari, paulina. II. Título.
(R)