Uma vez finalizado o nosso Prêmio Review, no qual rememoramos o melhor do cinema de 2015 em várias categorias, encerramos os tópicos pertinentes ao ano passado com um top 10 sobre os nossos lançamentos favoritos. Assim como em anos anteriores, consideramos aqui qualquer filme conferido em sua passagem pelos cinemas brasileiros ou com apreciação exclusiva por meio do nosso mercado dehomevideo. Compreendemos a expansão do video on demand, mas ainda não temos uma fonte em que podemos consultar a chegada de cada título nessa plataforma.
E quanto a você, quais foram os melhores filmes de 2015? No Letterboxd, também publicamos um top 50.
# 10. Força Maior, de Ruben Östlund
Vencedor do prêmio Um Certo Olhar na última edição do Festival de Cannes e lamentavelmente ignorado no Oscar na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, “Força Maior” busca tanto por panorâmicas de paisagens naturais e gélidas como representações da natureza do protagonista como também por planos que o capturam à distância, forçando uma pequenez que parece caçoar de sua masculinidade. Os suecos são ótimos em retratar as suas fraquezas sem qualquer reserva e as coisas não são diferentes para Tomas, nos fazendo criar uma empatia por um homem inegavelmente patético. +
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# 9. A Gangue, de Miroslav Slaboshpitsky
Além de exigir que o público saia de sua zona de conforto ao contar uma história que se comunica com a apropriação de ferramentas pouco usuais, “A Gangue” também não o poupa ao fazer um registro barra-pesada sobre o submundo europeu que não deixa ninguém incólume. Figuras geralmente retratadas em tom piedoso, os surdos-mudos se veem aqui tão errantes e vulneráveis quando os indivíduos que verbalizam com mais facilidade as suas fúrias internas. +
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# 8. O Julgamento de Viviane Amsalem, de Ronit Elkabetz e Shlomi Elkabetz
Na posição autoral privilegiada, Ronit Elkabetz poderia muito bem persuadir o seu irmão e co-diretor Shlomi Elkabetz ao enaltecer a figura de Viviane Amsalem ao mesmo tempo em que vilaniza Carmel e todos os homens que o cercam. Ao invés disso, não questiona as falhas, inerentes a qualquer ser humano, mas o poder de decisão, exclusivo a eles. É um status quo tão devastador daquela realidade que a nem mesmo a liberdade surge sem que um novo voto de opressão seja prometido. +
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# 7. Mad Max: Estrada da Fúria, de George Miller
O que transformará “Estrada da Fúria” em clássico, no entanto, é a virada de expectativas que é proposta a partir de seu segundo ato. É preciso muita coragem para transformar Max em um coadjuvante de sua própria história, algo que George Miller faz sem qualquer cerimônia ao avaliar a potencialidade de sua Imperatriz Furiosa. É ela a face que os personagens íntegros precisam como um novo líder e a inteligência em confirmar esse desejo permite ao filme caminhar para um encerramento implacável. +
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# 6. A Pele de Vênus, de Roman Polanski
A maior graça de “A Pele de Vênus” é a desmitificação de mitos com as menções às inúmeras versões de Vênus. Seja nas pinturas de Botticelli, Ticiano e Kustodiev ou nas esculturas preservadas nos museus de Louvre e Atenas, a Deusa da Beleza e do Amor sempre foi retratada em seu esplendor. Mas resistiria suas virtudes ao tempo? É um questionamento que Polanski transfere para a reversão dos papéis do Homem e da Mulher, para a compreensão da máscara que sustentamos e a verdadeira face que ela acoberta e, especialmente, para a desnudação da arte de fazer cinema. +
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# 5. Livre, de Jean-Marc Vallée
Evitando o erro visto em filmes similares como “Na Natureza Selvagem”, em que o protagonista é involuntariamente reduzido com o realce exacerbado conferido aos personagens secundários, “Livre” se mantém concentrado totalmente em Cheryl, o que garante força à aventura que ela mergulha. Há também o trabalho musical, com canções selecionadas a dedo pelo roteirista Nick Hornby (britânico mais conhecido como o autor dos livros “Alta Fidelidade” e “Um Grande Garoto”) para embalar os passos de Cheryl, firmes o suficiente para tornar palpáveis as novas possibilidades com o fim de um percurso existencial. +
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#4. Mistress America, de Noah Baumbach
Nunca se viu Noah Baumbach tão certeiro na mise-en-scène e nos diálogos, estes também assinados por Greta Gerwig e disparados como balas de uma metralhadora. E é exatamente aí que “Mistress America” vai deixando um gosto amargo. É um filme tão sincero e espontâneo em suas intenções que 84 minutos de duração parecem insuficientes. O desejo é o de ficar acompanhando esses personagens instáveis o dia inteiro. +
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# 3. A Lição, de Kristina Grozeva e Petar Valchanov
Muito parecida com Noomi Rapace, Margita Gosheva está extraordinária no desafio em viver Nade, que passa a ter um problema ainda maior a partir do ponto que soluciona o anterior. É sufocante vê-la com dificuldades em pagar uma taxa risível para não ter a sua residência tomada pelas autoridades e os acontecimentos que se sucedem, como as consequências por um empréstimo ilegal e os atritos familiares vindo à tona, quase nos fazendo perder as esperanças por uma resolução positiva, não fosse a determinação em Nade em não permitir que as adversidades pisoteiem os seus valores. Um estudo fascinante de personagem e do cenário em que está inserida, bem como um dos melhores filmes deste ano. +
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# 2. Sicario: Terra de Ninguém, de Denis Villeneuve
Após “Os Suspeitos”, Denis Villeneuve volta a trabalhar novamente com o diretor de fotografia Roger Deakins, formando assim uma dupla que compreende a tensão com o enclausuramento de seus personagens com planos fechados e a preferência por alguns recursos que nos jogam na ação, como o clímax que emula o que se vê com o uso de um equipamento de visão noturna. Colabora também a trilha do islandês Jóhann Jóhannsson, que substitui os acordes ternos de “A Teoria de Tudo” pelo empenho em criar uma ilusão de uma tormenta desabando sobre a terra. +
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# 1. Whiplash: Em Busca da Perfeição, de Damien Chazelle
Além do domínio técnico, Chazelle tem tanta fluência do seu próprio texto que ainda é capaz de visualizar na vilania de Fletcher e no fracasso de Andrew dois componentes opostos que irão se articular em parceria na tentativa de alcançarem algo que vá além de suas capacidades. Conclui-se assim um grande filme que extrai de nós os aplausos que não encena. +
fonte: http://cineresenhas.com.br/2016/03/11/os-10-melhores-filmes-de-2015/
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