quinta-feira, 17 de março de 2016

[Resenha] Revival, de Stephen King

Livro cedido pela editora para resenha
ISBN: 9788581053103
Tradução: Michel Teixeira
Ano de Lançamento: 2015
Número de Páginas: 376
Editora: Suma de Letras
Classificação: ♥♥♥ 
Sinopse: Em uma cidadezinha na Nova Inglaterra, mais de meio século atrás, uma sombra recai sobre um menino que brinca com seus soldadinhos de plástico no quintal. Jamie Morton olha para o alto e vê a figura impressionante do novo pastor. O reverendo Charles Jacobs, junto com a bela esposa e o filho, chegam para reacender a fé local. Homens e meninos, mulheres e garotas, todos ficam encantados pela família perfeita e os sermões contagiantes. Jamie e o reverendo passam a compartilhar um elo ainda mais forte, baseado em uma obsessão secreta. Até que uma desgraça atinge Jacobs e o faz ser banido da cidade. Décadas depois, Jamie carrega seus próprios demônios. Integrante de uma banda que vive na estrada, ele leva uma vida nômade no mais puro estilo sexo, drogas e rock and roll, fugindo da própria tragédia familiar. Agora, com trinta e poucos anos, viciado em heroína, perdido, desesperado, Jamie reencontra o antigo pastor. O elo que os unia se transforma em um pacto que assustaria até o diabo, com sérias consequências para os dois, e Jamie percebe que “reviver” pode adquirir vários significados.

Stephen King, para quem ainda não sabe, dispensa comentários. A sua biografia como escritor, roteirista e novelista é “monstruosa” (sem trocadilhos) tanto quanto a sua bibliografia, iniciada em 1974 com Carrie, a Estranha. Sem dúvida alguma, nenhum outro escritor ainda vivo acumulou tantos prêmios, títulos e teve  a satisfação profissional de ver o seu trabalho transferido para o cinema, a TV e outras mídias, como os quadrinhos.

Stephen King chega a produzir uma média de dois ou três livros por ano. Dos seus quase 80 livros já editados, entre ficção, não ficção, série, livros de contos e sob o pseudônimo de Richar Bachman, 59 das suas histórias já foram adaptadas para o cinema, 27 já foram adaptadas para séries ou filmes de TV, e alguns dos seus contos já foram adaptados como episódios de séries televisivas famosas como Arquivo X, Além da Imaginação, Contos da Cripta, etc… Só por essas e outras, já dá vontade de ler um livro de Stephen King. Você não tem? Não sabe o que está perdendo!



No século passado, King já foi apontado como o “escritor do século”, e do jeito que as coisas vão para o estadunidense nascido em 1947, vai acabar sendo eleito o “escritor do milênio”.  Eu poderia parar por aqui mesmo, depois dessa introdução, quase como uma homenagem ao autor de Revival, que é o motivo desta resenha. Que aliás, ganhou uma edição bem bacana por parte da Suma de Letras com essa capa holográfica, onde, conforme você movimenta a capa, tem a impressão de que o raio percorre o nome do autor e o título da obra. Muito show!

Quanto a história em si, tenho a preambular, mais do que já fiz, que gostei muito. Claro, não é o melhor trabalho de King, como em O IluminadoIt - A Coisa, Zona MortaCristine, ou Celular, entre outros, que já tive o prazer de ler, mas tem a chancela do mestre do terror e uma trama bem alicerçada com bons personagens.


O toque realista é um aspecto bem interessante em Revival. Stetephen King sempre usou “insights” de sua infância para compor os seus livros. Muitos de seus personagens têm como caricaturas pessoas da vida real que fizeram parte da comunidade em que ele viveu sua infância, sua adolescência e sua fase adulta. Um exemplo são os professores que tentam ganhar a vida como escritores, geralmente envolvidos com o alcoolismo, convivendo numa família problemática; King foi professor e sofreu anos com o alcoolismo. Então, toda essa experiência que o autor acumulou ao longo de sua existência, ele transpõe para o papel em forma de ficção. Quem leu It - A Coisa, por exemplo, ou mesmo o Apanhador de Sonhos, vai encontrar naquele grupo de amigos justamente o mesmo grupo de amigos que King tinha em sua infância, onde ele transpôs para a ficção muitas de suas vivências com os colegas. Só por isso dá para entender como as histórias dele são ricas em detalhes, recheadas de realismo, permeadas de muita emoção; porque King escreve com a alma.

E em Revival ele não deixa por menos. Algumas pessoas podem achar a leitura um pouco arrastada no começo, mas essa impressão de lentidão vai se diluindo à medida em que a trama vai se aprofundando e as personagens vão desfilando diante dos nossos olhos para um final realmente impressionante. Aliás, um dos finais mais impactantes que tive o prazer de ler numa obra de King desde O Iluminado e Zona Morta.


A trama de Revival se passa na Nova Inglaterra, região que King conhece como a palma da mão, pois fica no Estado do Maine, palco da grande maioria dos seus romances. O livro é uma espécie de adaptação livre do clássico Frankenstein de Mary Shelley, narrado sob a ótica de Jamie Morton, desde o seu nascimento até o seu encontro com o Reverendo Charles Jacobs. Então, a vida de James não será mais a mesma, nunca mais. E como vemos em muitos dos livros de King, Revival nos traz à baila assuntos polêmicos como: religião, fanatismo, ideologia política, descriminação, drogas, sexo, ódio inter-racial, vida e morte.

No mais, tanto os personagens quanto a narrativa, a ambientação e descrições, são bem o estilo do autor já visto em outras obras que lhe consagraram a fama. Portanto, se você ainda não leu nada dele, Revival pode ser um bom começo, mas se já é fã, este livro é uma leitura obrigatória.

Eu gostei muito dessa adaptação do clássico de Mary Shelley. Tive a oportunidade de ver outras adaptações modernas do tema, em livro e em filmes, mas Revival trouxe uma roupagem bem diferente e impactante que só quem leu e curte o trabalho de Stephen King vai compreender. Porque...

"A curiosidade é uma coisa terrível, mas é humana." 


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