por Ronaldo D'Arcadia
Melhor do que isso só se for verdade, e realmente é: "Anvil! The Story of Anvil" nos apresenta a trajetória de injusto insucesso da banda Anvil, e mostra o que é na essência o espírito Rock 'N' Roll.
Para começar preciso dizer que não conhecia o trabalho da banda. Tinha conhecimento de sua existência no passado, e de sua importância, mas não tinha ideia de sua situação atual. Para mim ela não existia mais, assim como para muitos imagino.
O documentário corajoso do diretor Sacha Gervasi, juntamente com Steve 'Lips' Kudlow (Vocal e Guitarra Solo) e Robb Reiner (Baterista) - membros originais da banda Anvil - é um atestado daquilo que existe de mais real e puro no Rock 'N' Roll.
Primeiramente somos apresentados a essa (até então) desconhecida banda. Ícones do gênero bate cabeça, como o vocalista Lemmy (MotörHead), o guitarrista Slash, o batera Lars Ulrich (Metallica) e diversos outros caras, falam um pouco da importância do conjunto para o cenário da época, como ele rompeu certas convenções e também influenciou diversas outras bandas.
Em 1984 o grupo estava no auge. Um show no Japão para milhares de pessoas foi um dos pontos máximos da carreira. No mesmo show tocaram bandas como Scorpions, Bon Jovi e Whitesnake - que superariam o número de um milhão de cópias vendidas nos anos seguintes - e o Anvil era de longe a melhor das apresentações. O problema foi que com o passar dos anos o quarteto caiu no esquecimento, e essa dura realidade, chamada anonimato, atingiu a cabeça deles como uma sentença.
Muitos razões foram especuladas para se tentar descobrir os motivos desse desaparecimento. Os altos teores de besteiras contidas em suas músicas, num período onde o metal enfrentava fortes críticas dos americanos mais puritanos (fato que é muito bem explanado no ótimo documentário "Metal: A Headbanger's Journey") seria uma explicação. Talvez por estarem "isolados" no Canadá, um país sem nenhuma tradição no Heavy Metal, pode também ter promovido o afastamento. Toda a influência do Anvil vinha claramente da Europa, principalmente Inglaterra, famoso celeiro das melhores e mais famosas bandas do gênero, como Iron Maiden e Black Sabbath. Todos os olhos e ouvidos estavam voltados para lá.
O dia a dia dos integrantes nos é revelado como uma coisa enfadonha. Reiner é pedreiro, lida com uma broca e afirma que isso acaba lhe servindo de terapia. Ele não reclama, mas diz se sentir melhor no palco, atrás da batera. Lip’s é motorista e gosta do que faz, tem mulher, filho e dá duro para ganhar a vida.
Mas o amor pela música nunca deixou a dupla, que são os principais guerreiros da banda e que sempre carregaram a bandeira do Anvil por todos esses anos. Eles nunca pararam de tocar, suas habilidades estão intactas. A grupo é pouco reconhecido nos EUA, mas é tratado como relíquia dos anos 80 nos países europeus. Algumas turnês são realizadas, o péssimo empresário os coloca em situações incrivelmente impagáveis. Atrasos constantes e noites mal dormidas em estações de viagem são de praxe. Alguns donos de estabelecimentos se recusam a pagar shows e o clima esquenta muito, principalmente com o estourado vocalista Lip’s. Discos são distribuídos e nada acontece. Mas a perseverança de Lip’s e Reiner realmente merece respeito. Os dois amigos (irmãos por assim dizer) brigam, gritam, mas estão sempre juntos. Há 30 anos preservam o nome da banda, um feito realizado por poucos, como lembra Slash.
Acompanhando essa epopeia catártica, o diretor Gervasi optou por um tom mais pessoal em certos momentos, o que funciona muito bem, levando em conta todo drama que envolve o conjunto, família, amigos e fãs. Algumas cenas tomam ares cinematográficos de tão inusitadas, mas ao mesmo tempo a realidade salta da tela. Eles decidiram desabafar para as câmeras, esperando que aquilo os purificasse.
Mas o amor pela música nunca deixou a dupla, que são os principais guerreiros da banda e que sempre carregaram a bandeira do Anvil por todos esses anos. Eles nunca pararam de tocar, suas habilidades estão intactas. A grupo é pouco reconhecido nos EUA, mas é tratado como relíquia dos anos 80 nos países europeus. Algumas turnês são realizadas, o péssimo empresário os coloca em situações incrivelmente impagáveis. Atrasos constantes e noites mal dormidas em estações de viagem são de praxe. Alguns donos de estabelecimentos se recusam a pagar shows e o clima esquenta muito, principalmente com o estourado vocalista Lip’s. Discos são distribuídos e nada acontece. Mas a perseverança de Lip’s e Reiner realmente merece respeito. Os dois amigos (irmãos por assim dizer) brigam, gritam, mas estão sempre juntos. Há 30 anos preservam o nome da banda, um feito realizado por poucos, como lembra Slash.
Acompanhando essa epopeia catártica, o diretor Gervasi optou por um tom mais pessoal em certos momentos, o que funciona muito bem, levando em conta todo drama que envolve o conjunto, família, amigos e fãs. Algumas cenas tomam ares cinematográficos de tão inusitadas, mas ao mesmo tempo a realidade salta da tela. Eles decidiram desabafar para as câmeras, esperando que aquilo os purificasse.
Seguindo por vários anos a banda, o documentário apresenta então uma caminhada rumo a ressurreição. A procura de gravadoras, decepções, a caça por produtores, o sonho ganhando força novamente. A parceria com um antigo produtor rende um novo CD, um fôlego a mais que possibilita alçar novos voos. Com a família sempre ao lado, vemos depoimentos de mães e irmãos que entendem, desaprovam ou simplesmente acreditam naqueles lunáticos. Tudo muito comovente.
O tema principal vai além do tópico aparentemente em destaque: "A banda Anvil". O filme fala de perseverança, de comprometimento a uma causa, de vitórias e derrotas, mas acima de tudo fala do amor pela música. Isso é Rock 'N' Roll. Percebemos que no final, o dinheiro só estraga as coisas, mas precisamos viver correndo atrás dele, e assim a caravana segue. Vida longa ao Anvil!
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