segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

O Lado Mais Sombrio de A. G. Howard

QUINTA-FEIRA, 17 DE ABRIL DE 2014

ISBN: 9788581633381
Tradutor: Camila José dos Santos
Ano: 2014
Páginas: 368
Editora: Novo Conceito
Pontuação: ♥ ♥ ♥   
() Favoritado!
Alyssa Gardner ouve os pensamentos das plantas e animais. Por enquanto ela consegue esconder as alucinações, mas já conhece o seu destino: terminará num sanatório como sua mãe. A insanidade faz parte da família desde que a sua tataravó, Alice Liddell, falava a Lewis Carroll sobre os seus estranhos sonhos, inspirando-o a escrever o clássico Alice no País das Maravilhas. Mas talvez ela não seja louca. E talvez as histórias de Carroll não sejam tão fantasiosas quanto possam parecer. Para quebrar a maldição da loucura na família, Alyssa precisa entrar na toca do coelho e consertar alguns erros cometidos no País das Maravilhas, um lugar repleto de seres estranhos com intenções não reveladas. Alyssa leva consigo o seu amigo da vida real – o superprotetor Jeb –, mas, assim que a jornada começa, ela se vê dividida entre a sensatez deste e a magia perigosa e encantadora de Morfeu, o seu guia no País das Maravilhas. Ninguém é o que parece no País das Maravilhas. Nem mesmo Alyssa...

Sempre fui fascinada pelo mundo de Alice no País das Maravilhas. Acho incrível este universo psicodélico criado por Lewis Carroll. O que mais me fascina é o fato do impossível ser possível, e o inimaginável ser tangível. Sempre achei que era um mundo sombrio, como um pesadelo louco, ou uma criação de uma mente realmente perturbada.

E realmente não sei explicar porque me encanto tanto. Sempre gostei de tudo que tem referências a este assunto, e minhas adaptações favoritas foram um filme e um game. O filme Tim Burton's Alice in Wonderland é o meu favorito, e sem dúvida, a melhor adaptação que já vi da famosa história de Carroll. No campo dos games, eu joguei há muitos anos atrás o sangrento e violento American McGee's Alice (clique aqui e saiba mais), que é um jogo que representa perfeitamente todo o lado sombrio do País das Maravilhas, e perturbado da mente de Alice. Simplesmente fantástico.

Agora, no universo literário, não havia lido nada do gênero ou parecido. Até que surge O Lado Mais Sombrio, de A. G. Howard. E sabe de uma coisa? Acrescento este livro à minha lista de favoritos, entre as melhores adaptações do mundo de Alice e o País das Maravilhas.

Em O Lado Mais Sombrio conhecemos a história de Alyssa, descendente de Alice Lidell (sim, A Alice), que ouve plantas e insetos, mesmo sem querer. Como uma forma de calar essas vozes ela captura insetos e faz quadros com eles, que são verdadeiras obras de arte, retratando estranhas paisagens que parecem sair de um mundo diferente. Alyssa ainda tem que enfrentar a difícil situação de ser chacota desde sempre por ser descendente de Alice, carregando o fardo desta história maluca. Para por aí? Não! Ela gosta do melhor amigo, Jeb, que está com outra e parece vê-la apenas como uma irmã. E ainda enfrenta mais um grande problema: sua mãe, Alison, está internada em um sanatório, totalmente descontrolada e louca. Alyssa tem que conviver com este maldição, este lado negro que encobre a vida de todas as descendentes de Alice.

Mas o que Alyssa não imagina, e nem espera, é que seu mundo pode virar às avessas de verdade, e tudo o que ela imaginava ruim pode ficar ainda pior. É este lado sombrio da família Lidell que vai arrastá-la para uma aventura no País das Maravilhas, para tentar consertar os erros cometidos por Alice e assim quebrar a maldição que as sentenciam a uma vida de loucura; e salvar sua mãe a qualquer custo! Alyssa só não sabe que, além de acabar arrastando seu melhor amigo em sua empreitada, vai acabar conhecendo (ou reencontrando?) o estranho e sexy Morfeu, um ser intraterreno (ser místico do submundo) que vai colocá-la em dúvida sobre seu destino, seu amor e suas verdades. Nesta jornada maluca, ela vai acabar se descobrindo e entendendo que nem tudo é o que parece ser, que aparências enganam, e que ela pode ter um lado bom e um verdadeiramente sombrio.

Howard foi genial e muito feliz em sua narrativa e construção da história. Não imaginava que se pudesse aproveitar tanto de um mundo já existente, e ainda por cima fazer algo totalmente novo e inusitado. Eu simplesmente amei a narrativa da autora, que alterna entre loucura, sombras e luz. Ela recria um País das Maravilhas totalmente diferente, com seres muito bizarros. Plantas carnívoras, um coelho branco que é na verdade um pequenino ser intraterreno apenas de ossos, seres impiedosos e maldosos, seres que misturam diversas formas de animais, etc. Sim, estão todos lá: a Lagarta, o Gato de Cheshire, a Rainha de Copas, oCoelho Branco, o Chapeleiro Maluco, etc. Mas revemos os famosos personagens com uma roupagem totalmente nova: psicologicamente e fisicamente falando.

Não é o Coelho Branco ou nenhum outro tipo de coelho. É uma criaturinha parecida com um duende e do tamanho de um coelho. As pernas, braços e corpo são humanos, mas sem carne - um esqueleto descarnado. Luvas brancas cobrem as mãos cadavéricas; botas brancas protegem seus pés. [...] Seus olhos - esbugalhados e inquisitivos, como os de uma corça - têm um brilho rosado. Longas antenas brancas brotam de trás de cada uma de suas pequenas orelhas humanas. 

Além disso, o livro está recheado de paisagens e cenas exuberantes e exóticas, assim como seus personagens. Cheio de ação, aventura, enigmas e segredos... e até mesmo romance. Uma trama inteligente, com ótimos diálogos e mistérios realmente desafiantes.

O que mais me agradou no livro foi este lado, como o nome propriamente diz, sombrio. A autora conseguiu imputar à Alyssa uma personalidade tão única e cativante, que ela se torna tão forte quanto Alice e ganha uma história só sua, onde, arrisco a dizer, até apaga um pouco do brilho da predecessora. Aliás, os personagens são fantásticos. Além da própria Alyssa, adorei amei amei amei amei o Jeb com seu jeito protetor e carinhoso, e como ele é corajoso, determinado e leal à amizade, ao amor e à causa de Alyssa. Agora, quando entra em cena Morfeu, ai ai, segura coração!

Morfeu rouba a cena e o ar, tanto de Alyssa, quanto o meu. Ele é carismático ao extremo, inteligente, sagaz, e sacana. Sim, ele é inescrupuloso quando o assunto é de seu próprio interesse. Ele me fez sentir um misto de emoções, entre ódio e amor. Durante todo o livro eu oscilei entre um sentimento e outro, e no fim não decidi se o amo ou odeio, só sei que ele é um dos meus personagens favoritos do livro, apesar dos pesares. Ele brilha de maneira própria e conduz a trama na maior parte do livro. Alyssa também é uma personagem incrível que mostra muito bem como todo mundo tem seu lado sombrio, e neste caso, que a completa. Adorei Alyssa.

E aqui estou eu, a união de tudo isso. A luz e a escuridão ao mesmo tempo. Caso eu cedesse a um dos meus lados, será que eu teria que abdicar do outro? Meu coração dói ao pensar nisso. De alguma maneira, sinto que preciso dos dois para estar completa.

Enfim, nem tem como colocar em palavras o quanto o livro é fantástico, pois ele é rico em detalhes, elementos e referências que só com a leitura você vai entender. Para mim, a história de Howard funcionou muito bem! O Lado Mais Sombrio traz o que há de melhor do mundo de Alice e seu País das Maravilhas. Não só isso, é um livro surpreendente, tanto nos detalhes quanto na trama. Não esperava que fosse tomar o rumo que tomou, não esperava o fim que teve, e não esperava muitas das atitudes de alguns personagens. No fim, foi um livro que me surpreendeu completamente!

O legal é que a própria autora confirma, em seus agradecimentos, que se inspirou em Lewis Carroll e Tim Burton para criar sua história. Explica-se por que é tão boa (adoro as criações de Tim Burton).

Ainda vejos as flores se metamorfoseando em monstros perante nossos olhos. Como disse Jeb, este não é o País das Maravilhas que Lewis Carroll criou. 

E se ainda não reparou, está aqui uma boa observação: você, assim como eu, baba com esta capa? Eu simplesmente estou in love por ela, assim como com todo o trabalho de diagramação. ♥ 

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