por Ronaldo D'Arcadia
Com extremo realismo, O Profeta nos apresenta o desconhecido submundo das prisões francesas.
O diretor da obra é Jacques Audiard, francês de muito talento, que tem em seu currículo o também excelente De Tanto Bater Meu Coração Parou. Com O Profeta, ele venceu o Grande Prêmio no Festival de Cannes, em 2009, e foi indicado ao Oscar de Melhor filme estrangeiro. Levou também o Bafta de melhor filme estrangeiro, desbancando o favorito A Fita Branca de Michael Haneke, e por fim, ganhou nove troféus no César, festival mais renomado da França.
Audiard é fantástico com sua câmera sempre em movimento. Em tom documental, ele nos apresenta a realidade de forma orgânica e natural. Brincando com os elementos, como visão, audição e mesmo as diferentes línguas de seus personagens, mergulhamos dentro do filme, vivenciando na pele a evolução da trama.
O roteiro é uma obra de arte. Muito bem amarrado, por vezes não se preocupa em explicar até onde vão suas raízes, deixando para o público a dedução dos acontecimentos. Audiard, juntamente com o roteirista Thomas Bidegain, constrói uma história de ascensão ao poder digna dos grandes filmes de mafiosos americanos.
A trilha sonora também chama a atenção. Trabalhando de forma discreta durante todo o longa, ela por vezes se revela bem humorada, executando canções americanas como um rap carregado de gírias, um blues arrastado, ou ainda uma versão acústica incrível de Mack The Knife, imortalizada por Frank Sinatra.
O time de atores é extremamente eficiente. Auspiciosamente escolhidos, todos são caras novas ou com poucos trabalhos feitos. Tahar Rahim, que interpreta o personagem principal Malik El Djebena, está perfeito como o criminoso de boa índole. Apesar de enganar seus comparsas, e assassinar a sangue frio seus inimigos, o garoto nunca perde o ar de bom amigo. Ele é o criminoso mainstream, uma espécie de Teddy Bundy dos franceses.
Junto a ele está Niels Arestrup interpretando César Luciani, chefão da quadrilha que manda em tudo dentro da prisão. Apesar de sua influência política dentro e fora dos muros, Luciani sabe que deve manter sua posição com mão de ferro, pois quando se está no topo, para baixo é a única opção. O elenco de apoio é todo formado por atores de teatro e não atores ex-presidiários, fazendo com que as relações sejam as mais autênticas possíveis.
Todos sabemos como facções criminosas comandam os presídios de nosso país. Homens com poderes ilimitados, que além de seus negócios do outro lado do muro, controlam também policiais, advogados e uma legião de seguidores.
O filme O Profeta aborda esta sociedade atrás das grades, mas a diferença aqui é o sotaque, e também o caos calmo que existe em suas relações. Presídios franceses são muito diferentes de presídios brasileiros. Enquanto aqui homens ficam abarrotados em celas, tendo sua sanidade diretamente afetada, na Europa, a prisão segue uma existência mais humana, mas que não deixa de ser mórbida.
O filme O Profeta aborda esta sociedade atrás das grades, mas a diferença aqui é o sotaque, e também o caos calmo que existe em suas relações. Presídios franceses são muito diferentes de presídios brasileiros. Enquanto aqui homens ficam abarrotados em celas, tendo sua sanidade diretamente afetada, na Europa, a prisão segue uma existência mais humana, mas que não deixa de ser mórbida.
Tudo começa com a chegada de Malik El Djebena (Tahar Rahim) na prisão em que viverá nos próximos seis anos. Ele é um jovem de descendência árabe, que nada tem na vida. Ao ser preso, está sozinho, e claramente precisa se aliar com algum grupo. As oportunidades surgem e Malik as aproveita. Empurrado por um extinto de sobrevivência incrível, ele começa a ascender na vida do crime, ganhando cada vez mais status e respeito entre seus companheiros. Estrategista perfeito, suas jogadas se concretizam de forma brilhante, uma manipulação de fatores digna de mestre.
O diretor da obra é Jacques Audiard, francês de muito talento, que tem em seu currículo o também excelente De Tanto Bater Meu Coração Parou. Com O Profeta, ele venceu o Grande Prêmio no Festival de Cannes, em 2009, e foi indicado ao Oscar de Melhor filme estrangeiro. Levou também o Bafta de melhor filme estrangeiro, desbancando o favorito A Fita Branca de Michael Haneke, e por fim, ganhou nove troféus no César, festival mais renomado da França.
Audiard é fantástico com sua câmera sempre em movimento. Em tom documental, ele nos apresenta a realidade de forma orgânica e natural. Brincando com os elementos, como visão, audição e mesmo as diferentes línguas de seus personagens, mergulhamos dentro do filme, vivenciando na pele a evolução da trama.
O roteiro é uma obra de arte. Muito bem amarrado, por vezes não se preocupa em explicar até onde vão suas raízes, deixando para o público a dedução dos acontecimentos. Audiard, juntamente com o roteirista Thomas Bidegain, constrói uma história de ascensão ao poder digna dos grandes filmes de mafiosos americanos.
A trilha sonora também chama a atenção. Trabalhando de forma discreta durante todo o longa, ela por vezes se revela bem humorada, executando canções americanas como um rap carregado de gírias, um blues arrastado, ou ainda uma versão acústica incrível de Mack The Knife, imortalizada por Frank Sinatra.
O time de atores é extremamente eficiente. Auspiciosamente escolhidos, todos são caras novas ou com poucos trabalhos feitos. Tahar Rahim, que interpreta o personagem principal Malik El Djebena, está perfeito como o criminoso de boa índole. Apesar de enganar seus comparsas, e assassinar a sangue frio seus inimigos, o garoto nunca perde o ar de bom amigo. Ele é o criminoso mainstream, uma espécie de Teddy Bundy dos franceses.
Junto a ele está Niels Arestrup interpretando César Luciani, chefão da quadrilha que manda em tudo dentro da prisão. Apesar de sua influência política dentro e fora dos muros, Luciani sabe que deve manter sua posição com mão de ferro, pois quando se está no topo, para baixo é a única opção. O elenco de apoio é todo formado por atores de teatro e não atores ex-presidiários, fazendo com que as relações sejam as mais autênticas possíveis.
Em certa cena, Malik elimina um adversário com uma lâmina de barbear. Um fundo corte na veia carótida do pescoço do homem faz com que seu sangue se perca rapidamente. Após a execução, o fantasma do morto acompanha Malik de forma silenciosa, um fantasma que no final acaba se tornando seu único amigo de verdade. E assim, a voz inconsciente do profeta do crime se torna a loucura necessária para o mesmo sobreviver dentro de um sistema ironicamente sem leis.
O Profeta/ Un prophète: França, Itália/ 2009/ 155 min/ Direção: Jacques Audiard/ Elenco: Tahar Rahim, Niels Arestrup, Adel Bencherif, Reda Kateb, Leïla Bekhti
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