por Ronaldo D'Arcadia
Sempre é uma surpresa agradável saber que filmes de suspense serão produzidos com nomes de peso no elenco. Pois afinal, o gênero passa por uma escassez tão grande de bons exemplares que talvez uma produção mais ousada acabe verdadeiramente assustando alguns atores. Em "Caso 39" isso não aconteceu, e com Renée Zellweger a obra ganhou muito em visibilidade... mas infelizmente perdeu em qualidade. A atriz, que tem bons filmes em seu currículo – como o recente "Appaloosa – Uma Cidade sem Lei" –, já se aventurou por este terreno mórbido com o mal cotado "O Massacre da Serra Elétrica – O Retorno", mas em "Caso 39" a decepção que temos com sua personagem Emily Jenkins é grande o suficiente para colocar o resultado final em xeque.
Jenkins é uma assistente social dedicada que lida com casos sérios, e aos montes (38 para ser exato). E com a adição de mais um sua vida vira um verdadeiro inferno. O caso envolve a garota Lillith Sullivan (Jodelle Ferland), que aparentemente sofre maus tratos de seus pais, que parecem dois lunáticos. Depois de uma intervenção drástica, a assistente resolve adotar legalmente a menina. É aí que os problemas começam. Estranhos e trágicos eventos se desencadeiam, revelando que a garota esconde uma ligação com as forças do mal. Basicamente isso.
O roteiro vem das mãos de Ray Wright, que tem poucos trabalhos escritos e aqui entrega um trabalho com diversos problemas. A trama não poderia ser mais comum, envolvendo uma criança cabeluda, telefonemas estranhos e descrença de tudo e todos ao redor da protagonista. Wright até que tenta amarrar algumas coisas, e assim situar seus personagens na história com uma ligação convincente. Mas o problema é que esta suposta linearidade perde completamente seu ritmo e não segura as cenas forçadas.
Caso 39/ Case 39: Estados Unidos, Canadá/ 2009/ 109 min/ Direção: Christian Alvart/ Elenco: Renée Zellweger, Jodelle Ferland, Ian McShane, Bradley Cooper, Callum Keith Rennie
Jenkins é uma assistente social dedicada que lida com casos sérios, e aos montes (38 para ser exato). E com a adição de mais um sua vida vira um verdadeiro inferno. O caso envolve a garota Lillith Sullivan (Jodelle Ferland), que aparentemente sofre maus tratos de seus pais, que parecem dois lunáticos. Depois de uma intervenção drástica, a assistente resolve adotar legalmente a menina. É aí que os problemas começam. Estranhos e trágicos eventos se desencadeiam, revelando que a garota esconde uma ligação com as forças do mal. Basicamente isso.
O roteiro vem das mãos de Ray Wright, que tem poucos trabalhos escritos e aqui entrega um trabalho com diversos problemas. A trama não poderia ser mais comum, envolvendo uma criança cabeluda, telefonemas estranhos e descrença de tudo e todos ao redor da protagonista. Wright até que tenta amarrar algumas coisas, e assim situar seus personagens na história com uma ligação convincente. Mas o problema é que esta suposta linearidade perde completamente seu ritmo e não segura as cenas forçadas.
As reviravoltas são fulminantes e, mesmo se tratando de algo sobrenatural, sentimos que as coisas foram de 0 a 100 em segundos. Alguns bons diálogos trazem pontos positivos, como a entrevista entre a garota e o psicólogo Douglas, ou mesmo cenas de tensão com os pais da menina, mas no geral, esta irregularidade acaba sendo fator decisivo para a recepção negativa do longa, que culmina com um final obviamente sem inovação.
A direção ficou a cargo do alemão Christian Alvart, que entre seus poucos trabalhos está o irregular "Pandorum". O diretor demonstra possuir certa percepção com sua câmera, e se utiliza de ângulos e sequências interessantes, operando o seu melhor nos momentos de tensão e ação. Cenas como o ataque de vespas ou a invasão domiciliar são alguns dos trechos aproveitáveis. O resto perde em ritmo devido à fluidez descompassada da história.
A direção ficou a cargo do alemão Christian Alvart, que entre seus poucos trabalhos está o irregular "Pandorum". O diretor demonstra possuir certa percepção com sua câmera, e se utiliza de ângulos e sequências interessantes, operando o seu melhor nos momentos de tensão e ação. Cenas como o ataque de vespas ou a invasão domiciliar são alguns dos trechos aproveitáveis. O resto perde em ritmo devido à fluidez descompassada da história.
Mas os problemas são profundos quando a protagonista não dá conta do recado. Renée Zellweger parece indisposta na pele de sua Emily Jenkins. Enquanto tudo está bem e ela é a assistente social dos sonhos das crianças carentes, a atriz até parece confortável, mas com as viradas bruscas do roteiro ela fica perdida e não convence ninguém com suas caras e bocas. Seus momentos de medo ou raiva são hilários, dignos de filmes B (Sam Raimi na direção e roteiro seria perfeito, pois nada melhor que um alívio cômico para uma atuação tão improvável). A relevância da personagem para a fita acaba se tornando uma pedra que afunda qualquer coisa que se mostre positiva ao redor. Uma péssima escolha do casting.
O time de coadjuvantes se sai um pouco melhor. Os pais da garota, Edward e Margaret Sullivan, interpretados por Callum Keith Rennie e Kerry O’Malley (atores com extensa experiência em séries de TV), geram alguns bons momentos. Já Iam McShane se esforça com seu detetive Mike Barron, e até consegue despistar o roteiro incrivelmente previsível em algumas ocasiões, mas manter sua relevância se mostra uma difícil missão, sendo que no final, seu personagem é o mais contraditório e descartável de todos.
Bradley Cooper, ator que tem ótimo tom para comédia – comprovado em "Se Beber, Não Case" -, aqui fica preso a um estereótipo de possível galã e não rende muita coisa com seu psicólogo Douglas J. Ames. A jovem atriz Jodelle Ferland, que vive a bonitinha e terrível Lillith Sullivan, se sai bem dentro do possível, principalmente por parecer uma criança normal na maioria do tempo. Mas analisando a participação dos atores de apoio, o correto é entendermos que, toda e qualquer relevância que esses personagens possam vir a ter não muda em nada o fato do filme ser ruim.
Esta é uma obra que não dá pra se levar a sério, que acaba soando descartável na maioria dos momentos. Além de falhar no andamento e apresentar uma direção limitada, traz atuações que estão praticamente ligadas no piloto automático, sendo Zellweger o destaque neste quesito. Quando vemos produções como esta percebemos o dilema que o gênero passa nos dias de hoje. Parece cada vez mais difícil ficarmos realmente assustados mediante a tamanha bobagem.
Caso 39/ Case 39: Estados Unidos, Canadá/ 2009/ 109 min/ Direção: Christian Alvart/ Elenco: Renée Zellweger, Jodelle Ferland, Ian McShane, Bradley Cooper, Callum Keith Rennie
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