Walter, de Anna Mastro
.:: 39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo ::.
Dois anos após a estreia em longa-metragem com “Noite De Briga”, Jonathan Dillon fez o curta “Walter”, sobre um sujeito que afirma ser um dos filhos de Deus (“Não Jesus, o barbudo”, logo afirma) com o dom de determinar o destino de cada indivíduo que vê ao longo do dia, sendo ele o paraíso ou o inferno. Agora, o autor dessa premissa, Paul Shoulberg, vem com uma versão em longa sem nenhum envolvimento de Jonathan Dillon.
A responsabilidade de assumir a direção do projeto coube a estreante Anna Mastro, atualmente comprometida com o remake em inglês de “Moscou, Bélgica”. O primeiro ato é basicamente os 15 minutos do original, que também traz o mesmo intérprete, Andrew J. West. Walter acorda antes que a meia dúzia de alarmes o desperte, toma banho, veste-se, como o omelete feito por sua mãe (Virginia Madsen), apanha o ônibus e finalmente inicia o atendimento aos clientes de um cinema, sendo responsável por recolher os tickets – claro que até esse ponto ele já definiu o destino de um sem número de almas.
Outros elementos persistem na adaptação, como a atração por Kendall (Leven Rambin) e a tolerância pela intransigência de Vince (Milo Ventimiglia), sendo ambos os seus colegas de trabalho. A novidade está na inserção de Greg (Justin Kirk), um fantasma que passa a assombrar Walter não somente para que ele decrete para qual plano espirititual ele, um suicida, permanecerá, como também interferir no casamento de sua mulher, Allie (Neve Campbell). Outro elemento inédito é a presença de um terapeuta (William H. Macy) com um modus operandi nada convencional.
De algum modo, “Walter” concentra tudo o que reduz a comédia indie a um segmento de produção onde nem sempre conseguimos encontrar algo realmente válido e divertido. Há estranhezas espalhadas em todos os cantos de “Walter”: as cores saturadas, o dano a uma rotina com regras até então seguidos à risca, a proximidade com as leis divinas, o drama advindo de um passado rememorado, entre outras coisas. Tudo isso não leva a lugar algum e nos fazem questionar a existência de um material que sequer foi satisfatório em sua primeira encarnação.
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