Taklub, de Brillante Mendoza
.:: 39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo ::.
Embora seja uma tragédia natural ocorrida há apenas dois anos, o tufão Haiyan parece ter sido esquecido pelo mundo. Estima-se que foi o ciclone que deixou o maior rastro de destruição já registrado na história. Nada mais se relata sobre o episódio e as Filipinas ainda estão inseridas no processo de compreender todas as perdas e seguir rumo à reconstrução.
Sendo desse ambiente, Brillante Mendoza segue como uma das vozes mais expressivas para levar ao mundo o instinto de sobrevivência e o desejo de perseverar dos filipinos, tendo em 2009 obtido grande repercussão com “Lola”, sobre duas idosas que desejam uma solução para um crime protagonizado pelos seus respectivos netos. Com “Armadilha”, presta tributo aos mortos e sobreviventes do tufão Haiyan.
Em um prólogo de grande impacto, Mendoza registra uma família sendo consumida pelas chamas em um acampamento sem energia iluminado somente com lamparinas. Exibe assim como não há paz após a tormenta, com uma comunidade ainda assombrada por novos riscos e com recursos cada vez mais escassos.
Neste cenário, conhecemos Bebeth (Nora Aunor), uma mulher com uma força emocional descomunal em busca de um recomeço, mas presa a algo que a impede de prosseguir: o desaparecimento de um filho, cujo corpo sem vida pode estar sepultado em meio a paisagem desoladora que se formou após o tufão – seu ex-marido, Angelo (Soliman Cruz), adia um exame de DNA com medo de identificá-lo entre os mortos.
A história é naturalmente comovente e Mendoza acerta ao escolher o registro quase documental. Duas constatações que não verbalizam com artimanhas da ficção que quase conferem ares de sensacionalismo a “Armadilha”, como a trilha manipuladora de Diwa de Leon e os closes em busca de lágrimas. Tivesse permitido que as emoções viessem somente à tona com as fotografias que ilustram os créditos finais.
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