Por Thiago Augusto Corrêa
Segundo romance do argentino Federico Axat, O Pântano das Borboletas marca sua estreia no país em edição lançada pela Tordesilhas em 2014. Sucesso em seu país natal e bem recebido pela crítica, o ator é apontado como um misto de Rudyard Kipling e Mark Twain pela boa composição e inventividade narrativa, elogios que intentam demostrar que, mesmo para um romancista de pouca carreira, a prosa é consistente.
O romance se situa na pequena cidade americana de Carnival Falls, acompanhando um trio de amigos no ano de 1985, época em que tinham 12 anos de idade e compartilharam juntos descobertas e um deslumbramento ainda inocente pelo mundo. A narrativa evoca a memória comum a todos que passaram por esta fase, em uma vertente nostálgica transformadora deste tempo de aprendizado.
A história se desenvolve tanto nesta fase como dá um salto temporal de 20 anos, momento em que o público percebe que o livro é uma narrativa de memórias de um personagem-autor que retorna a sua infância para narrá-la em um romance. Estes dois espaços temporais se alternam com poucas conexões entre si e elevando o suspense. Axatar domina com perfeição o ritmo narrativo, sabe expor com precisão os acontecimentos, bem como encerrá-los ou desenvolver lacunas necessárias para o desenvolvimento da história. E assim leva o público a muitos acontecimentos que parecem definitivos para desmistificá-los em seguida.
Como parte da trama se desenvolve na pré-adolescência, a obra flerta com o fantástico e mantém a dúvida se tais acontecimentos, que seriam de difícil aceitação no mundo real, são parte da criatividade da infância ou uma maneira pela qual os jovens retiveram na memória momentos traumáticos, afinal, o tempo transforma a fluidez da memória. As personagens não são poupadas da violência do mundo e de mudanças internas e físicas em si, descobrindo sentimentos universais.
A sensibilidade é conduzida no interior da história, nos acontecimentos que entrelaçam a amizade e que dão sustentação à amizade do trio, em parte porque o apelo é universal e depende do leitor para a projeção de sua própria infância diante das aventuras das personagens. O autor equilibra pontualmente o lado dramático, conduzindo a história pouco a pouco a cada capítulo, enquanto narra os conflitos dos amigos tanto nesta fase pré-adolescente quanto na adulta, mantendo uma continuidade das histórias pessoais.
Representante da nova safra de escritores latino-americanos, a estreia de Axat em terras brasileiras é significativa e sua obra merece ser continuada no país. De acordo com o site de seu editor na Argentina, os direitos do novo romance do escritor já possuem editora brasileira.
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