The Visit, de M. Night Shyamalan
Provavelmente, desde Michael Cimino que Hollywood não testemunha uma ascensão e queda tão vertiginosa quanto a de M. Night Shyamalan. O indo-americano havia produzido dois longas (“Praying with Anger” e “Olhos Abertos”) que ninguém viu e abalou as estruturas do cinema com “O Sexto Sentido”. Os sucessos posteriores de “Corpo Fechado” e “Sinais” o tornaram capa da revista Newsweek, onde se lê a chamada “The Next Spielberg”, o próximo Steven Spielberg. Hoje, a previsão é encarada como uma piada quase tão hilária quanto os últimos filmes do diretor.
Se a fábula “A Dama na Água” e o mistério ecológico “Fim dos Tempos” ainda é defendido com fervor por alguns fãs, o mesmo não pode ser dito sobre os desastres fantásticos “O Último Mestre do Ar” (adaptação da minissérie animada “Avatar”) e “Depois da Terra”. Neste ano, Shyamalan parece finalmente ensaiar uma volta por cima, lidando com projetos menores após a rejeição dos grandes estúdios. Investiu na tevê como produtor executivo de “Wayward Pines”, com uma temporada de 10 episódios com boas críticas – ele próprio dirigiu o piloto. Com “A Visita”, consegue o feito de ter um dos lançamentos mais lucrativos do ano.
Com o desejo de retomar o controle criativo de seus filmes, Shyamalan produziu “A Visita” quase na surdina, com o orçamento minúsculo de 5 milhões de dólares e dentro da estética do found footage. Na história, Becca (Olivia DeJonge) e Tyler (Ed Oxenbould) são irmãos enviados pela mãe (Kathryn Hahn) para a casa dos avós (Deanna Dunagan e Peter McRobbie), pois ela passa por um período delicado e decide entrar em férias para relaxar um pouco.
Becca e Tyler têm conhecimento das desavenças que a mãe deles passou com os seus avós ao abandoná-los ainda na juventude, o que já estabelece certa tensão quando eles chegam por conta própria na casa deles. Amáveis, Nana e Pop Pop sequer se incomodam com o fato de Becca trazer consigo uma câmera para a realização de um documentário – ela tem o desejo de atuar profissionalmente como uma diretora quando mais velha. Os problemas se concentram nos hábitos estranhos desse casal de idosos, ainda mais sinistros no curso da noite.
Como em seus grandes filmes, M. Night Shyamalan confere em “A Visita” as suas maiores virtudes como diretor e roteirista. Como poucos, constrói uma linha progressiva de tensão com ameaças palpáveis. Também extrai o melhor de seu elenco, com destaque especial para Ed Oxenbould, Kathryn Hahn e a assustadora Deanna Dunagan. Só não vai mais adiante justamente pelo formato, que parece aprisioná-lo no desenrolar de alguns acontecimentos que seriam ainda mais assustadores caso a câmera tivesse posicionada em um ponto mais privilegiado.
Não poderia faltar a “reviravolta Shyamalan”, aquela que desconcerta o público ao pegá-lo totalmente desprevenido diante de uma revelação difícil de se antecipar. Felizmente, ela vem carregada com uma brutalidade arrepiante e com um discurso contundente e emotivo sobre famílias destroçadas, tema caro na filmografia de Shyamalan. Ressalvas à parte, é um belo retorno à boa forma.
The Visit, de M. Night Shyamalan
Provavelmente, desde Michael Cimino que Hollywood não testemunha uma ascensão e queda tão vertiginosa quanto a de M. Night Shyamalan. O indo-americano havia produzido dois longas (“Praying with Anger” e “Olhos Abertos”) que ninguém viu e abalou as estruturas do cinema com “O Sexto Sentido”. Os sucessos posteriores de “Corpo Fechado” e “Sinais” o tornaram capa da revista Newsweek, onde se lê a chamada “The Next Spielberg”, o próximo Steven Spielberg. Hoje, a previsão é encarada como uma piada quase tão hilária quanto os últimos filmes do diretor.
Se a fábula “A Dama na Água” e o mistério ecológico “Fim dos Tempos” ainda é defendido com fervor por alguns fãs, o mesmo não pode ser dito sobre os desastres fantásticos “O Último Mestre do Ar” (adaptação da minissérie animada “Avatar”) e “Depois da Terra”. Neste ano, Shyamalan parece finalmente ensaiar uma volta por cima, lidando com projetos menores após a rejeição dos grandes estúdios. Investiu na tevê como produtor executivo de “Wayward Pines”, com uma temporada de 10 episódios com boas críticas – ele próprio dirigiu o piloto. Com “A Visita”, consegue o feito de ter um dos lançamentos mais lucrativos do ano.
Com o desejo de retomar o controle criativo de seus filmes, Shyamalan produziu “A Visita” quase na surdina, com o orçamento minúsculo de 5 milhões de dólares e dentro da estética do found footage. Na história, Becca (Olivia DeJonge) e Tyler (Ed Oxenbould) são irmãos enviados pela mãe (Kathryn Hahn) para a casa dos avós (Deanna Dunagan e Peter McRobbie), pois ela passa por um período delicado e decide entrar em férias para relaxar um pouco.
Becca e Tyler têm conhecimento das desavenças que a mãe deles passou com os seus avós ao abandoná-los ainda na juventude, o que já estabelece certa tensão quando eles chegam por conta própria na casa deles. Amáveis, Nana e Pop Pop sequer se incomodam com o fato de Becca trazer consigo uma câmera para a realização de um documentário – ela tem o desejo de atuar profissionalmente como uma diretora quando mais velha. Os problemas se concentram nos hábitos estranhos desse casal de idosos, ainda mais sinistros no curso da noite.
Como em seus grandes filmes, M. Night Shyamalan confere em “A Visita” as suas maiores virtudes como diretor e roteirista. Como poucos, constrói uma linha progressiva de tensão com ameaças palpáveis. Também extrai o melhor de seu elenco, com destaque especial para Ed Oxenbould, Kathryn Hahn e a assustadora Deanna Dunagan. Só não vai mais adiante justamente pelo formato, que parece aprisioná-lo no desenrolar de alguns acontecimentos que seriam ainda mais assustadores caso a câmera tivesse posicionada em um ponto mais privilegiado.
Não poderia faltar a “reviravolta Shyamalan”, aquela que desconcerta o público ao pegá-lo totalmente desprevenido diante de uma revelação difícil de se antecipar. Felizmente, ela vem carregada com uma brutalidade arrepiante e com um discurso contundente e emotivo sobre famílias destroçadas, tema caro na filmografia de Shyamalan. Ressalvas à parte, é um belo retorno à boa forma.
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