Im Labyrinth des Schweigens, de Giulio Ricciarelli
.:: 39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo ::.
Devastada após a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha ainda era envolta a uma expectativa de reparação pelos danos causados pelo seu líder político. Aos civis alemães desvinculados dos conflitos, restaram as ruínas e a vergonha. No desejo de reconstrução, vem timidamente alguns agentes conscientes do papel social em punir os aliados que promoveram um dos episódios mais brutais da história.
Com um currículo preenchido com dezenas de créditos como ator secundário em produções sem grande expressão, o italiano Giulio Ricciarelli faz o seu debut na direção de longa-metragem em uma produção integralmente alemã que mais parece um documento de correção histórica. O galã Alexander Fehling (que esteve em “Bastardos Inglórios”) surge como Johann Radmann, jovem promotor que usa a sua presunção em favor de uma luta contra todos os nazistas que vivem na surdina após os 15 anos do fim da Segunda Guerra.
A investigação é motivada a partir do ponto em que o jornalista Thomas Gnielka (André Szymanski) desmascara um professor que outrora atuava em um campo de concentração. Claro que é só o início de um processo de revelar lobos em peles de cordeiros e Johann não resistirá somente às pressões de gabinetes cheios de documentos que o auxiliarão na busca de velhos criminosos, como também por um círculo de desafetos que querem enterrar o passado sem que isso interfira em suas ideologias monstruosas.
Ainda que “Labirinto de Mentiras” disponha de um material que pode ser narrado confortavelmente em uma duração de duas horas, o trabalho da montadora Andrea Mertens ganha um realce especial quanto ao ritmo quase frenético que confere no curso do drama. Aproxima-se assim de “O Jogo da Imitação”, no sentido de como processa grandes momentos dramáticos.
Depoimentos de vítimas são intercalados com recortes da busca frenética de Johann pelos respectivos algozes. Há até mesmo algumas soluções que explicitam o lado saudavelmente cafajeste do protagonista, como as primeiras investidas românticas na costureira Marlene (Friederike Becht) ou na abordagem cômica de homens que terão de responder pelos seus atos passados. Um esforço extremamente acadêmico, promovendo por meio da arte o desespero de uma nação em se redimir da mancha que ainda carrega.
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