ISBN: 9788576572183
Tradução: Carolina Caires Coelho
Ano de Lançamento: 2015
Número de Páginas: 368
Editora: Aleph
Classificação: ♥♥♥♥♥
★ Favoritado!
Ano de Lançamento: 2015
Número de Páginas: 368
Editora: Aleph
Classificação: ♥♥♥♥♥
★ Favoritado!
Em meio a uma forte tensão política internacional, os Estados Unidos sofrem um grande ataque cibernético: todos os meios de comunicação começam a falhar. Ao mesmo tempo, uma forte tempestade de neve assola a cidade de Nova York, e uma possível epidemia de gripe aviária parece se aproximar. Presos na cidade e quase sem contato com o resto do mundo, os moradores de repente se veem imersos em um cenário verdadeiramente apocalíptico. Enquanto rumores e especulações correm sobre a origem desses ataques, Mike Mitchell se concentra em questões que para ele parecem mais urgentes. A crise o atingiu em um momento crítico de sua vida, complicando seus já confusos problemas pessoais e financeiros. Agora, sua prioridade é manter a família unida e viva no crescente caos que se forma a sua volta.
Matthew Mather é um entusiasta de tecnologia (aliás, quem não o é hoje em dia?), tendo trabalhado com segurança de computadores, criação de games, nanotecnologia e até sistemas de inteligência social. É autor de mais três livros, além de Cyberstorm: The Atopia Chronicles (2014), Darknet (2015) e Nomad (vol.01 - 2015); ainda inéditos no Brasil.
Depois de ler Cyberstorm, fiquei empolgada para ler os outros livros do autor, principalmente The Atopia Chroniclesque parece ter um enfoque bem atual que preocupa muitos estudiosos e dirigentes no mundo todo: a superpopulação global. Faço votos de que a Editora Aleph, que tem publicado ótimos títulos, traga os outros livros de Matthew Mather para cá também.
Cyberstorm começa como um daqueles seriados de TV sobre família e amigos, cujo enfoque parece voltado para o drama familiar e social. Mas logo mais adiante, quando a neve começa a cair e a energia elétrica acaba de súbito, fica provado que Matthew Mather tem outro propósito para o seu romance de estreia.
O interessante de Cybertorm, e talvez esse seja o principal mérito do livro, é que tudo o que se passa nele é crível de acontecer. De ficção mesmo o livro tem o fato de que se trata de uma história fictícia. Intrinsecamente, Cyberstorm é uma realidade nua e crua do mundo moderno que vivemos hoje e que pode acabar hoje à noite! Você acha isso difícil de acontecer?
Matthew Mather nos prova que não é impossível. Nosso "Mundo Moderno" está completamente submerso em tecnologia: computadores e mais computadores estão dominando as nossas vidas. Um exemplo disso é o Whatsapp, não é mesmo? Agora, imaginem se isso acaba de um instante para o outro: assim, de repente! Zap! Foi-se! A tecnologia faliu; acabou, ruiu… como é que nós iríamos nos virar sem os nossos benditos celulares, computadores, videogames… Mas não é só de Whatsapp que vive o homem! E os carros, a maioria deles hoje em dia tem computador de bordo controlando quase tudo; e a eletricidade, já que as usinas hidrelétricas e outras geradoras de energia, dependem dos computadores; e os controladores de tráfego aéreo, metroviário e rodoviário. Tudo, absolutamente tudo, está interligado a tudo através dos computadores.
E é aí que Matthew Mather entra com sua trama assustadora. Nas vésperas do Natal Novaiorquino, sob nevasca, duas famílias vivendo num prédio e os vizinhos do andar onde moram, serão levados a prova máxima de sobrevivência através da criatividade, tolerância, fé, desapego, amor, abandono, solidão e morte pela fome, frio, doença e pela violência humana.
Em segundo plano, Matthew cria um clima de pré-apocalipse com uma possível guerra nuclear entre Estados Unidos e a China, além de rumores de ataques cyberterroristas. O interessante é ninguém sabe dizer se isso está acontecendo de fato ou não. Tudo surge através da internet, pelo celular e pelo computador. Há muita boataria e poucas respostas.
Obviamente, num clima de incertezas como essa, o povo novaiorquino tenta reagir de forma ordeira e civilizada, no começo. Seguindo recomendações das autoridades, todos devem permanecer dentro de suas casas, o mais aquecidos possível. Acontece que a falta de energia elétrica, a queda nas comunicações, aliada a falta de informações e ao frio intenso, a população não vai permanecer quieta por muito tempo.
A medida em que a trama avança, intensificando-se o frio e, paralelamente, o drama vivido pelo casal Mike e Lauren, e seu filhinho Luke; e Chuck e Susie, e a pequena filhinha deles, Cyberstorm vai se tornando um pesadelo apavorante, de proporções asfixiantes. Confesso que em vários momentos rui as unhas até quase o toco, tamanha a aflição que o autor consegue nos passar ao descrever algumas cenas – a meu ver, bastante fortes e chocantes –, em que a natureza humana é provada no seu limite máximo.
Cyberstorm prova que nós, sem os cosméticos, as roupas de grife, a tecnologia facilitária e, algumas vezes inútil, carros, telefones, casa confortável e vida mundana, o ser humano não é nada. Somos atirados de cabeça para baixo dentro de um buraco, que mais se parece com uma caverna, onde o ser primitivo que ainda não está extinto em nós aflora com toda a sua covardia e bestialidade.
Mas Cyberstorm não tem só um lado sombrio a nos revelar. Aproveitando essa perspectiva tenebrosa, Matthew Mather destila de seu romance o que o Homem de Bem tem de melhor para oferecer: amor, bondade, fraternidade, tolerância, amizade, solidariedade, caridade, afeto, perdão, honestidade, fé… são algumas das virtudes que o colapso cibernético proporciona na figura de Mike, Lauren, Chuck, Susie e Tony – meus personagens favoritos!
Este livro é o evangelho do mundo tecnológico e virtual, dominado pelo egoísmo e a ilusão, cuja premissa é maximizar a vida humana, minimizando-lhe os esforços, criando, para tanto, seres embrutecidos mentalmente que só pensam em si mesmo e nas facilidades dos seus desejos imediatos. Desta forma, Cyberstorm mostra que estamos nos viciando por um mundo irreal que não nos torna melhores ou mais úteis, mas apenas prova o quão fracos moral e espiritualmente nós estamos nos tornando, dependentes de algo que, amanhã, pode nos deixar na mão. A tecnologia é essencial e fundamental – e nos dias de hoje, tornou-se um meio de vida para muitos – mas não é o fim último e, muito menos ainda, a essência de nossa humanidade.
Eu amei o livro, principalmente a ótima lição de vida moral que a história tem para nos oferecer, e pelos ótimos personagens. Matthew Mather sabe escrever sobre seres humanos, e sua história é de ser humano para os que pretende sê-lo algum dia! Recomendadíssimo! Favoritado! Boa leitura!
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