por : Marcello Alves de Macedo
.Deus branco, ou White God do original, é uma produção húngara que estréia dia 25 de fevereiro. Dirigido por Kornél Mundruczó, para quem tem coração forte e gosta de filmes bem estilo cinema europeu, mais “crus”, interpretativos e com uma certa simbologia diferente. Como quase todo filme com animais no tema, white god é um drama com suspense por vezes difícil de assistir para quem gosta e defende a “causa” dos cãezinhos sem raça, porém nota-se a importância e conscientização que o filme traz. O longa se passa em nossa realidade porém tem um pouco de ficção.
Na história, talvez passada num futuro próximo ou simplesmente numa distopia, uma nova lei vigora, em que os cães sem raça, ou “vira-latas” tem que ser registrados e deve se pagar um imposto ou taxa por eles, como se fossem “proibidos”, do contrário, vão para um abrigo. Lili tem 13 anos, pais separados, e um cão chamado Hagen, provavelmente adotado recentemente, sua mãe precisa fazer uma grande viagem de negócios que durará 3 meses e Lili não tem outra opção senão ficar com seu pai Daniél, que ela parece não ter muito contato ou afeto por. De cara nota-se que Daniél é uma pessoa mais fechada, não é chegado em cães e não quer ficar com Hagen em casa. Os vizinhos de Daniél que também não gostam da ideia de um cachorro na vizinhança logo o denunciam e Lili numa grande briga com o pai opta por deixar Hagen na rua, entre isso ou o abrigo em que o cão de certo morreria. A partir dai o filme se torna desesperador, mostrando Lili desolada, fazendo de tudo para achar seu cão, escapando de casa para busca-lo, e ainda assim tentando continuar sua vida com seu pai. E Hagen em sua busca por quem o abandonou, passando por varias situações que embora mostradas num filme de “ficção”, são bem reais para muitos cães, principalmente vira-latas. A jornada de Hagen o faz passar por situações terríveis e encontrar pessoas mais terríveis ainda, transformando sua busca não mais por paz, mas sim por vingança, e o fazendo encontrar mais companheiros caninos nessa história dramática e com clara metáfora do oprimido e opressor na sociedade. Obviamente é importante saber se durante o filme animais foram mal tratados ou feridos (por incrível que pareça tem filmes que não ligam muito pra isso!), e a resposta é não. Apesar de nos transportar para uma realidade bem cruel com cenas bem feitas, o longa parece se importar em dar a entender ate mesmo nas partes de violência mais gráfica, que nenhum cão se feriu de verdade. Uma curiosidade interessante sobre Deus branco é que Hagen, o cão labrador estrela, ganhou a Palm dog no festival de Cannes como o melhor cão atuando num filme, e de acordo com informações do próprio diretor, todos os cães do filme vieram da sociedade protetora dos animais e foram adotados ao final da produção. Deus branco por vezes incomoda e entristece, mas além de ter uma trama ótima e uma fotografia e trabalho de câmeras marcante, nos provoca aquele vazio que faz refletir sobre algo importante.
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