terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

CRÍTICA DE FILME | DEUS BRANCO (WHITE GOD)


por  : Marcello Alves de Macedo

.Deus branco, ou White God do original, é uma produção húngara que estréia dia 25 de fevereiro. Dirigido por Kornél Mundruczó, para quem tem coração forte e gosta de filmes bem estilo cinema europeu, mais “crus”, interpretativos e com uma certa simbologia diferente. Como quase todo filme com animais no tema, white god é um drama com suspense por vezes difícil de assistir para quem gosta e defende a “causa” dos cãezinhos sem raça, porém nota-se a importância e conscientização que o filme traz. O longa se passa em nossa realidade porém tem um pouco de ficção.  
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Na história, talvez passada num futuro próximo ou simplesmente numa distopia, uma nova lei vigora, em que os cães sem raça, ou “vira-latas” tem que ser registrados e deve se pagar um imposto ou taxa por eles, como se fossem “proibidos”, do contrário, vão para um abrigo. Lili tem 13 anos, pais separados, e um cão chamado Hagen, provavelmente adotado recentemente, sua mãe precisa fazer uma grande viagem de negócios que durará 3 meses e Lili não tem outra opção senão ficar com seu pai Daniél, que ela parece não ter muito contato ou afeto por. De cara nota-se que Daniél é uma pessoa mais fechada, não é chegado em cães e não quer ficar com Hagen em casa. Os vizinhos de Daniél que também não gostam da ideia de um cachorro na vizinhança logo o denunciam e Lili numa grande briga com o pai opta por deixar Hagen na rua, entre isso ou o abrigo em que o cão de certo morreria. A partir dai o filme se torna desesperador, mostrando Lili desolada, fazendo de tudo para achar seu cão, escapando de casa para busca-lo, e ainda assim tentando continuar sua vida com seu pai. E Hagen em sua busca por quem o abandonou, passando por varias situações que embora mostradas num filme de “ficção”, são bem reais para muitos cães, principalmente vira-latas. A jornada de Hagen o faz passar por situações terríveis e encontrar pessoas mais terríveis ainda, transformando sua busca não mais por paz, mas sim por vingança, e o fazendo encontrar mais companheiros caninos nessa história dramática e com clara metáfora do oprimido e opressor na sociedade. Obviamente é importante saber se durante o filme animais foram mal tratados ou feridos (por incrível que pareça tem filmes que não ligam muito pra isso!), e a resposta é não. Apesar de nos transportar para uma realidade bem cruel com cenas bem feitas, o longa parece se importar em dar a entender ate mesmo nas partes de violência mais gráfica, que nenhum cão se feriu de verdade. Uma curiosidade interessante sobre Deus branco é que Hagen, o cão labrador estrela, ganhou a Palm dog no festival de Cannes como o melhor cão atuando num filme, e de acordo com informações do próprio diretor, todos os cães do filme vieram da sociedade protetora dos animais e foram adotados ao final da produção. Deus branco por vezes incomoda e entristece, mas além de ter uma trama ótima e uma fotografia e trabalho de câmeras marcante, nos provoca aquele vazio que faz refletir sobre algo importante.
 

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