Far from the Madding Crowd, de Thomas Vinterberg
Quando tinha 26 anos, Thomas Vinterberg idealizou com Lars von Trier o movimento Dogma 95. Com “Festa de Família”, fez um filme superior ao do amigo, “Os Idiotas”, tendo o seu nome imediatamente propagado mundo afora. Passou dez anos rodando projetos inexpressivos e distantes da promessa anunciada a partir do Festival de Cannes. Recuperou o prestígio com “Submarino”, um drama familiar extremamente amargo.
Avaliando a filmografia do dinamarquês, que inclui “A Caça”, drama controverso de 2012 protagonizado por Mads Mikkelsen, não é fácil aproximá-lo de “Longe Deste Insensato Mundo”, romance de Thomas Hardy publicado em 1874. Trata-se de uma questão de visão sobre o material, um modelo consagrado de obra literária que costuma seduzir realizadores britânicos.
Contrariando as expectativas, Vinterberg não apenas compreende muito bem o texto adaptado por David Nicholls (autor de “Um Dia”), como lhe confere um tratamento que o aproxima da contemporaneidade. Faz um filme extremamente passional e acompanha a quebra de convenções de sua Bathsheba Everdene (Carey Mulligan) com alusões ao modelo de mulher defendido em nossa atualidade.
Bathsheba é pedida em casamento pelo solitário criador de ovelhas Gabriel Oak (Matthias Schoenaerts, ator bruto comovente em um papel sensível). Declinando a oferta, a sorte imediatamente sorri para ela enquanto o azar força ele a recomeçar a vida. Isso porque Bathsheba é comunicada que herdou de um tio falecido a fazenda que mantinha na cidade ao mesmo tempo em que Gabriel tem todo o seu rebanho morto em um incidente.
Tais consequências permitem o reencontro entre ambos, agora com Bathsheba na condição de patroa e Gabriel como seu empregado. Os papéis impedem que ele refaça a sua proposta de união. Além disso, novos pretendentes surgem para intimidá-lo, como o distinto William Boldwood (Michael Sheen) e o sargento Francis Troy (Tom Sturridge), este abalado ao ser esquecido no altar da igreja por Fanny Robbin (Juno Temple).
Ainda que Thomas Vinterberg não tenha muito o que fazer quanto ao excesso de acasos desenhados por Thomas Hardy, ele faz questão de entregar a sua versão em inglês de “Longe Deste Insensato Mundo” sem abrir mão da parceria indispensável com a sua diretora de fotografia Charlotte Bruus Christensen. O uso de câmera na mão faz irromper uma série de emoções que seriam captadas sem a mesma eficácia com a formalidade dos planos fixos.
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