“Foi isso que fiz a vida inteira: eu mudo o final de todas as histórias, eu faço com as histórias o que vem entendo.”
Olá leitores do Sobre Livros! Esta é a nona de dez resenhas muito especiais que estou publicando esse semestre. Meu professor Ricardo Barberena, da disciplina Teorias Contemporâneas da Literatura propôs um momento muito divertido para os debates literários da turma. Foram escolhidas 10 obras da literatura nacional contemporânea, divididos por 5 partidas. Cada grupo de alunos deverá defender um livro respeitando o regulamento da competição. Eis que surge o Brasileirão da Literatura Contemporânea!
Todos da turma devem ler todos os livros, afinal a torcida é convocada pelo juiz a dizer que grupo venceu a partida. Veja mais detalhes do Brasileirão nesse link. Assim, vou apresentar para vocês a minha opinião sobre as leituras debatidas – opinião de leitora, não de jogadora do Brasileirão, ok?
Música anterior é o primeiro romance do autor gaúcho Michel Laub, publicado em 2001. Laub nasceu em 1973 e se formou em direito e jornalismo. Atualmente vive em São Paulo.
Li Música anterior em uma noite, é um livro bem curto, além de ter uma narrativa envolvente. Quando menos se espera… ops! Cabô o livro. E apesar de apreciar muito narrativas fluídas, Música anterior peca ao não aproveitar o material proposto. Acredito que a ideia é muito boa, mas o autor podia ter trabalhado um pouco mais para desenvolvê-la.
O livro acompanha os conflitos interiores de um juiz. Casado há alguns anos, ele relembra vários momentos de sua vida para compreender sua realidade, e principalmente, a digerir a constatação que ele e sua mulher não poderão ter filhos.
Conhecemos seu irmão, médico, casado e que conseguiu ter um filho. O livro abre-se contanto como foi a primeira vez que o irmão mais velho leva o caçula a uma casa de prostituição. Fiquei me perguntando o que essa cena trouxe para o enredo, e só consegui uma resposta – foi uma forma de conquistar a atenção do leitor.
Durante a narrativa também conhecemos Luciano, acusado de estuprar uma garotinha na festa de aniversário de sua própria filha. Outro elemento perturbador, que não é explorado. Conhecemos apenas aquilo que o Juiz imaginou, o que ele supôs sobre o caso, já que para julgar um caso ele deve se ater aos elementos levantados na instrução do processo.
Enfim… Toda a narrativa apresenta as reflexões e pensamentos desse juiz que busca compreender a si mesmo e a digerir a impossibilidade de ter filhos. Apesar do tema ser rico, não me apeguei aos personagens, terminei de ler o livro da mesma maneira que comecei – eu gosto dos livros que me modificam, que de alguma maneira alteram a forma como eu penso e vivo.
Essa é uma publicação da Companhia das Letras, que está muito bem diagramada e editada. Indico a leitura para aqueles que estão buscando narrativas intimistas. Boa leitura!
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